O que vem por aí para Jadon Sancho? As opções para o refugo de Chelsea e Manchester United

O surgimento de uma cláusula de rescisão no contrato de empréstimo com opção de compra entre Chelsea e Manchester United, em março — justamente em meio a um período em que Jadon Sancho não marcava gols nem dava assistências desde o início de janeiro — lançou dúvidas imediatas sobre o futuro do atacante. Ainda assim, relatos indicavam que os Blues continuavam inclinados a mantê-lo no elenco.

Sancho voltou a se destacar na reta final da temporada, especialmente na Conference League. Após marcar um gol na vitória por 4 a 1 sobre o Real Betis na decisão do torneio, em Wroclaw, parecia que o Chelsea havia sido convencido a exercer a cláusula de compra. A obrigação de pagar £25 milhões (R$ 188 milhões) ainda era vista como um bom negócio, considerando o cenário atual do mercado.

No entanto, foi justamente nas negociações para a transferência definitiva que tudo desandou. O Chelsea não conseguiu chegar a um acordo sobre os termos pessoais com Sancho e seus representantes, o que resultou em um fim abrupto para sua passagem por Londres. O clube ainda teve que arcar com uma multa de £5 milhões (R$ 37,6 milhões) para devolvê-lo ao Manchester United.

Essa dificuldade está, sem dúvida, ligada aos salários supostamente na casa das £300 mil (R$ 2,2 milhões) por semana que o jogador recebe em Old Trafford — embora tenha sido relatado que ele aceitou uma redução salarial para viabilizar o empréstimo em agosto do ano passado.

O legado de Sancho no Chelsea é difícil de definir. Sua passagem durou apenas uma temporada e foi marcada pela irregularidade, o que contrasta com o início promissor em Stamford Bridge: ele registrou quatro assistências nas três primeiras rodadas da Premier League e somou seis participações diretas em gols nos primeiros nove jogos pela liga.

Naquele momento, os Blues chegaram a ocupar a vice-liderança da tabela, mas tanto Sancho quanto grande parte do elenco comandado por Enzo Maresca pareceram sofrer uma queda de confiança coletiva, com o rendimento despencando drasticamente. O ponta inglês marcou apenas mais um gol na Premier League a partir de dezembro e terminou a campanha de forma discreta.

Apesar disso, sua ética de trabalho, boa postura e desempenho nas competições europeias o tornaram uma figura querida entre os torcedores e a comissão técnica. “Se terminamos em quarto, é por causa do Jadon. Se vencemos esta noite, é por causa do Jadon”, declarou Maresca após a conquista da Conference League. “Durante a temporada, todos têm altos e baixos — isso faz parte do jogo.”

Fora do clube, no entanto, as opiniões foram mais duras. “Para mim, Jadon Sancho no Chelsea foi um fracasso. Ele teve a chance de jogar em um grande clube e mostrar do que era capaz, mas não aproveitou”, criticou o ex-zagueiro dos Blues, William Gallas, ao Prime Casino.

Apesar das críticas ao seu desempenho em Stamford Bridge, é justo dizer que Sancho não comprometeu sua reputação durante o período em que esteve de volta à Inglaterra. Ainda que discreta, sua passagem foi estável e terminou em alta, com um gol na vitória do Chelsea na final da Conference League.

Sua mensagem de despedida ao clube refletiu esse sentimento: o atacante expressou gratidão pela chance de atuar com regularidade na Premier League e pela oportunidade de retomar o rumo da carreira, após uma boa meia temporada pelo Borussia Dortmund em 2023/24.

“Grato pela experiência”, escreveu o ponta nas redes sociais. “Muito amor para todos no Chelsea que me fizeram sentir em casa — companheiros de equipe, comissão técnica e torcedores. Desejo ao clube tudo de melhor no futuro. Verdadeiramente grato. Obrigado, Blues.”

Sancho pode não ter encantado o mundo durante sua passagem por Stamford Bridge, mas agora tem algo concreto sobre o que construir em seu próximo destino — seja ele qual for.

A definição sobre onde Sancho dará continuidade à carreira é uma questão que o Manchester United, em especial, deseja resolver o quanto antes. Mesmo com a saída de Erik ten Hag e a chegada de Rúben Amorim ao comando técnico, é altamente improvável que o atacante permaneça em Old Trafford.

