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Bellingham's sophomore slumpGetty

Jude Bellingham tem novo El Clásico contra o Barcelona a chance de salvar segundo ano abaixo do esperado no Real Madrid

Jude Bellingham foi visto como o próximo Zinedine Zidane. Ele tinha os números para provar isso. Depois, passou a ser comparado a Cristiano Ronaldo, com os gols para confirmar a expectativa. Agora, 18 meses depois, ele está enfrentando dificuldades. Após uma temporada mágica em Madri, o meio-campista inglês tem se arrastado em sua segunda temporada. O declínio no segundo ano é real.

Isso não é novidade, claro. Não é raro que jogadores, seja no auge de sua carreira ou ainda em processo de adaptação ao futebol profissional, passem por momentos difíceis. A ironia no caso de Bellingham é que ele é tanto um talento de classe mundial quanto alguém que ainda está em desenvolvimento. A grande diferença é que, no ano passado, ele brilhou, e agora veste a camisa do Real Madrid. Este não é um clube que costuma permitir que um jogador tenha alguns jogos abaixo da média, muito menos uma temporada inteira de altos e baixos.

Bellingham sabe disso. Está bem ciente da pressão e dos altos e baixos que vêm com o privilégio de vestir o branco de Madri. Ainda assim, ele tem se mostrado realmente abaixo do esperado em alguns momentos. Seus gols diminuíram consideravelmente, e ele tem passado grande parte do tempo em campo com uma expressão frustrada, como um jogador que não está mais se divertindo tanto quanto antes.

As dificuldades de Bellingham podem ter várias explicações. A razão mais óbvia é a chegada de Kylian Mbappé ao time, uma adição que é, no futebol, como pegar uma refeição já excelente e adicionar uma trufa rara. Interessante? Sem dúvida. Necessária? Absolutamente não. Isso desorganizou o time, e Bellingham é, talvez, quem mais sofreu com isso. Parte da culpa também é dele, já que suas performances individuais não têm sido suficientes. Isso é inegável. Além disso, há uma sensação de nuvem sobre o Real Madrid no momento. O clima não é bom, e os troféus ainda não apareceram.

Este é o momento perfeito para que o time se enfrente ao Barcelona no que certamente será o maior jogo da temporada, um confronto que pode redimir a segunda temporada de Bellingham ou transformar esta em uma campanha a ser esquecida.

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  • FBL-ESP-LIGA-ATLETICO MADRID-REAL MADRIDAFP

    Um começo lento

    Imediatamente, as críticas surgiram. Para ser justo, todos já podíamos prever isso. Em sua essência, trata-se de uma equação matemática. O Real Madrid sempre marcaria muitos gols. Vinícius Jr. iria balançar as redes, embora não tanto quanto imaginávamos, como ficou claro. Kylian Mbappé faria ainda mais. Rodrygo também contribuiria. E um Bellingham mais recuado, naturalmente, teria menos oportunidades de marcar.

    O problema era que ele não sabia exatamente onde deveria estar. Enquanto Vinícius e Mbappé pareciam se atrapalhar um ao outro, Bellingham tentava ocupar os espaços intermediários. Ele se dedicava muito, correndo de forma altruísta, tentando atrair defensores e, às vezes, se afastando do gol. Havia muitos jogadores se sobrepondo – o Real Madrid não precisava de mais um. O problema é que este não é um clube onde a generosidade ou as corridas para liberar espaço são valorizadas. Jogar na capital espanhola é um negócio baseado em resultados, e Bellingham não estava conseguindo marcar.

    Isso contrastava fortemente com sua temporada de estreia, quando ele estava, em certo momento, rumo a 40 gols. Ele quebrou recordes de Cristiano Ronaldo. Seus primeiros três meses foram, sem dúvida, os melhores de qualquer contratação do Real Madrid. Era esperado que houvesse uma queda, o que levou Ancelotti a defendê-lo com veemência no início da temporada.

    "Ele está contribuindo com trabalho, o que é muito importante para nós. No ano passado, foi crucial que ele marcasse gols porque perdemos um atacante importante como Benzema. Não temos esse problema este ano, pois temos um jogador que pode marcar 45 gols", disse o treinador em outubro.

