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What next for Man Utd? GFXGetty/GOAL

E agora, Manchester United? Futuro do clube entra em xeque após fracasso na final da Liga Europa

A derrota para o Tottenham na final da Liga Europa confirmou a pior temporada do Manchester United desde o rebaixamento em 1974 – e, de forma deprimente, ela ainda não acabou. Nem mesmo o jogo contra o Aston Villa, no domingo (25), encerrará esse ciclo. O United ainda corre o risco de terminar em 17º na Premier League, uma posição acima da zona de rebaixamento, atrás até do próprio Spurs.

Poucos dias depois do que promete ser uma despedida melancólica em Old Trafford, a equipe embarca para uma turnê de pós-temporada na Malásia e em Hong Kong, com o único objetivo de arrecadar mais dinheiro. A receita extra é necessária após a perda da vaga na Champions League e do cheque de £100 milhões de libras (R$ 650 milhões), mas atravessar o mundo parece o pior cenário possível para Ruben Amorim e seus jogadores após um desfecho tão desanimador.

O clima no voo de 14 horas para Kuala Lumpur tende a ser tenso, especialmente entre Amorim e Alejandro Garnacho, que demonstrou insatisfação por ter começado no banco na final em Bilbao e insinuou uma possível saída do clube. Kobbie Mainoo pode estar no mesmo caminho após entrar apenas nos acréscimos, enquanto Bruno Fernandes terá tempo de sobra para refletir sobre as ofertas milionárias da Arábia Saudita.

O próprio Amorim deve ter conversas importantes com o diretor executivo Omar Berrada e, depois, com Sir Jim Ratcliffe, à medida que as consequências da derrota em San Mamés começam a ser enfrentadas.

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  • garnacho(C)Getty Images

    Futuro de Garnacho em aberto

    Alguns jogadores preferem não comentar sobre o futuro logo após uma final — vencendo ou perdendo. Em 2017, por exemplo, Wayne Rooney evitou confirmar sua saída do Manchester United logo após levantar a taça da Liga Europa, embora a decisão já estivesse tomada. Outros, no entanto, não conseguem esconder a frustração no calor do momento. Foi o caso de Alejandro Garnacho na zona mista de San Mamés.

    O argentino havia sido titular em todos os jogos de mata-mata da Liga Europa nesta temporada, e sua frustração por ficar no banco na final era evidente — e compreensível. Mason Mount, que havia brilhado apenas uma vez na competição (ao sair do banco e marcar dois gols na semifinal contra o Athletic), começou jogando, mas teve atuação apagada diante do Tottenham. Quando Garnacho entrou aos 71 minutos, deu novo fôlego ao United, obrigando Vicario a uma boa defesa e criando problemas para Pedro Porro.

    A insatisfação se estendeu à família. Seu irmão, Roberto, publicou uma crítica direta nas redes sociais: "Trabalhando como ninguém, ajudando em todas as fases, vindo de dois gols nas duas últimas finais, e mesmo assim só joga 19 minutos e ainda é jogado debaixo do ônibus." Garnacho também não mediu palavras com os repórteres:

    "Quando você não faz gols, sempre precisa de mais. Joguei todas as fases até a final — e hoje joguei 20 minutos. Agora vou tentar aproveitar o verão e ver o que acontece."

    A entrevista deixou seu futuro em aberto. Desde o ano passado, quando surgiram rumores de que o United consideraria ofertas por ele em janeiro — com Napoli e Chelsea entre os interessados —, a permanência do atacante está em dúvida. O encaixe com Ruben Amorim também é complicado: o técnico prefere meias centrais ofensivos a pontas e raramente elogia o argentino. Quando questionado sobre a escolha por Mount na final, Amorim respondeu com uma indireta:

    "Quem perdeu a grande chance no primeiro tempo contra o Athletic? Sim, Garnacho."

    Com o clube precisando desesperadamente fazer caixa e a relação entre técnico e jogador cada vez mais tensa, uma transferência de Garnacho no verão europeu parece cada vez mais provável.

