Nemanja Matic estava certo? André Onana e a lista dos piores goleiros da história do Manchester United

Foster foi um projeto de longo prazo idealizado por Sir Alex Ferguson que, no fim das contas, não deu certo. Embora esteja longe de ser um desastre em comparação com outros goleiros desta lista, ele teve a chance de se tornar o primeiro titular inglês do Manchester United na era da Premier League — e não conseguiu aproveitá-la.

Como reserva de Edwin van der Sar por duas temporadas, seu momento de destaque veio na conquista da Copa da Liga de 2009, após uma vitória nos pênaltis sobre o Tottenham. Com uma lesão do veterano holandês no início da temporada seguinte, Foster teve uma oportunidade de ouro para mostrar que merecia a vaga de titular. No entanto, erros decisivos contra Arsenal, Manchester City e Sunderland acabaram comprometendo sua posição. Assim que Van der Sar se recuperou completamente, Foster foi retirado do time titular e, ao fim daquela temporada, deixou o clube.

O australiano pode se gabar de ser o único jogador contratado por Sir Alex Ferguson em duas ocasiões. Ele fez duas aparições pelo Manchester United antes da era Premier League, mas acabou voltando para a Austrália após o vencimento do visto. Mais tarde, já consolidado como um dos principais goleiros da liga pelo Aston Villa, Bosnich retornou a Old Trafford em 1999, após a saída de Peter Schmeichel.

Substituir o Grande Dinamarquês era uma missão complicada para qualquer um — e Bosnich não facilitou sua própria trajetória. Segundo Ferguson, ele era "um profissional terrível". Entre seus deslizes estavam atrasos de até três horas para os treinos e exageros na alimentação. Após uma partida contra o Wimbledon, o treinador afirmou que o goleiro comeu tudo o que havia no cardápio e, ao chegar em casa, ainda pediu comida chinesa para viagem.

Apesar disso, Bosnich foi o goleiro que mais atuou na primeira temporada do United após a saída de Schmeichel. O time conquistou o título da Premier League e também a Copa Intercontinental naquele ano. Na temporada seguinte, porém, ele não jogou e acabou se transferindo para o Chelsea em janeiro de 2001. Um ano depois, testou positivo para cocaína.

O goleiro americano era praticamente desconhecido na Inglaterra quando assinou com o Manchester United em 2003 — e, para ser sincero, nunca lidou bem com a pressão. Nos primeiros meses, Howard chegou a impressionar com defesas acrobáticas, mas tudo começou a desmoronar nas oitavas de final da Champions League, contra o Porto de José Mourinho. No fim daquela partida, ele deixou escapar uma cobrança de falta que caiu nos pés de Costinha, autor do gol que eliminou o United e provocou a icônica comemoração de Mourinho deslizando de joelhos no gramado de Old Trafford.

A confiança de Howard nunca mais foi a mesma. Nos 14 meses seguintes, iniciou-se uma disputa pela titularidade com Roy Carroll — e nenhum dos dois conseguiu convencer Ferguson de que era o nome certo para o gol. No fim, quem assumiu a posição foi Edwin van der Sar, contratado junto ao Fulham em 2005 e que se manteria como titular absoluto até sua aposentadoria, seis anos depois.

O goleiro norte-irlandês começou sua trajetória no Manchester United como reserva de Fabien Barthez e, eventualmente, conquistou a titularidade na temporada 2004/05, após vencer a disputa com Tim Howard.

Apesar disso, Carroll nunca chegou a se destacar verdadeiramente. Assim como seu concorrente americano, teve dificuldades para lidar com a pressão — especialmente na derrota para o Milan nas oitavas de final da Liga dos Campeões. Na final da Copa da Inglaterra de 2005, contra o Arsenal, também falhou em momento decisivo: não defendeu nenhum dos pênaltis na disputa que culminou na derrota do United.

Seu erro mais famoso, no entanto, não resultou em gol — ao menos oficialmente. Em um jogo contra o Tottenham, ele deixou escapar um chute de Pedro Mendes, que cruzou claramente a linha do gol. Carroll conseguiu afastar a bola em seguida, e, surpreendentemente, nem o árbitro nem o assistente viram o lance como gol. O erro da arbitragem não foi suficiente para salvar sua carreira em Old Trafford, e ele acabou liberado em maio de 2005.

Campeão do mundo e da Eurocopa com a França, muitos acreditavam que Fabien Barthez tinha a autoconfiança necessária para suceder Peter Schmeichel no gol do Manchester United. O problema é que ele talvez tivesse confiança demais. Seu período de três anos em Old Trafford é mais lembrado por entregar dois gols a Thierry Henry em uma derrota por 3 a 1 para o Arsenal — apenas um mês depois de cometer dois erros graves contra o Deportivo La Coruña.