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  • Bellingham MbappeGetty Images

    Encontrando a forma

    Mas correr não é exatamente o que atrai atenção em um mundo movido por estatísticas. Bellingham é uma marca. Ele é um símbolo, um momento, uma bicicleta para salvar seu país na Eurocopa, um gol de 30 metros para decidir um El Clásico. Esses foram os momentos que definiram sua temporada de estreia. E, por um tempo, eles estavam ausentes.

    A melhor maneira de silenciar os críticos acabou sendo redescobrir sua magia. E ele fez isso com estilo. Em 9 de novembro, marcou o primeiro gol em 12 jogos com um belo chapéu contra o Osasuna. Até ele parecia saber que aquele era um grande momento, indo ao Instagram para agradecer aos fãs pelo apoio.

    "Mesmo nos piores momentos, desistir não é uma opção. Madridistas, obrigado pelo seu incrível apoio nos bons momentos e nos ruins", disse ele após a vitória do Real Madrid.

    E então a confiança voltou. Bellingham encontrou a rede em cinco jogos consecutivos, tornando-se o primeiro jogador do Real Madrid a alcançar esse feito desde Benzema. Ele proporcionou, possivelmente, seu maior momento da temporada até então, encerrando a sequência com uma corrida e finalização deslumbrantes contra a Atalanta, garantindo a classificação dos merengues para as oitavas de final da Champions League, após um começo difícil na competição. As lesões, por sua vez, só aumentaram seus números. Mbappé, Vinícius e Rodrygo perderam partidas, abrindo espaço para Bellingham avançar para áreas mais ofensivas. Os resultados foram claros.

  • jude bellingham red cardgetty

    Dificuldades do Ano Novo

    Então, as boas vibrações desapareceram. É difícil apontar um momento exato em que tudo começou a dar errado. Certamente, o retorno de Vinícius, Rodrygo e Mbappé trouxe novas questões táticas para o Real Madrid. Mas Bellingham foi reduzido a um corredor e perdeu a confiança na frente do gol. Ele desperdiçou algumas chances e tentou fazer demais quando estava com a bola. A final da Supercopa da Espanha resumiu tudo, com o inglês sendo sobrecarregado pelo meio-campo do Barcelona em uma goleada de 5 a 2. Ele foi duramente criticado pelos fãs nas redes sociais e culpado pela derrota, sem que se falasse sobre o desaparecimento de Vinícius ou sobre Lucas Vázquez sendo destruído por Raphinha.

    E então veio o momento mais desconcertante da temporada do time. Pela milionésima vez, não importa se Bellingham disse a um árbitro "se f*der" ou "f*da-se você". O fato é que ele confrontou o árbitro e fez questão de dizer algo que vai contra as regras do jogo. Esse deveria ser o ponto final da história. Bellingham foi expulso, e a mídia espanhola não perdoou. No fim, porém, regras são regras. O cartão vermelho foi merecido. Tudo isso se tornou parte de um grande debate sobre a arbitragem em Madri, com o canal de TV do clube usando o episódio como mais uma prova da suposta agenda da federação espanhola contra eles. Verdade ou não, Bellingham cometeu um erro.

    Foi um erro do qual ele não conseguiu se recuperar. Ele ficou fora por dois jogos e, desde então, nunca mais reencontrou o seu melhor desempenho. Nos três meses seguintes a esse incidente, ele marcou apenas duas vezes. Merengues têm lutado ao redor dele, e Bellingham parece perdido.

  • real madrid bellingham(C)Getty images

    Quem é o culpado?

    Esses são problemas que podem — e vão — assombrar qualquer atleta profissional em algum momento da carreira. Vale lembrar que Jude Bellingham ainda nem completou 22 anos. Continua sendo um talento impressionante para sua idade, um verdadeiro superstar. Se ele não é o melhor meio-campista central do mundo, certamente está entre os poucos que disputam esse título. O que vimos nesta temporada parece mais uma tempestade perfeita de fatores que acabaram minando sua forma.