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  • Bruno Fernandes Manchester United Europa League 2024-25Getty

    Precisamos falar sobre Bruno

    Bruno Fernandes teve uma atuação decepcionante na final, mas continua sendo o principal nome do elenco e alguém que Ruben Amorim deseja manter. No entanto, o interesse do Al Hilal, da Arábia Saudita, segue firme — e o português não fugiu do assunto ao comentar o futuro após a partida, sinalizando que não se oporia a uma saída, caso o clube optasse por negociá-lo.

    "Se o clube achar que é hora de se separar, para arrecadar dinheiro ou por qualquer outro motivo, é assim que o futebol funciona", disse o meia.
    "Quero fazer mais, trazer o clube de volta aos grandes momentos. Mas no dia em que entenderem que meu custo é alto demais ou que chegou a hora de encerrar o ciclo, tudo bem. Sempre disse isso e continuo mantendo minha palavra."

    A declaração preocupa os torcedores. Embora a maioria queira sua permanência, uma proposta milionária por um jogador que completa 31 anos em setembro — e que tem apenas dois anos restantes de contrato — pode ser vista como uma oportunidade valiosa pelo United, especialmente em um momento em que o clube busca recursos para reformular o elenco.

  • Kobbie Mainoo Manchester United 2024-25Getty Images

    A saída de Mainoo parece inevitável

    Kobbie Mainoo também esteve na lista de negociáveis do United em janeiro — uma decisão surpreendente, considerando que ele é um dos graduados mais promissores da base e já defende a seleção inglesa. Nos últimos meses, no entanto, a possibilidade de saída passou a parecer cada vez mais real.

    Desde que voltou de lesão em abril, Mainoo iniciou apenas três partidas — todas após jogos da Liga Europa em que não foi titular. Nas decisões, foi constantemente preterido por Ruben Amorim e entrou apenas nos acréscimos da final em San Mamés. Uma escolha que soou como desrespeitosa para um jogador de sua qualidade, ainda mais considerando que ele foi decisivo nas quartas de final, com um golaço de empate no épico jogo contra o Lyon.

    Dono de grande capacidade para progredir a bola no meio-campo, Mainoo seria valioso em qualquer equipe que priorize a posse. Mas suas características pouco se encaixam no sistema de Amorim, e o baixo aproveitamento recente indica que o técnico não o enxerga como peça-chave. Assim, menos de dois anos após estrear brilhando contra o Everton aos 18 anos, sua saída do clube parece praticamente certa.

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  • Tottenham Hotspur v Manchester United - UEFA Europa League Final 2025Getty Images Sport

    E quanto a Amorim?

    Com o bilhete dourado para a Champions League agora fora de alcance, a situação de Ruben Amorim deve dominar o debate no futebol inglês nos próximos dias. A pressão é inevitável, considerando sua péssima campanha na Premier League — apenas seis vitórias em 26 jogos — e o fato de que o United não vence uma equipe fora da zona de rebaixamento desde janeiro.

    David Moyes e Louis van Gaal foram demitidos logo após fracassarem na missão de garantir vaga na Champions. E foi justamente a baixa expectativa em relação à recuperação de Erik ten Hag no campeonato que levou à contratação de Amorim.

    Pelo mesmo critério, Amorim já teria que estar de saída. E, surpreendentemente, ele se disse disposto a deixar o cargo sem exigir compensação, caso essa seja a decisão do clube. Mas há um fator que pode salvá-lo: o apoio de Sir Jim Ratcliffe. O chefe da INEOS não apenas o escolheu pessoalmente, como investiu pesado para contratá-lo — incluindo uma visita secreta a Lisboa quando Ten Hag ainda estava no cargo. Em março, Ratcliffe chegou a dizer à BBC: “Acho que Ruben é um treinador jovem e excepcional. De verdade. Ele estará aqui por muito tempo.”

