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Isso precisa mudar! O Manchester United oferece entretenimento, mas esse estilo de jogo não os levará a lugar algum

"Não estão entretidos? Não estão entretidos? Não é para isso que estão aqui?" Mauricio Pochettino poderia muito bem ter murmurado a icônica frase de Maximus em Gladiador enquanto corria para o campo encharcado para comemorar o gol da virada de Cole Palmer aos 101 minutos, contra o Manchester United.

Este jogo desafiador da lógica, já parecia um clássico antes de seu desfecho impressionante, com os primeiros 45 minutos proporcionando mais drama e entretenimento do que a maioria dos jogos da Premier League, disputados nesta semana. Foi o antídoto perfeito para o tédio da disputa pela liderança entre Manchester City e Arsenal, no domingo anterior.

Ambas as equipes, que hoje em dia parecem unidas em suas tentativas fúteis de voltar aos dias de glória, abandonaram os princípios "feijão com arroz" de defesa e também ignoraram o meio-campo. De certa forma, era o que a torcida do United frequentemente pedia: Ataque, ataque e mais ataque.

Mas, por mais divertido que tenha sido para os apreciadores imparciais (e para os torcedores do Chelsea no final), este futebol anárquico é completamente insustentável. O United quase se safou no oeste de Londres, mas, no final, eles tiveram o que mereciam.

  • Alejandro Garnacho Man Utd 2023-24Getty

    Emoção garantida

    O United tem que ser eleita a equipe mais divertida de assistir no mundo. Nesta temporada, os apreciadores do esporte não conseguiram tirar os olhos deles. A saída precoce do United da Champions League não foi apenas lamentada por seus próprios torcedores. Foi um grande golpe para os viciados em adrenalina em toda a Europa, que se deliciaram com cinco jogos verdadeiramente épicos nos quais o United marcou 12 gols e sofreu 14.

    Eles perderam por 4 a 3 para o Bayern de Munique e para o Copenhague, e desperdiçaram a liderança em ambos os jogos contra o Galatasaray, sofrendo seis gols e fazendo com que o mediano time turco, cheio de veteranos, parecessem os Galácticos. Até mesmo a vitória por 1 a 0 sobre o Copenhague teve muita emoção, com uma defesa de pênalti nos últimos minutos de Andre Onana.

    E à medida que muitos dos confrontos das oitavas de final terminavam sem reviravoltas, alguns amantes do futebol ficaram com saudades do United e das tramas malucas que eles sempre protagonizam. Felizmente, para os fãs do futebol inglês, o caos continuou nas competições nacionais, com as vitórias insanas por 4 a 3 sobre o Wolves e o Liverpool.

    O jogo contra o Brentford pode ter terminado 1 a 1, mas o placar não contou toda a história. Os Bees deram 31 chutes e 85 toques na área adversária - mais do que qualquer outra equipe nesta temporada.

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  • Bruno Fernandes Man Utd 2023-24Getty

    Ninguém assume a responsabilidade

    O futebol emocionante pode estar no DNA do United, mas a verdade é que os épicos enredos na era de Sir Alex Ferguson aconteciam apenas de vez em quando. Havia gols nos minutos finais, mas tendiam a vir após partidas em que desgastavam o adversário e então atacavam no final.

    O jogo de quinta-feira foi disputado a 100km/h e, no final, os jogadores estavam completamente exaustos e se mostravam incapazes de fazer o básico, como marcar Cole Palmer em um escanteio. Quatro jogadores apontaram para o jogador mais perigoso do Chelsea enquanto ele ficava sozinho na área antes do escanteio do qual ele marcou o gol da vitória. Todos sabiam que ele era uma ameaça, mas ninguém se responsabilizou por ir marcá-lo.

    Este grupo jovem e muitas vezes inexperiente de jogadores não sabe como terminar os jogos. E ninguém assume responsabilidade por isso. Bruno Fernandes adora apontar e gritar, mas parece que ninguém o ouve, e erros como não marcar Palmer continuam acontecendo.

  • manchester united chelsea(C)Getty Images

    Sem controle do jogo

    Uma das principais críticas ao United nesta temporada é que eles não sabem como controlar os jogos. E uma estatística resume isso como nenhuma outra: o time de Ten Hag concedeu 27 gols dentro de 10 minutos após marcar um gol ou sofrer um gol. Em outras palavras, ou eles perdem o ímpeto após marcar ou afundam ainda mais no abismo.

    Isso foi evidente contra o Brentford, quando Mason Mount marcou no minuto 96 e Kristoffer Ajer empatou aos 99. Também se concretizou contra o Chelsea, com Palmer marcando duas vezes em um intervalo de 82 segundos. Isso também aconteceu na vitória turbulenta na FA Cup contra o Liverpool - quando Alexis Mac Allister e Mohamed Salah marcaram em um intervalo de três minutos, no final do primeiro tempo - e aconteceu em Molineux, quando o United desperdiçou uma vantagem de 3 a 1 ao sofrer gols aos 85 e 95 minutos.

    O United venceu esses jogos com o heroísmo de última hora de Kobbie Mainoo e Diallo. Mas o que aconteceu antes e depois desses jogos ilustra que esse tipo de futebol é simplesmente insustentável.

  • Erik ten Hag Manchester United 2023-24Getty Images

    Ten Hag aponta erros individuais

    O problema é que, enquanto todos os outros podem ver que as táticas e o estilo do United não são suficientes para obter resultados consistentes, Ten Hag não consegue. Embora estivesse compreensivelmente furioso por desperdiçar cinco pontos nos últimos dois jogos ao sofrer gols nos acréscimos, ele atribuiu os apagões da equipe a erros individuais.