Excêntrico como poucos, Barthez protagonizou lances que misturavam loucura e ousadia. Em uma ocasião, chegou a chutar Ian Harte, do Leeds, no rosto dentro da área, cedeu um pênalti — e, inacreditavelmente, não foi expulso, ainda defendendo a cobrança. Em outro momento memorável (e desastroso), tentou enganar Paolo Di Canio, do West Ham, levantando a mão e dizendo que o atacante estava impedido. Di Canio ignorou, marcou o gol e eliminou o United da Copa da Inglaterra.

Apesar de suas falhas, Barthez ajudou o clube a recuperar o título da Premier League em sua terceira temporada. No entanto, voltou a decepcionar nas quartas de final da Champions contra o Real Madrid, sofrendo três gols em cada uma das partidas. Depois disso, nunca mais atuou pelo United.

O goleiro espanhol teve um papel marcante ao atormentar o Manchester United em duas finais de Champions com o Barcelona. No entanto, três anos após a vitória catalã em Wembley, em 2011, ele se viu vestindo a camisa dos Red Devils.

Valdés, porém, nunca teve o United como primeira opção. Ele havia acertado com o Monaco após decidir não renovar com o Barça, mas o clube francês desistiu do negócio quando o goleiro sofreu uma grave lesão no joelho.

Sob o comando de Louis van Gaal — seu ex-treinador na equipe catalã —, o United abriu as portas para que ele concluísse a reabilitação e acabou oferecendo um contrato em janeiro de 2015. Mas a relação entre ambos rapidamente azedou. Valdés foi usado apenas duas vezes por Van Gaal, que o colocou na lista de transferências depois que o goleiro se recusou a atuar pelo time reserva. O técnico holandês foi direto: "Ele não segue a minha filosofia. Não há lugar para alguém assim."

Valdés deixou o Manchester United tendo jogado mais vezes contra o clube do que a favor.

O Manchester United contratou o experiente goleiro italiano Massimo Taibi em 1999 como uma solução emergencial após uma lesão de Mark Bosnich, pagando £4,5 milhões de libras ao Venezia — uma quantia considerável na época. No fim das contas, o clube pagou mais de £1 milhão de libras por cada uma das quatro partidas que ele disputou, em uma passagem que entrou para a história pelos motivos errados.

Sua estreia foi em Anfield e já começou com problemas: ele falhou ao tentar interceptar um cruzamento e permitiu que Sami Hyypiä abrisse o placar para o Liverpool. Por sorte, dois gols contra de Jamie Carragher salvaram o United, e Taibi acabou sendo eleito o Homem do Jogo.

Foi o ponto alto de sua curta trajetória. No jogo seguinte, um empate por 1 a 1 com o Wimbledon em Old Trafford, ele voltou a mostrar insegurança. Mas nada se comparou à partida seguinte, um empate por 3 a 3 contra o Southampton. Taibi protagonizou uma das falhas mais memoráveis da história da Premier League ao deixar um chute fraco de Matt Le Tissier passar por entre suas pernas.

A imprensa inglesa foi impiedosa — o jornal The Sun chegou a apelidá-lo de “O Veneziano Cego”. E o pior ainda estava por vir: uma goleada por 5 a 0 diante do Chelsea marcou sua última aparição pelo clube.

O goleiro camaronês André Onana foi contratado com a missão de solucionar a dificuldade do Manchester United em construir jogadas a partir da defesa. A ideia era transformar o time em uma equipe verdadeiramente confortável com a posse de bola, capaz de iniciar ataques desde a própria área. No entanto, seus passes e lançamentos mostraram-se apenas medianos, sem trazer benefícios concretos para o avanço do time. Ainda mais grave, sua maior deficiência foi justamente naquilo que mais se espera de um goleiro: defender o básico.

O alerta já havia sido dado em sua estreia em Old Trafford, quando levou um gol por cobertura do meio-campo, marcado por Florian Sotoca, do Lens. Na Champions, Onana cometeu erros graves em praticamente todos os jogos, sendo decisivo para a eliminação precoce do United, que terminou na lanterna de um grupo com Bayern de Munique, Copenhague e Galatasaray.

Houve uma breve melhora em seu desempenho, com destaque para defesas importantes na conquista da Copa da Inglaterrsa e dois milagres diante do Fenerbahce nesta temporada. Mas os pontos negativos superaram, de longe, os positivos. Onana é, sem dúvida, uma das maiores decepções da história recente do clube. Contratado por £47 milhões de libras, chegou com grande reputação após levar o Inter de Milão à final da Champions League.

Para muitos torcedores, o pior de tudo foi a forma como sua contratação simbolizou o desrespeito ao legado de David de Gea — goleiro com mais tempo de casa —, que teve sua oferta de renovação retirada. A ironia é cruel: enquanto os torcedores do United arrancavam os cabelos com as falhas de Onana em Lyon, De Gea vivia uma temporada brilhante com a Fiorentina, fazendo defesas heroicas contra o Celje na Liga Conferência, depois de um ano afastado dos gramados.