Erling Haaland não é culpado pela temporada ruim do Manchester City, e coadjuvantes precisam melhorar de nível

Dada a assustadora média de gols de Haaland, muitas vezes é uma notícia maior quando ele não marca do que quando o faz. Assim, foi uma grande surpresa que ele não conseguiu marcar contra um time do Southampton que havia concedido 82 gols em seus últimos 35 jogos do Campeonato Inglês e registrado apenas dois jogos sem sofrer gol em toda a temporada.

O atacante se movimentou bem e mostrou vontade, mas foi pouco ajudado pelos companheiros. Foden cruzou alto demais, Doku errou um passe em contra-ataque promissor, e até quando Haaland deixou Savinho em boa posição, o brasileiro desperdiçou a chance.

"Foi uma tarde frustrante para ele. Ele parecia ansioso e precisa de ajuda. A qualidade não estava lá para ele, e aí não tem muito o que fazer", resumiu o ex-capitão do País de Gales, Ashley Williams, no Match of the Day.

Haaland tem sofrido com a falta de boas chances criadas pelo time. Nenhum jogador do City aparece entre os 10 primeiros da Premier League em grandes chances criadas nesta temporada. Só De Bruyne aparece no top 20 (13º, com 14). Savinho é o 24º (11), enquanto Bernardo Silva e Doku estão empatados em 39º (oito cada).

Mais abaixo, Foden aparece apenas em 53º lugar, com sete grandes chances criadas - mesmo número de Matheus Nunes. Haaland criou cinco (93º), e até Ederson tem quatro, mais do que Gundogan (três) e Grealish (dois).

A queda é nítida em relação à última temporada, quando o City foi campeão. Mesmo lesionado por boa parte do ano, De Bruyne terminou com 21 chances criadas. Bernardo teve 13 e Foden, 10.

Curiosamente, Haaland é o maior responsável pelos próprios gols. Ele já marcou cinco vezes aproveitando rebotes ou bolas soltas, sem assistência de ninguém.

Entre os companheiros, os que mais ajudaram foram Matheus Nunes e Savinho, com cinco assistências cada. Em seguida, vêm os pênaltis: Haaland marcou quatro vezes da marca.

Apenas Ederson, Rico Lewis e Bernardo Silva deram mais de uma assistência para ele. Já De Bruyne, que foi seu principal garçom nas duas primeiras temporadas (com 20 passes para gol), só deu uma assistência nesta temporada - mesmo número de Doku, Foden, Gvardiol e Nico O’Reilly.

Foden não tem conseguido se conectar com Haaland. Ele deu só três assistências somando Campeonato Inglês e Champions, bem abaixo das 11 da temporada passada e das seis da anterior - mesmo ano em que teve lesões e nem era titular com frequência.

Além disso, ele fez apenas 10 gols nesta temporada, contra 27 no ano passado, quando foi eleito o melhor jogador da Premier League. Essa queda de rendimento é uma das principais razões para a má fase do City, que terminou 18 pontos atrás do campeão Liverpool e caiu ainda na fase de play-off da Champions, ficando em 22º na Liga.

As lesões de De Bruyne e a demora para ele recuperar o ritmo também atrapalharam. E Guardiola tem sua parcela de culpa por não reforçar o elenco no último mercado e seguir apostando em nomes antigos do grupo.

Haaland fez o que pôde: marcou 30 gols na temporada — três vezes mais que Foden, o segundo maior artilheiro do time. Mas mesmo assim, o atacante não escondeu a frustração com o desempenho ruim do Manchester City, especialmente após o empate com o Southampton.

“Faltou fome no time. Eu mesmo não fui bem, não ajudei como deveria”, disse. “Podemos arrumar desculpas — foram muitas lesões, e em momentos difíceis — mas a verdade é que não jogamos bem o bastante. O clube tem um padrão muito alto, e por isso essa temporada foi desastrosa. Isso resume tudo. No ano que vem, vamos ter que reencontrar a vontade de competir.”

Apesar de alguns dizerem que o City joga melhor sem Haaland, seu recorde fala por si: 120 gols em 139 jogos pelo clube, com pelo menos uma participação em gol por partida.

Por isso, não deveria haver dúvida se Haaland deve começar a final da FA Cup. A verdadeira questão é como Guardiola vai fazer o time jogar para as qualidades do norueguês como antes, e garantir que Haaland finalmente marque em Wembley, para que o City leve o troféu para casa.