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Garcia GFXGetty

Gonzalo García: como o "novo Raúl" ameaça o futuro de Endrick no Real Madrid

Thibaut Courtois afirmou que sabia qual era o principal problema do Real Madrid. Ele esteve no Santiago Bernabéu, assistindo da própria área enquanto o time sofria uma dura eliminação para o Arsenal, com um placar agregado de 5 a 1 nas quartas de final da Champions League.

O problema não era a atuação imprudente de Raúl Asencio na zaga, nem o meio-campo excessivamente desequilibrado. Tampouco foi a noite apagada de Rodrygo ou as falhas defensivas de Lucas Vázquez. Na verdade, o que o Real Madrid mais sentiu falta foi de um atacante desajeitado na casa dos 30 anos que havia deixado o clube nove meses antes.

“Fizemos muitos cruzamentos, mas este ano não temos um Joselu, um centroavante nato na área”, disse Courtois após a derrota por 2 a 1 para os Gunners no jogo de volta. “Às vezes é preciso fazer uma autocrítica. Sinto que precisamos construir mais jogadas coletivas, e não depender tanto de ações individuais.”

Courtois tinha razão. O Real insistiu em cruzamentos durante toda a partida, mas o Arsenal, mesmo sem Gabriel Magalhães, soube neutralizá-los com relativa tranquilidade. O fato de o goleiro mencionar Joselu — um jogador considerado tecnicamente abaixo do padrão exigido no mais alto nível — fez com que a declaração ganhasse destaque, mas a crítica central era válida: faltava um camisa 9 de ofício.

Três meses depois, pouca coisa mudou. O time continua sendo um elenco milionário, com mais talento ofensivo do que quase qualquer outro, mas ainda sem um finalizador confiável. No entanto, em Gonzalo García, talvez tenham encontrado uma solução.

Revelado nas categorias de base do clube, ele tem sido um dos destaques do Real Madrid no Mundial de Clubes, aproveitando a ausência de Kylian Mbappé, que ficou de fora por conta de uma gastroenterite aguda. Gonzalo participou diretamente de gols em todos os jogos até as quartas de final, seja marcando ou dando assistências. A amostra ainda é pequena, mas talvez expressiva o suficiente para garantir sua permanência nos planos de Xabi Alonso — e, de quebra, poupar ao clube alguns milhões de euros.

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  • Gonzalo Garcia Real Madrid Juve 2025 festeggiaGetty Images

    Aproveitando a oportunidade

    Gonzalo García chegou ao Mundial de Clubes com apenas 78 minutos de experiência na equipe principal, mas acabou sendo escalado por Xabi Alonso após Kylian Mbappé sofrer uma severa crise de gastroenterite, que chegou a exigir sua hospitalização por um breve período. Endrick, por sua vez, não foi incluído na delegação por conta de uma lesão muscular sofrida nas semanas finais da campanha doméstica.

    Durante sua passagem pelo Bayer Leverkusen, Alonso deixou claro que prefere escalar um centroavante que atue predominantemente dentro da largura da área quando sua equipe tem a posse da bola, e que seja ativo na pressão quando não tem. Basicamente, ele busca uma presença constante na área, alguém que incomode a defesa adversária e, acima de tudo, que saiba finalizar — tudo isso em um único jogador.

    Atacantes com esse perfil costumam custar centenas de milhões de euros, mas Gonzalo demonstrou, em suas primeiras quatro partidas no Mundial de Clubes, que reúne todas as qualidades exigidas para assumir esse papel com sucesso. Ele abriu o placar contra o Al Hilal na estreia do Real Madrid no torneio, deu uma assistência no segundo jogo, contra o Pachuca, e balançou as redes tanto contra o Red Bull Salzburg quanto contra a Juventus. Seu gol diante da Juve garantiu uma vitória suada por 1 a 0 nas oitavas de final e o tornou o único jogador da competição a ter participação direta em um gol em cada uma das partidas disputadas até agora.

