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Joao Felix AC Milan GFXGetty

“Herdeiro de Cristiano Ronaldo”, João Félix luta para se manter relevante e vê Milan como última chance de estar à altura das expectativas

Nas últimas horas da janela de transferências de janeiro, o Milan anunciou a chegada de João Félix por empréstimo do Chelsea até o final da temporada. A saída de Félix de Stamford Bridge para San Siro no último dia da janela foi, ao mesmo tempo, surpreendente e totalmente previsível.

O português havia se juntado ao Chelsea vindo do Atlético de Madrid por 45 milhões de libras (R$ 322 milhões) ao final da última temporada. Embora a transferência tenha sido claramente uma manobra para equilibrar as contas dos dois clubes envolvidos – Conor Gallagher também seguiu na direção oposta em uma negociação tecnicamente separada, mas evidentemente interligada –, o português via a mudança como "uma chance de encontrar um lar".

"Após dois empréstimos, no Chelsea e no Barcelona, preciso ficar permanentemente em um lugar", disse Félix ao site oficial dos Blues. "Não há lugar melhor para mim do que o Chelsea."

No entanto, ele não poderia estar mais enganado. Apesar de marcar em sua segunda estreia pelo clube londrino, o atacante foi titular em apenas três jogos da Premier League na primeira metade da temporada. A maioria de seus minutos veio na Conference League e nas copas, tornando a mudança essencial para um dos grandes enigmas do futebol.

Agora, será que a transferência para o Milan será a solução para Félix? Ou, dentro de quatro meses, ele estará de volta ao Chelsea com um futuro ainda mais incerto?

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    Mudança imprudente para Madri

    Já se passaram seis anos desde que João Félix surgiu como uma sensação jovem, marcando 20 gols em sua primeira temporada como profissional pelo Benfica. Infelizmente, desde então, ele nunca chegou nem perto de repetir esse feito.

    Tomar aquela que foi, sem dúvida, a maior decisão de sua carreira não ajudou. Em 2019, Félix tinha "vários clubes" disputando sua contratação, mas, por algum motivo, escolheu justamente o que menos se adequava ao seu estilo de jogo fluido e criativo. O Atlético de Madrid buscava um substituto para Antoine Griezmann na época e acreditava que Félix era o nome ideal. No entanto, logo ficou evidente que ele não compartilhava da filosofia de Diego Simeone, que exige que os atacantes sejam a primeira linha de defesa da equipe.

    Houve alguns momentos de destaque durante sua passagem pelo Metropolitano – incluindo a conquista do título de LaLiga em 2020/21 –, mas os baixos superaram os altos. Simeone acabou perdendo toda a confiança em Félix, que sempre deixou claro que precisa do respaldo total de seus treinadores e companheiros para desempenhar seu melhor futebol.

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    "É preciso ter comprometimento"

    Quando criança, João Félix fazia parte das categorias de base do Porto, mas se desligou do clube em 2014. "Eles não acreditavam em mim tanto quanto eu acreditava", escreveu no portal The Players Tribune. "Eles não confiavam em mim em campo... No Porto, eu perdi a minha alegria."

    A história se repetiu no Atlético de Madrid. Félix podia ser tão talentoso quanto Griezmann – talvez até mais –, mas estava longe de ter o mesmo nível de dedicação. Como Simeone famosamente alertou ao comentar as dificuldades do português: "Além de talento, é preciso ter comprometimento. Quando um jogador entende por que está jogando pelo Atlético, só então tudo se encaixa."

    Félix nunca assimilou essa mentalidade. E assim, quando Simeone recebeu Griezmann de volta do Barcelona de braços abertos, o português sofreu a humilhação de perder a titularidade para o jogador que foi contratado a peso de ouro justamente para substituir.

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    Jogador de uma era passada?

    Com Simeone deixando claro seu posicionamento sobre João Félix, o Atlético naturalmente tentou vender sua contratação mais cara. No entanto, encontrar um comprador se revelou uma tarefa incrivelmente difícil. Havia, obviamente, fatores financeiros em jogo, como o alto salário do jogador e as tentativas desesperadas do Atleti de recuperar o máximo possível do investimento original.

    Além disso, a sensação de que Félix é um jogador de uma era passada também não ajudou. Vinte anos atrás, ele provavelmente teria sido um trequartista – e um excelente 10 clássico, tanto no recuo, quanto na movimentação e na busca por espaço. Livre de responsabilidades defensivas e com liberdade para criar e marcar gols, sem dúvida se destacaria no mais alto nível. Mas esse papel de camisa 10 praticamente desapareceu no futebol moderno, pelo menos em sua forma tradicional.