De fato, relatos indicam que Amorim — cuja formação preferida, o 3-4-3, não costuma utilizar pontas tradicionais — não tem planos de reintegrar Sancho ao elenco. O clube já contratou Matheus Cunha, do Wolverhampton, para atuar como um camisa 10 mais móvel, e tudo indica que Bryan Mbeumo, do Brentford, também está a caminho.

O United está determinado a encontrar uma solução definitiva ainda nesta janela do meio do ano, já que Sancho entra em seu último ano de contrato. Um novo empréstimo — algo que o jogador estaria disposto a considerar — abriria margem para uma saída gratuita em 2026, algo impensável diante do investimento de £73 milhões (R$551 milhões) feito pelo clube em 2021.

Felizmente para o Manchester United, Sancho parece ter feito o suficiente no Chelsea para atrair interesse considerável no mercado. Os Red Devils esperam recuperar uma quantia próxima às £25 milhões (R$188 milhões) que haviam acordado com os Blues antes do retorno antecipado do jogador a Old Trafford.

Uma possibilidade interessante seria seguir os passos de outro nome fora dos planos em Manchester: Marcus Rashford. O atacante pode estar a caminho do Aston Villa, onde, ironicamente, substituiria o próprio companheiro de clube, alvo do Barcelona após uma passagem de destaque em Villa Park.

Permanecer na Premier League, em um clube com menos pressão do que os tradicionais integrantes do "Big Six", pode ser uma solução positiva para Sancho. O sucesso de Rashford longe dos holofotes certamente reforça esse cenário. Caso consiga o que deseja e seja emprestado novamente, Sancho poderia abrir caminho para uma saída definitiva quando seu alto salário no United deixar de ser um entrave.

Desde que despontou como um jovem promissor no Borussia Dortmund, Sancho sempre pareceu mais à vontade no futebol alemão do que em qualquer outro lugar. O estilo baseado em transições rápidas, alta intensidade e defesas mais vulneráveis se ajusta perfeitamente às suas características.

Se um retorno à Bundesliga está realmente nos planos, ainda não está claro. Ao que tudo indica, o Dortmund não pretende repatriá-lo para uma terceira passagem. No entanto, a possível saída de Jamie Bynoe-Gittens para o Chelsea, ironicamente, para preencher a lacuna deixada por Sancho, pode mudar o cenário.

O United ainda deve cerca de £17 milhões (R$129 milhões) ao Dortmund, referentes à taxa de transferência paga em 2021. Assim, uma negociação envolvendo abatimento dessa dívida poderia facilitar um eventual acordo, caso o clube alemão reconsidere sua posição.

O Bayer Leverkusen, vice-campeão alemão, chegou a ser apontado como interessado em Sancho. No entanto, a nomeação de Erik ten Hag como sucessor de Xabi Alonso no comando da equipe parece ter encerrado essa possibilidade.

Fora da Alemanha, gigantes da Serie A como Napoli e Milan estariam monitorando a situação do atacante. O interesse pode ter sido incentivado pelo bom desempenho recente de outro ex-Manchester United, Scott McTominay. Ainda assim, é difícil saber, neste momento, o quão concretas são essas sondagens.

Atualmente, sempre que um jogador de renome está disponível no mercado, os clubes do Campeonato Saudita, com seus recursos financeiros abundantes, aparecem como candidatos fortes para a contratação. Informações indicam que o Estado do Golfo é o destino mais provável para Sancho neste verão europeu, especialmente agora que ele retornou ao seu clube de origem. Grandes equipes como Al Hilal, Al Ittihad e Al Nassr — clube de Cristiano Ronaldo — estão todas interessadas no inglês, que certamente manteria seu salário elevado no Oriente Médio.

Porém, Sancho terá que refletir sobre seu objetivo final. Mudar-se para a Arábia Saudita aos 25 anos, quando ainda está, em teoria, no auge da carreira, representa uma grande aposta. Ele corre o risco de cair no esquecimento mesmo que tenha boas atuações por lá, e o alto salário pode dificultar um eventual retorno à Europa no futuro.