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  • FBL-WC-CLUB-2025-MATCH48-SALZBURG-REAL MADRIDAFP

    Fazendo um grande esforço

    Muitas vezes se presume no futebol que jogadores jovens, especialmente atacantes, correrão com mais intensidade e entusiasmo do que veteranos quando recebem uma chance — e, embora isso nem sempre seja verdade, Gonzalo García tem demonstrado estar disposto a se entregar ao máximo.

    Xabi Alonso tem deixado claro que exige comprometimento total de seus jogadores em ambas as fases do jogo, algo que qualquer um que tenha acompanhado mais de dez minutos do Real Madrid de Carlo Ancelotti na temporada passada sabe que será um grande desafio. A equipe teve uma queda visível de intensidade nas semanas finais da campanha. Até mesmo Jude Bellingham, que havia sido exemplo de entrega e determinação em seu primeiro ano no clube, passou a mostrar sinais de apatia à medida que a temporada se aproximava do fim.

    Mudar essa cultura não será simples, mas ter jogadores como Gonzalo pode ser um passo importante nessa direção. O atacante de 21 anos correu incansavelmente durante todo o torneio, pressionando as defesas adversárias e fazendo movimentações constantes, muitas vezes sem recompensa direta, apenas para abrir espaço para Vinícius Junior.

    "Eu não tinha dúvidas sobre Gonzalo", disse Alonso após a vitória sobre a Juventus. "O que ele está fazendo não é surpresa. Ele já fazia isso no Castilla. É um típico camisa 9, sabe esperar o momento certo, se movimenta com inteligência. Estou muito feliz por ele."

  • Vincius Jr Gonzalo Garcia Real Madrid 2025Getty Images

    Trabalhando com Vini

    O surgimento de Gonzalo García pode ter um impacto especialmente positivo para Vinícius Junior. Grande parte da estratégia tática do Real Madrid nos últimos três anos foi construída para maximizar os espaços nos quais o brasileiro pode atuar com liberdade. Esse modelo começou com Karim Benzema, que tinha um instinto natural para abrir espaço para os companheiros. Jude Bellingham também teve papel semelhante em 2022/23, ajudando a criar condições ideais para Vini. Kylian Mbappé, por outro lado, não fez o mesmo — e isso foi parte do motivo pelo qual o camisa 7 enfrentou tantas dificuldades na temporada passada.

    Gonzalo, porém, parece compreender bem esse conceito. Sua movimentação foi crucial no gol de Vinícius contra o Red Bull Salzburg. À primeira vista, a jogada parece simples: um passe preciso de Bellingham e uma finalização certeira do brasileiro. No entanto, o elemento muitas vezes ignorado foi a corrida diagonal de García, que atraiu um marcador e abriu o espaço necessário para que o passe chegasse a Vini.

    É justamente em situações como essa que o Real Madrid se torna quase impossível de parar. Quando Vinícius tem a chance de partir para cima de um defensor isolado, com opções de passe ao redor ou companheiros puxando a marcação, ele pode exibir todo o seu talento. E Gonzalo, com sua inteligência de movimentação e disposição para se sacrificar pelo time, pode ser uma peça valiosa nesse quebra-cabeça.

  • Xabi MbappeGetty Images

    O que isso significa para Mbappé

    Ironias do futebol, a primeira participação de Mbappé após finalmente estrear no torneio, contra a Juventus, foi errada. Vinícius estava com a bola no lado esquerdo, no espaço entre o zagueiro e o lateral-direito — exatamente a zona onde costuma ser mais letal. Em vez de atacar o segundo pau, Mbappé tentou uma sobreposição que, naquele momento, simplesmente não existia. O defensor caiu na finta, mas Vini se viu forçado a tomar uma decisão sob pressão, e a jogada terminou frustrada, gerando descontentamento visível entre os companheiros de equipe.