    Hoje, meio-campistas ofensivos – e atacantes em geral – precisam trabalhar incansavelmente para pressionar os adversários, algo que, como ficou evidente no Atlético, não é o ponto forte de Félix. Ele não é particularmente agressivo nem fisicamente imponente. Trata-se de um segundo atacante habilidoso, que provavelmente se encaixaria melhor em um sistema 4-4-2 – uma formação que poucas equipes de elite utilizam atualmente.

    O Milan, no entanto, está disposto a apostar nele. E é por isso que há um otimismo cauteloso de que a mudança para o San Siro pode, enfim, funcionar bem para todas as partes envolvidas.

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    Sérgio Conceição foi a chave para a transferência

    Zlatan Ibrahimovic revelou que o Milan precisou de apenas cinco minutos para decidir contratar João Félix quando o acordo de empréstimo foi proposto pela primeira vez pelo agente do jogador, Jorge Mendes. O principal motivo? Sérgio Conceição. "O técnico o queria muito", disse Ibrahimovic aos repórteres na segunda-feira (10).

    Conceição foi direto e honesto com Félix. Ele deixou claro que não poderia prometer tempo de jogo garantido, mas assegurou ao compatriota que, sempre que estivesse em campo, atuaria em sua posição preferida: atrás do camisa 9, como um segundo atacante.

    "Foi isso que me convenceu a vir para o Milan", admitiu o português em sua apresentação oficial. "Por enquanto, estou emprestado até junho, mas vamos ver como as coisas vão se desenrolar. No momento, estou realmente aproveitando tudo: o clube, as pessoas, as instalações.

    "Fui muito bem recebido. O mais importante é estar onde me sinto bem, e me sinto bem aqui. No futebol, tudo pode mudar, mas, se houver a possibilidade de permanecer no Milan, eu gostaria disso."

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    Impacto instantâneo

    João Félix não poderia ter tido um começo melhor em sua tentativa de convencer o Milan de que vale a pena contratá-lo em definitivo. O atacante de 25 anos marcou em sua estreia com um belo toque por cobertura, apenas 13 minutos depois de sair do banco, na vitória sobre a Roma pela Copa da Itália na semana passada, apesar da derrota para o Feyenoord, nos playoffs da Champions League ter mostrado que nem tudo são flores.

    O jornal Corriere dello Sport já sugere que Félix pode ter um impacto transformador em uma equipe que tem lutado por consistência nesta temporada. O Milan ainda está vivo nos playoffs da Champions, mas ocupa apenas a sétima posição no Campeonato Italiano. Comparações com Kaká, o brasileiro melhor do mundo em 2007 que Félix idolatrava na infância, já começaram a surgir.

    No entanto, essa história não é novidade. Félix brilhou em diversos momentos ao longo dos anos, tanto por clubes quanto pela seleção, mas nunca conseguiu atuar com a regularidade exigida de um jogador de elite. Portanto, o Milan ainda precisa ter cautela. Além disso, não está claro se o clube teria condições de comprá-lo em definitivo ao final da temporada. No momento, a renovação do empréstimo parece ser o cenário mais provável.

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    Precisa se estabelecer em Milão

    O que acontecerá a seguir depende exclusivamente de João Félix. Ele realmente parece feliz em Milão, demonstrando uma adaptação rápida ao novo ambiente, com Sérgio Conceição e seu compatriota Rafael Leão desempenhando papéis fundamentais nesse processo.

    Ainda assim, no caso de Félix, ações falam mais alto que palavras. O português sempre se expressou bem fora de campo. Já afirmou que o Atlético de Madrid lhe oferecia "as melhores condições para progredir" na carreira, descreveu sua ida ao Barcelona como "um sonho realizado" e declarou que o Chelsea era "o lugar perfeito para brilhar".

    Diante disso, suas palavras sobre o Milan devem ser recebidas com certa cautela. No entanto, o simples fato de estar recebendo minutos regulares em sua posição ideal faz com que esta seja, possivelmente, sua melhor oportunidade para, enfim, atingir todo o seu potencial.

    Félix diz que quer "fazer história" em Milão, mas seu primeiro objetivo deve ser, simplesmente, se firmar no clube. Após seis anos de incertezas e mudanças, ele precisa, finalmente, encontrar um lar.

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