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Climão! Emerson Leão e Oswaldo de Oliveira criticam escolha de técnico estrangeiro para o Brasil na frente de Carlo Ancelotti

O que era para ser um encontro de celebração entre gerações de técnicos brasileiros acabou virando um momento de constrangimento na sede da CBF. Durante o 2º Fórum Brasileiro dos Treinadores de Futebol, realizado na terça-feira (4), Emerson Leão e Oswaldo de Oliveira aproveitaram o palco — e a presença de Carlo Ancelotti — para criticar a escolha de um treinador estrangeiro no comando da seleção brasileira.

A cerimônia começou com homenagens a nomes históricos e ao técnico italiano, que recebeu uma placa da Federação Brasileira de Treinadores. Mas o clima mudou rapidamente quando Leão, logo após ser cumprimentado por Ancelotti, fez um discurso repleto de críticas à “invasão” de técnicos estrangeiros no país. O ex-goleiro campeão do mundo em 1970 disse, em tom firme, que “nunca suportou” ver profissionais de fora comandando equipes brasileiras — e reiterou que não mudaria de opinião, ainda que diante do próprio técnico da Seleção.

A fala pegou de surpresa quem estava no auditório e gerou desconforto entre os dirigentes presentes. Segundo apuração do jornal O Globo, a postura dos ex-treinadores repercutiu mal na cúpula da CBF, que considerou as declarações “deselegantes e desnecessárias”. Ainda assim, Ancelotti manteve a compostura, reagindo com serenidade e até esboçou um leve sorriso ao final do discurso de Leão.

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  • O discurso de Leão: “Eu não suportava treinador estrangeiro”

    Em seu pronunciamento, Emerson Leão reforçou seu posicionamento histórico contra técnicos de fora, mas também fez um “mea-culpa” em relação à própria classe de treinadores brasileiros:

    “Quero dizer uma verdade. Vocês conhecem o meu caráter, vocês conhecem como eu sou. Eu queria dizer uma verdade, de uma mudança de comportamento meu, pessoal. Eu sempre disse que eu não gosto de treinadores estrangeiros no meu país. Estou falando aqui, na frente da nossa casa (sede da CBF). Aqui não é o dono, o presidente, aqui são os atletas-presidentes dessa instituição. Devemos satisfação e agradecimento a todos. Mas nós temos que estar presentes aqui. Então, o que eu mudei? Do lanche lá fora, do café lá fora, pra minha palavra agora aqui... Antes eu falava que eu não suportava, não suportaria treinador (estrangeiro). Você sabe que eu já falei isso, né Zé (Mário)? Você sabe que eu já falei isso e não mudo. Não mudo a minha opinião.”

    Logo depois, Leão reconheceu que os próprios profissionais brasileiros têm responsabilidade na perda de espaço para técnicos estrangeiros:

    “Mas tenho que ser inteligente o suficiente pra dizer que isso tudo tem um culpado: nós. Nós, treinadores, somos culpados da invasão de outros treinadores que não têm nada a ver com isso. Não estamos falando de nome, não estamos falando de nacionalidade. Estamos falando de erro nosso. Eu já parei, não sou mais treinador, não sou mais atleta. Mas continuo dando a minha colaboração quando solicitado. Portanto, mudei de ideia nesse exato momento.”

    O ex-goleiro ainda desejou boa sorte a Vagner Mancini, presidente da Federação Brasileira de Treinadores, e encerrou o discurso olhando para Ancelotti:

    “Você (Mancini) tem tudo para se tornar uma pessoa muito, muito importante para nós brasileiros. Então, boa sorte no seu futuro. Boa sorte para você também.”

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  • O tom de Oswaldo: “Depois que ele for embora, que venha um brasileiro"

    Outro homenageado, Oswaldo de Oliveira também aproveitou o momento para reforçar seu apoio à presença de técnicos brasileiros nos clubes e na Seleção. Ainda assim, demonstrou respeito a Ancelotti e disse ter torcido para que o italiano fosse o escolhido, já que a CBF havia decidido por um estrangeiro.

    “Eu não queria treinador estrangeiro, mas não tinha jeito. Se tivesse que ser, que fosse esse senhor. Torci para ser esse senhor. Depois que ele for embora, campeão do mundo, que venha um brasileiro”, afirmou Oswaldo, apontando para o técnico italiano.

    O ex-treinador, campeão mundial com o Corinthians em 2000, completou:

    “Como o Leão falou, eu também sou favorável à presença dos treinadores brasileiros, tanto nos clubes como na Seleção. Mas eu confesso a vocês: não tem jeito, tem que ser um estrangeiro, então eu torci para ser esse senhor (Ancelotti), torci. Não tem jeito, então que seja o Carlo Ancelotti, pelo jogador que foi e pelo treinador que é.”

  • Reação nos bastidores da CBF

    De acordo com informações do repórter Diogo Dantas, do O Globo, a repercussão interna foi imediata. Dirigentes da CBF consideraram as declarações de Leão e Oswaldo um “desrespeito” com o técnico da Seleção, especialmente por ocorrerem durante um evento promovido dentro da sede da entidade.

    Ainda assim, Ancelotti teria reagido com naturalidade e empatia. O italiano, segundo relatos, entendeu as falas como parte da discussão sobre o papel do treinador brasileiro no cenário atual e reforçou nos bastidores que seu objetivo é “ajudar o futebol do Brasil a evoluir”.

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  • O pano de fundo do debate

    A tensão exposta no fórum reflete uma discussão antiga e sensível no futebol brasileiro: a presença cada vez maior de técnicos estrangeiros em clubes de ponta e, agora, no comando da Seleção.

    Enquanto parte da classe vê a chegada de nomes de fora como um intercâmbio positivo, outros, como Leão e Oswaldo, enxergam um sintoma da falta de valorização e atualização dos técnicos nacionais.

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