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MourinhoGetty Images

De José Mourinho apertando nariz a Paolo Guerrero Jedi: o futebol dos super-contatos e crianças malcriadas

Semanas (talvez meses) atrás, fui sugado pelo texto escrito por Gustavo Poli, em sua coluna no jornal O Globo, que explicava, com boas doses de ironia, a situação bizarra ocorrida durante uma partida do Campeonato Baiano de 2025: em uma noite que tinha tudo para ser esquecível, uma cena inesquecível aconteceu: um peteleco biônico, daqueles que vemos apenas no mundo da fantasia – em filmes de super-heróis ou em desenhos como Dragon Ball – desferido em pleno jogo de futebol.

Em um meio tão chulo como às vezes é o futebol, com velados e não tão velados socos e cotoveladas e outras coisas bem menos nobres permeando as microdisputas do espetáculo, um peteleco chega a soar quase bonitinho, inocente. Mas este foi bizarro, porque após o choque do dedo estilingado de Matheus Firmino, da Jacuipense, em Rodrigo Nestor, do Bahia, a vítima da ação se jogou ao chão como se tivesse sido atingido pelo punho de Mike Tyson – na súmula, o árbitro descreveu o ato como “conduta violenta”.

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  • O peteleco

    A cena ridícula rendeu um cartão vermelho ao petelequeiro. Mas, acima de tudo, demonstrou o quão dentro do DNA dos boleiros está o exagero a certos tipos de contato. É a busca desenfreada para conseguir uma falta ou um cartão para o adversário. O tal do “custe o que custar”. A competição elevada à máxima casa, a ponto de fazer o que não é necessariamente uma brincadeira (o jogo profissional) parecer uma comédia. O atleta se leva a sério, mas em situações assim acaba parecendo mais um palhaço.

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  • O apertão de José Mourinho

    O mais recente episódio deste tipo envolveu um personagem bem mais conhecido. José Mourinho achou que seria uma boa ideia apertar o nariz do técnico adversário, depois de ver o seu Fenerbahce ser derrotado pelo Galatasaray em um dos jogos com mais rivalidade do mundo. A cena ridícula, que obviamente rendeu expulsão do famoso treinador português, não foi novidade em seu currículo. Em 2011, o mesmo Mourinho enfiou o dedo no olho no então auxiliar-técnico do Barcelona, Tito Vilanova, que reagiu como a situação pede: com incredulidade seguida de um empurrão naquela sensação de “WTF” (o famoso “que p*rra é essa??”).

    Acontece que a reação do treinador do Galatasay não foi tão normal quanto a de Tito – que, conforme ficou atestado posteriormente, era um homem de força e coragem quase inabaláveis. Okan Buruk se atirou ao chão quase no mesmo momento em que sua visão periférica anunciava a chegada da mão de José. O treinador turco quase escapou do apertão nasal. Quase. A mais nova cena lamentável de Mourinho acabou virando também uma cena tosca de Okan. A não ser que o técnico do Galatasaray sofra de rinite alérgica – se for o caso, então sua reação é absolutamente válida!

  • Esporte de contato?

    Quando dizem que futebol é um esporte de contato, este tipo de bizarrice não é levada em conta. Mas, como diria Kléber BamBam abraçado a uma boneca de lata em um reality-show décadas atrás, “faz parte”.

    Faz tanto parte, que a simulação exagerada e ridícula acontece até mesmo quando o contato não faz contato. A frase não parece fazer sentido, mas vamos lá: em 2017, uma mágica pareceu acontecer em um Bahia x Flamengo. Paolo Guerrero, principal nome da equipe rubro-negra naquela época (jogador mais do que experiente, com feitos já para a história do futebol), demonstrou ter midichlorians suficientes para ser um Jedi importante: após rápida disputa com Lucas Fonseca, o instinto e raiva mandaram o peruano agredir o jogador do Bahia com um soco, mas se a razão freou seu punho ela aparentemente não fez o mesmo com a sua intenção.

    Lucas sentiu o golpe mesmo a quase um metro de distância, levantando voo e caindo de costas no gramado - com direito até mesmo a pernas para o ar. Simulação das mais ridículas. A cena virou meme famoso – basta pesquisar “Paolo Guerrero soco fantasma” na internet que não faltam vídeos retratando o pitoresco episódio. Muito provavelmente tenha sido o grande feito de Paolo Guerrero com a camisa rubro-negra.

  • Moral da história...

    Entre cartão vermelho por peteleco, apertão de nariz e golpe mágico em adversário, podemos ver o lado infantil e birrento que chega até mesmo nos mais altos escalões da bola. Um produto também da obsessão de vencer a todo custo? Provavelmente. O futebol é um esporte de contato, praticamente todo tipo contato, e também de crianças... malcriadas ou não.

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