    "Nós nos colocamos em uma posição de vitória, com um futebol brilhante, marcando gols excelentes, e não soubemos administrar o jogo nos acréscimos", disse ele em uma coletiva de imprensa.

    "Você tem que fazer o seu trabalho. Os jogadores conhecem seus papéis e não tomaram as decisões corretas. Não reagimos rápido o suficiente. Temos que tomar decisões melhores. Temos que entender quando manter a posse de bola, quando passar, mover e mudar o jogo quando estivermos ganhando.

    "Cometemos erros individuais que nos custaram o jogo. Temos que aprender com isso. Quando você é jogador do Manchester United, já deveria saber como lidar com essa circunstância. Em cinco dias, perdemos cinco pontos. Isso é inaceitável. Jogamos fora um jogo que deveríamos ter vencido."

  • Jamie CarragherGetty

    Carragher estava certo

    Mas alguma equipe estaria confortável jogando desta forma anárquica, na qual o adversário é quase encorajado a chutar a gol quantas vezes quiser?

    O United concedeu mais de 20 chutes em cinco dos seus últimos seis jogos na Premier League e os números parecem estar piorando. O Brentford teve 31 chutes, enquanto o Chelsea teve 28. Até mesmo o Everton, que tem dificuldades para marcar gols e está lutando contra o rebaixamento, teve 23 tentativas contra o United.

    Ten Hag tem repetidamente descartado críticas à quantidade de chutes que o United tem concedido e fez isso novamente após a derrota para o Chelsea, descrevendo o foco nessas estatísticas como "ridículo".

    No mês passado, Ten Hag questionou a análise profunda de Jamie Carragher sobre o estilo de jogo de sua equipe, sugerindo que o comentarista da Sky Sports era "subjetivo", por ser ex-jogador do Liverpool. Carragher havia dito que o United "defende como uma equipe que eu nunca vi antes" e sugeriu que sua tática de pressionar com linhas altas, mas defender em bloco baixo era "impossível".

    Os torcedores do United ficaram alucinados quando viram sua equipe vencer o Liverpool algumas semanas depois, mas a natureza caótica daquele jogo apenas serviu para sublinhar o ponto de Carragher. Aquela vitória foi considerada como um ponto de virada para Ten Hag e a temporada do United, mas parece ser apenas mais um falso amanhecer, a exceção que confirma a regra.

  • Bruno Fernandes Casemiro Manchester United 2023-24Getty

    Um drama constante

    O Liverpool também tem um histórico dramático e já está acostumado a se encontrar em posições desconfortáveis, por exemplo, perdendo do Brighton e logo depois a liderança contra o Sheffield United, antes de eventualmente vencer e permanecer no topo da Premier League. Essas reviravoltas pareciam inevitabilidades em vez de grandes escapadas.

    E essa é a essência dos problemas do United. Eles têm sofrido muitos gols nos últimos minutos, mas também ganharam muitos pontos desta forma. Cinco de suas 15 vitórias na Premier League vieram de gols nos últimos 10 minutos, com três delas (contra Brentford, Fulham e Wolves) sendo nos acréscimos. Outros dois triunfos ocorreram após estarem perdendo por dois gols (contra Aston Villa e Nottingham Forest).

    Essas vitórias foram equilibradas por derrotas da mesma maneira, e Ten Hag estabeleceu um recorde que nenhum treinador gostaria ao se tornar o primeiro do United a ter 12 derrotas em uma temporada da Premier League, ultrapassando David Moyes. E ainda assim, não há indicação de se ele estará ou não no comando na próxima temporada.

    Há relatos de que a INEOS não quer mudar de treinador, já que, no momento, as mudanças necessárias já estão ocorrendo, mas não à beira do campo: na diretoria. Em um mundo ideal, eles gostariam de dar a Ten Hag outra chance, com uma estrutura adequada acima dele.

  • Jim Ratcliffe Erik ten Hag Dave BrailsfordGetty

    Até quando a INEOS é capaz de digerir?

    Mas será que Sir Jim Ratcliffe e Sir Dave Brailsford, ambos presentes em Stamford Bridge nesta quinta-feira (4) para testemunhar o caos em primeira mão, aguentarão muitas derrotas tardias e angustiantes, como os dramas vividos até aqui?

    Ferdinand resumiu o que aconteceu em campo na emocionante partida de sete gols, e alertou tanto o Chelsea quanto o United que esse estilo de jogo não é um caminho para o sucesso.

    "Nenhuma das equipes teve controle. Foi como uma partida de basquete, para cima e para baixo. Você ataca, nós atacamos. Isso é preocupante para ambas as equipes", disse ele. "Sim, o Chelsea vai se envolver nisso e vai aproveitar esta noite."

    "Mas quando a poeira baixar, Chelsea e United precisam se olhar no espelho e reconhecer que precisam encontrar um elemento de controle. Essas características (imprevisibilidade e caos) não ganham grandes títulos, simples assim."

    Agora, Ratcliffe e Brailsford devem escolher entre o caos e a ordem. Por mais que possam ter se divertido na partida com grandes emoções, eles sabem que o futebol que os comandados de Ten Hag estão oferecendo não levará o clube em que tanto investiram muito longe.

    A equipe de ciclismo da Team Sky de Brailsford, que ganhou o Tour de France sete vezes em oito anos, não deixava nada ao acaso e conseguiu ter um sucesso enorme. Está claro qual tipo ele prefere. Então, por toda alegria, emoção e partidas dramáticas que o United de Ten Hag continua oferecendo, é improvável que dure muito mais tempo.