Kylian Mbappé x PSG: chegou a hora de o atacante do Real Madrid jogar de verdade no Mundial de Clubes e acabar com as piadas em Paris

Crédito a Mbappé: ele reagiu com verdadeira grandeza ao triunfo do PSG na Champions League. Enquanto muitos zombavam do atacante pelo momento de sua mudança para Real Madrid, ele preferiu parabenizar seu antigo clube pela conquista histórica.

"O grande dia finalmente chegou", escreveu Mbappé no Instagram logo após a vitória por 5 a 0 sobre a Inter de Milão, na Allianz Arena, no dia 31 de maio. Ainda assim, muito se falou sobre como sua saída foi decisiva para que o PSG, enfim, alcançasse a tão sonhada glória europeia.

Mbappé havia tornado sua "missão" levar o clube da sua cidade natal à conquista da primeira taça do torneio. Essa foi, afinal, a principal razão para o retorno do menino de Bondy a Paris, vindo do Monaco, em 2017. No entanto, apesar de todos os seus gols e assistências ao longo de sete anos no Parc des Princes, ele e o PSG nunca conseguiram realizar esse sonho — acumulando, em vez disso, uma sequência de eliminações dolorosas nas fases decisivas da competição.

De fato, muito antes de sua despedida, já se tornava evidente que Mbappé estava se tornando mais um empecilho do que um catalisador para o grande projeto europeu do PSG.

Christophe Dugarry já havia alertado sobre o possível comportamento problemático de Kylian Mbappé desde 2019, enquanto o ex-diretor esportivo do PSG, Leonardo, afirmou há dois anos que "chegou a hora de Kylian partir", destacando que diversos outros clubes já haviam provado ser possível vencer a Champions sem ele.

"Com seu comportamento nos últimos dois anos, Mbappé está mostrando que ainda não é um jogador capaz de realmente conduzir uma equipe", argumentou o brasileiro em entrevista ao L’Équipe. "Ele é um grande jogador, mas não um líder. É difícil construir um time ao redor dele."

Crucialmente, Luis Enrique compartilhou dessa visão. O técnico espanhol jamais culpou Mbappé pelos fracassos europeus do PSG e sempre afirmou que sentia tristeza ao ver um jogador tão popular deixar o clube. No entanto, se manteve convicto de que sua equipe não precisava do maior artilheiro da história do PSG para conquistar o troféu mais desejado pela Qatari Sports Investments (QSI) — e provou estar certo.

Com uma mudança há muito necessária na política de contratações, liderada pelo sucessor de Leonardo, Luis Campos, o PSG abandonou a busca por superestrelas e passou a investir em jovens promissores como Désiré Doué e João Neves. A nova estratégia rendeu resultados imediatos e espetaculares: o clube completou a tríplice coroa com uma vitória histórica sobre a Inter de Milão em Munique.

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É evidente que o PSG está agora perfeitamente preparado para transformar sua gloriosa tríplice em uma quádrupla coroa — e fazê-la só reforçaria a percepção de que o clube, outrora rotulado como o maior "amarelão" do futebol europeu, está prestes a iniciar uma era de sucesso.

"Somos ambiciosos", declarou Luis Enrique após ver sua equipe dominar e desmontar a Inter. "Vamos continuar a conquistar o mundo do futebol."

E, de fato, eles têm todos os ingredientes para isso. Além do apoio financeiro maciço do Estado do Catar — que possibilitou a chegada de Khvicha Kvaratskhelia a um ataque já repleto de talento durante a janela de janeiro —, o PSG também apresentou o elenco mais jovem entre os classificados para as oitavas de final da última Champions League, com média de idade de apenas 23,6 anos.

Diante disso, é perfeitamente plausível imaginar que a equipe equilibrada e promissora de Luis Enrique só tende a evoluir nos próximos meses e anos — o que representa uma perspectiva preocupante não apenas para o Real Madrid, mas também para Kylian Mbappé.

Durante uma coletiva no dia 7 de junho, Mbappé foi questionado se havia deixado o PSG cedo demais. "Não", respondeu. "Minha história havia terminado, tinha que acabar. Não houve amargura — cheguei ao meu limite. Dei tudo o que tinha. Mas o destino quis que eles vencessem sem mim."

"Fiquei feliz por eles, mereceram", acrescentou. "Passaram por muitas dificuldades, assim como eu. Vivi todas as fases da Champions League — só não conquistei o título. Mas o fato de o PSG ter vencido sem mim não me afeta. É algo positivo. Acho que todos enfrentamos desafios em nossas carreiras."

E este, sem dúvida, é o mais difícil da trajetória de Mbappé até agora.

A união entre Real Madrid e Mbappé parecia destinada a reforçar a hegemonia do clube na Champions. No entanto, os campeões de 2024 foram eliminados nas quartas de final da edição seguinte pelo Arsenal. Mbappé, por sua vez, apontou corretamente que teve um bom desempenho individual ao longo da temporada, superando dificuldades físicas e mentais nos primeiros meses. De fato, conquistou a Chuteira de Ouro Europeia, provando que, embora a forma oscile, o alto nível é permanente.

"As coisas ainda não estão perfeitas", declarou após marcar 31 gols em seus primeiros 34 jogos na liga. "Mas estou progredindo." Ainda assim, ao afirmar que 2024/25 foi uma temporada de “crescimento” para o Real Madrid, Mbappé está longe de refletir a realidade.

Na prática, foi uma campanha marcada por uma preocupante regressão — uma temporada em que o clube rendeu com facilidade sua defesa de título europeu e, ao mesmo tempo, foi superado de forma recorrente pelo Barcelona no cenário doméstico. O declínio culminou na saída de Carlo Ancelotti, o técnico mais vitorioso da história do clube, substituído por Xabi Alonso.

Xabi Alonso, naturalmente, terá tempo para recolocar o Real Madrid em seu lugar de destaque. Como jogador, foi reverenciado no Santiago Bernabéu. Como técnico, já demonstrou sua genialidade tática ao comandar o Bayer Leverkusen a uma dobradinha doméstica — e de forma invicta.

Ele contará com o apoio total de Florentino Pérez, que certamente já se animou com alguns sinais promissores do renovado Real sob o comando de Alonso, especialmente durante a sequência invicta que levou o time até as semifinais do Mundial de Clubes.

Ainda assim, o Paris Saint-Germain representa, sem dúvida, o primeiro grande teste do novo ciclo. Os parisienses chegaram a sofrer uma surpreendente derrota para o Botafogo na fase de grupos, mas também encantaram com um futebol vibrante diante de adversários como Atlético de Madrid, Inter Miami e Bayern de Munique. Como o próprio Mbappé reconheceu, o PSG é atualmente "o melhor time da Europa" — e, por isso mesmo, "o time que todos querem vencer".

Para Mbappé e para o Real Madrid, no entanto, o PSG não é apenas o time a ser batido — é o adversário que precisam derrotar para evitar que uma temporada marcada por frustrações termine sem ao menos um sucesso significativo que sirva de alento.