    Grande parte disso passa por Mbappé. A chegada do atacante francês criou um obstáculo para a harmonia deste time do Real Madrid. De uma hora para outra, toda a equipe passou a girar em torno do ego de um novo astro. Mbappé pode até marcar 45 gols por temporada, mas ele também é um problema — e, até agora, não tornou o time melhor. Enquanto isso, Bellingham tem corrido para compensar o que seu companheiro deixa de fazer. Isso, por si só, já representa uma enorme desvantagem.

    Há também questões táticas. Por mais que Carlo Ancelotti seja um mestre da gestão de grupo, ele tem mexido no sistema sem parar. Recentemente, aceitou o destino e montou um 4-4-2 que depende do trabalho duro de quase todos, enquanto Vinícius e Mbappé descansam lá na frente. E Bellingham? Fica no meio desse quebra-cabeça, sem uma função clara.

    Quando somamos isso a algumas pancadas, uma lesão persistente no ombro e o crescente escrutínio sobre sua vida pessoal, fica fácil entender por que tem sido tão difícil ser Bellingham nos últimos meses — especialmente após o ano mágico em que foi tratado como o menino de ouro do futebol europeu.

  • FBL-ESP-LIGA-REAL MADRID-CELTAAFP

    Um verão europeu de folga é necessário?

    Analise os números, observe as evidências, considere as circunstâncias — tudo indica que Bellingham precisa de um verão europeu de descanso. Seu ombro tem causado problemas desde o início de 2024. Ao longo da temporada, ele jogou com uma proteção na região e, em janeiro, pareceu agravar a lesão. Mesmo assim, seguiu em campo. Já em setembro, surgiram relatos de que ele provavelmente precisará passar por uma cirurgia para resolver o problema de forma definitiva — o que pode significar alguns meses longe dos gramados.

    Mas não é só isso. Há também a questão da carga de trabalho. Bellingham já soma mais de 14 mil minutos em campo por clubes, e isso antes mesmo de completar 22 anos. Essa exaustão não é exclusividade dele: a cada temporada, exige-se mais dos atletas de elite. Ainda assim, o ex-meio-campista do Dortmund talvez precise apenas de uma pausa.

    O problema é que o calendário não ajuda. O Mundial de Clubes, com novo formato, será disputado em junho nos Estados Unidos. O torneio terá 32 equipes, oito grupos e pode render ao Real Madrid mais seis jogos sob o forte calor americano. Circulam rumores de que a Fifa pretende multar os clubes que não levarem suas principais estrelas. Ainda não se sabe o quanto disso é verdade, mas a expectativa é clara: Bellingham deve jogar para agradar os fãs americanos. Isso representa mais um mês ocupado — e menos tempo para o descanso que ele tanto precisa.

  • JUDE BELLINGHAM REAL MADRID LALIGA 28102023Getty Images

    Um clássico para se preocupar

    Tudo isso, porém, é irrelevante neste fim de semana. No início da temporada, parecia impensável que o Real Madrid terminasse o ano sem títulos. Com a contratação de Mbappé em uma transferência gratuita, os merengues pareciam prontos para conquistar tudo. O Barcelona, embora tenha apostado em um técnico promissor como Hansi Flick, ainda era considerado um time jovem demais — e o Real Madrid, simplesmente bom demais. A essa altura, o título já deveria estar garantido, com o foco voltado à final da Champions League.

    Mas a realidade é bem diferente. O time se prepara para disputar um dos clássicos mais importantes de sua história recente. Está quatro pontos atrás do Barça, com apenas quatro jogos restantes — um deles justamente o confronto direto entre os dois clubes, neste domingo (11), no Estádio Olímpico.

    Foi lá que Bellingham fez sua estreia pelos merengues, marcando um golaço que selou uma vitória emblemática e deu início à campanha do título espanhol. Agora, mais de um ano depois, o cenário mudou completamente: ele atravessa um momento de queda de rendimento, em um time desajustado e que ainda busca reencontrar o equilíbrio.

    Tudo isso está interligado, claro. Bellingham não é o responsável pelos tropeços do time, mas seus esforços individuais serão cruciais em partidas desse calibre. A temporada está escorrendo pelas mãos do Real Madrid — e o inglês pode ter no clássico a chance de se redimir, e também de salvar seu time, com uma atuação à altura do maior duelo do futebol espanhol.

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