    Quando Mbappé acertou com o Real Madrid, a expectativa era de que o clube encontraria uma maneira de integrá-lo ao ataque já repleto de estrelas. No entanto, está cada vez mais evidente que será necessário moldar seu estilo de jogo, e que ele precisará demonstrar disposição para atuar como centroavante em prol do coletivo, caso queira realmente brilhar no novo sistema. Contra a Juventus, a equipe piorou significativamente com sua entrada em campo: perdeu fluidez, passou a improvisar mais do que construir jogadas de forma coordenada, e por pouco não viu o adversário empatar no fim. Se a Juventus tivesse sido mais precisa nas finalizações, a partida poderia ter ido para a prorrogação — ou até mesmo terminado com uma vitória italiana.

    Mbappé, em plena forma, é insubstituível. Ele é a grande aposta de Florentino Pérez, e cabe a Xabi Alonso extrair o máximo dele. Mas com Gonzalo García, o novo treinador ao menos possui uma alternativa viável — alguém que pode não apenas pressionar Mbappé por minutos, mas também permitir que o francês seja poupado em partidas de menor importância, preservando-o para os grandes palcos onde sua presença faz toda a diferença.

  • Sevilla FC v Real Madrid CF - La Liga EA SportsGetty Images Sport

    E quanto a Endrick?

    O sucesso de Gonzalo García, no entanto, pode ter um impacto ainda mais profundo sobre Endrick. Contratado do Palmeiras por uma quantia considerável no último ano, o jovem brasileiro ainda não conseguiu se firmar no Real Madrid. Embora tenha marcado gols tanto em sua estreia em LaLiga quanto na Champions League, os únicos outros cinco gols de sua primeira temporada foram na Copa do Rei — reflexo de que nunca chegou a conquistar plenamente a confiança de Carlo Ancelotti.

    Xabi Alonso afirmou que Endrick aparenta estar em boa forma e o recebeu com entusiasmo nos Estados Unidos. Ainda assim, é improvável que ele entre em campo enquanto continua o processo de recuperação de sua lesão. Rumores sobre uma possível saída por empréstimo, que já haviam surgido em janeiro, voltaram a ganhar força após as atuações consistentes de Gonzalo no Mundial de Clubes.

    Endrick é um jogador talentoso, energético e com boa leitura de jogo. No entanto, seu porte físico — mais baixo e com um centro de gravidade mais robusto — não se encaixa naturalmente no perfil de camisa 9 que Alonso deseja para sua equipe. García, por outro lado, tem cerca de 1,83 m, é ágil, tem presença aérea e consegue executar bem os movimentos táticos exigidos pelo novo treinador. Endrick pode até ser um jogador mais talentoso em termos brutos, mas neste momento, ele simplesmente não é o centroavante ideal para este sistema do Real Madrid.

    A iminente chegada de outro jovem sul-americano promissor, Franco Mastantuono, só aumenta a pressão. Diante desse cenário, o caminho de Endrick para o time principal parece cada vez mais estreito. Uma temporada de empréstimo em outro clube europeu, onde ele possa desenvolver seu jogo com mais minutos e menos expectativas imediatas, soa como uma possibilidade cada vez mais real a cada boa exibição de Gonzalo.

  • gonzalo garcia real madridGetty Images

    O que vem por aí?

    Os próximos dez dias prometem ser interessantes para o Real Madrid. O time enfrenta o Borussia Dortmund nas quartas de final neste sábado (5), e há expectativa de que Mbappé possa estar em condições de começar a partida. Mas a grande dúvida é: ele realmente jogará? Com o desempenho de Gonzalo, Xabi Alonso terá uma escolha difícil a fazer, pois deixar o jovem fora da escalação parece cada vez menos justificável.

    Muitos certamente defenderão Mbappé, que é, sem dúvida, um jogador de futebol mais experiente e dotado de um toque de magia difícil de igualar. Ainda assim, o Real Madrid agora conta com um substituto para o estilo de Joselu — e, segundo alguns comentaristas, até mesmo um jogador com potencial para ser o “novo Raúl”. Independentemente do resultado no torneio, essa perspectiva certamente é motivo de otimismo para Alonso e para o clube.

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