    Desde então, porém, o United venceu apenas um jogo da liga e não sabe o que é somar três pontos na Premier League há dois meses. Demitir Amorim agora, depois de pagar £11 milhões (R$ 71,5 milhões) ao Sporting para tirá-lo no meio da temporada e mais £14 milhões (R$ 91 milhões) para romper com Ten Hag, seria reconhecer mais um erro caro — e fortalecer a percepção de que Ratcliffe ainda não sabe como virar o jogo no United, sentimento que já circula após o impasse com Dan Ashworth.

    A tendência, portanto, é que Amorim continue. O mínimo que Ratcliffe deve oferecer ao técnico é uma pré-temporada completa e liberdade para reformular o elenco.

    Bruno Fernandes, por sua vez, foi enfático ao apoiar o treinador: “Sei que parece mais fácil mudar quando os resultados não vêm, mas como meus companheiros já disseram: ele é o homem certo.”

    Amorim deve começar a próxima temporada no comando. Mas sua margem de erro está cada vez menor.

  • Tottenham Hotspur v Manchester United - UEFA Europa League Final 2025Getty Images Sport

    Menos contratações, mais demissões?

    A derrota do United para o Tottenham teve uma consequência óbvia: a perda de um ganho financeiro importante da Champions. Agora, o clube precisará reduzir seu orçamento de transferências, já que os £100 milhões (R$ 650 milhões) que viriam da classificação simplesmente não estarão disponíveis.

    O acordo para contratar Matheus Cunha, vindo do Wolves, segue confirmado, mas qualquer reforço além disso terá que ser bancado pela venda de jogadores, devido à falta de dinheiro.

    Além disso, o United terá que baixar suas expectativas quanto ao nível dos atletas que conseguirá atrair. Jogadores de alto calibre buscam a Champions, e quem quiser disputar essa competição na próxima temporada terá que olhar para outros clubes — o que pode dificultar a disputa pelo atacante Liam Delap, já que Newcastle e Chelsea, concorrentes do United, ainda podem garantir vaga na competição neste fim de semana.

    Os efeitos da derrota devem ir além do elenco. Ano passado, Ratcliffe cortou 450 vagas no clube, e considerando seu histórico pouco generoso com funcionários, não seria surpresa uma nova rodada de demissões para equilibrar as contas. Isso só aprofundaria a queda no moral de um clube que já está bastante abalado.

  • Manchester United Finalist Access Day - UEFA Europa League 2025 FinalGetty Images Sport

    Um lado positivo...

    O lado positivo de o United não disputar competições europeias na próxima temporada é que Amorim terá muito mais tempo para trabalhar com seu elenco nos treinamentos. Desde que assumiu em novembro, ele destacou a falta de tempo para preparar o time como um grande desafio, especialmente com o calendário apertado devido à campanha até a final da Liga Europa. Até o fim da temporada, o United terá disputado cerca de 60 partidas, e a recuperação entre os jogos europeus prejudicou os treinos.

    Na sua primeira temporada completa no Sporting, Amorim tirou proveito da ausência do futebol europeu. A equipe foi eliminada nas eliminatórias da Liga Europa, mas aproveitou o tempo extra para treinar, o que resultou no primeiro título da liga para o clube em 29 anos, mantendo-se invicta até a conquista do troféu.

    O treinador já havia sugerido que o United talvez não estivesse pronto para competir na Champions, e admitiu que ter sucesso na principal competição europeia ao mesmo tempo em que vai bem na Premier League é quase tão difícil quanto “ir à lua”. Exemplos recentes reforçam essa ideia: o Newcastle, sem futebol europeu, teve uma ótima temporada e deve terminar entre os cinco primeiros; o Nottingham Forest também luta por uma vaga na Champions aproveitando o ritmo mais leve; e nos últimos dez anos, Leicester City e Chelsea conquistaram a Premier League sem a carga extra dos jogos continentais.

    Assim, embora pareça contraditório, a derrota de quarta-feira pode marcar o início de um período mais estável e produtivo para Amorim no clube.

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