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Flamengo é favorito na Copa Intercontinental, mas histórico contra Cruz Azul e times mexicanos não é dos melhores

O Flamengo pisou no Catar para disputa da Copa Intercontinental com status de favorito, elenco mais qualificado e orçamento incomparável em relação ao Cruz Azul. Mas o contexto que cerca a estreia guarda fatores que vão além do momento. A equipe mexicana, campeã da Concacaf, já virou uma pedra no sapato do clube carioca, que jamais venceu o rival em três encontros ao longo de amistosos disputados nas décadas de 1980.

Mais do que isso, qualquer debate sobre a relação do Flamengo com adversários do México inevitavelmente passa por um acervo de tropeços que fazem parte da memória da torcida. Em 19 confrontos contra equipes do país, o Rubro-Negro venceu apenas seis vezes, empatou duas e perdeu 11, de acordo com levantamento da GOAL. Dentro dessa lista estão dois dos capítulos mais dolorosos da história moderna do clube: as eliminações para América-MEX e León, ambas pela Libertadores.

Às vésperas de um duelo que vale vaga na decisão do torneio da Fifa, o passado volta ao debate não para reduzir a força atual do Flamengo, mas para lembrar que desafios contra clubes mexicanos costumam carregar elementos imprevistos. Entender esse retrospecto é fundamental para contextualizar o peso esportivo da estreia.

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  • Retrospecto geral contra equipes mexicanas

    A relação entre Flamengo e times do México começou nos anos 1960, em excursões e torneios realizados no próprio país. O Rubro-Negro oscilou desde o início: perdeu para Atlas e Chivas Guadalajara, mas venceu o Oro por 3 a 0 e bateu o León por 1 a 0 em amistoso. Também empatou com o Monterrey em 2 a 2 e voltou a enfrentá-lo duas vezes em 1987, vencendo as duas partidas.

    Na soma histórica, o Flamengo tem números desfavoráveis: seis vitórias, dois empates e 11 derrotas. Esse conjunto exclui ainda dois confrontos com a seleção mexicana e um time “all star” do país, nos quais o clube brasileiro acumulou um triunfo, um empate e uma derrota.

    Essa irregularidade se intensificou nos anos 1980, quando o Cruz Azul entrou definitivamente na história rubro-negra. Em 1985, o Flamengo empatou por 2 a 2 e perdeu nos pênaltis (9x8); dias depois, foi derrotado por 2 a 0. Em 1987, nova derrota, desta vez por 1 a 0, em um duelo disputado sem Zico, mas com a base campeã da Copa União.

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  • America de Mexico's footballer SalvadorAFP

    A ferida aberta: América-MEX em 2008

    Nenhum capítulo, porém, marcou tanto quanto a eliminação para o América-MEX na Libertadores de 2008. Depois de dominar o jogo de ida e vencer por 4 a 2 no Estádio Azteca, o Flamengo retornou ao Maracanã com uma vantagem confortável. O ambiente era de despedida para Joel Santana, que havia acertado sua saída para comandar a seleção da África do Sul. Houve festa, homenagens, clima emocional intenso — e, como relatos posteriores mostram, uma preparação conturbada.

    O América tomou conta do jogo com dois gols de Cabañas e um de Esqueda. A derrota por 3 a 0 desmontou o Maracanã e se tornou, nas palavras do próprio Joel, a pior da carreira. O técnico admitiu que não tinha condições emocionais de dirigir o time naquele dia. Ex-jogadores, como Cristian, revelaram posteriormente que o grupo lidou com distrações, substituições repetidas e um ambiente confuso na semana decisiva.

    O zagueiro Leonardo, que substituiu Fábio Luciano após uma lesão, relatou anos depois que aquele episódio mudou seu destino no clube. Terminou acuado, chorou no vestiário, saiu do estádio somente de madrugada e enfrentou a ira da torcida. A eliminação virou trauma coletivo.

  • FBL-LIBERTADORES-FLAMENGO-LEONAFP

    Outro tropeço marcante: o León em 2014

    Seis anos depois do colapso diante do América-MEX, o Flamengo voltou a viver uma noite traumática no Maracanã. Precisando apenas de uma vitória simples para avançar às oitavas da Libertadores de 2014, o time de Jayme de Almeida acabou derrotado por 3 a 2 pelo León, resultado que selou nova eliminação precoce e reacendeu lembranças de quedas marcantes — como as de 2002, 2012 e a do próprio 2008.  A equipe carioca chegou a competir, mas errou defensivamente em momentos decisivos, foi punida em contra-ataques e terminou eliminada na fase inicial. O revés colocou o León na segunda vaga do Grupo 7 — atrás do Bolívar — e deixou o Flamengo em terceiro, novamente fora do mata-mata.

  • Cruz Azul: um rival incômodo - e agora milionário

    O retrospecto, embora antigo, ajuda a explicar por que o Cruz Azul costuma ser tratado como um adversário indigesto. O Flamengo enfrentou os mexicanos três vezes e não venceu nenhuma, sempre em duelos marcados por intensidade, jogo físico e noites em que o Rubro-Negro encontrou mais resistência do que previa. Mas esse peso histórico ganha outra camada quando se observa o momento atual do clube.

    Hoje, o Cruz Azul é um dos símbolos da reestruturação milionária do futebol mexicano. O time investiu cerca de R$ 308 milhões em reforços na última temporada e montou um elenco avaliado em mais de 82 milhões de euros — o segundo mais valioso do país, atrás apenas do América. Trata-se de uma operação financiada por uma gigante do setor de cimento, que administra o clube com um nível de profissionalização que precede boa parte das ligas do continente.

    Esse ambiente não é isolado. A Liga MX atravessa um ciclo de expansão raro nas Américas, sustentado por empresas privadas, forte presença de investidores dos Estados Unidos e uma audiência crescente entre latinos que vivem fora do país. Não à toa, o México é o grande campeão da Liga dos Campeões da Concacaf, com 40 títulos, e tem visto clubes como Querétaro e Pachuca atraírem capital internacional de forma contínua. É um mercado rico, organizado e competitivo — e é dentro dele que o Cruz Azul tenta protagonismo.

    O clube chega ao Mundial da Fifa inspirado pelo exemplo recente do Pachuca, que eliminou o Botafogo no Derby das Américas em 2024, e apoiado por um elenco renovado. As três contratações mais caras da história azulcrema aconteceram justamente nas últimas temporadas, incluindo os mais de 10 milhões de euros pagos por Orozco e Paradela.

    Na comparação direta, o Flamengo ainda tem um plantel superior — avaliado em quase 192 milhões de euros —, mas enfrenta um adversário muito distante daquele que encontrou nos anos 1980. O Cruz Azul de hoje é um produto de um futebol modernizado, que movimenta cifras milionárias e que chega à Copa Intercontinental com estrutura, investimento e a ambição de transformar o que antes era apenas um incômodo histórico em ameaça real.

  • O que o passado diz sobre o presente

    O Flamengo chega à Copa Intercontinental em outro patamar técnico e financeiro. Mas o retrospecto contra mexicanos — especialmente em jogos decisivos — serve como alerta.

    Não há equivalência técnica entre o elenco atual e os adversários que protagonizaram capítulos dolorosos da história rubro-negra. Ainda assim, a repetição de dificuldades contra clubes do México sugere um padrão: jogos intensos e cenários que escapam do roteiro esperado.

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