Emanuel Emegha - Talentos Escondidos FC: como a sensação da Ligue 1 atraiu o interesse de Chelsea e Newcastle

Nascido em 3 de fevereiro de 2003, em Haia, Emanuel Emegha veio ao mundo como parte de um par de gêmeos e cresceu no bairro de Schilderswijk, uma região marcada por altos índices de criminalidade e pobreza. Ainda assim, sua juventude não foi definida apenas por dificuldades. Aos 11 anos, foi descoberto pelo Sparta Rotterdam, onde passou por todo o processo de formação nas categorias de base.

Criado sem a presença do pai, Emegha enfrentou problemas de comportamento na infância. Chegou a ser rotulado como enfant terrible (expressão francesa que significa "criança terrível", usada para descrever jovens talentosos, mas com comportamento difícil) por Paul Simonis, então treinador das categorias de base do Sparta e hoje técnico do Go Ahead Eagles. Apesar disso, o próprio Emegha reconhece Simonis como uma figura fundamental em sua evolução como atleta e como pessoa — uma prova de que o ambiente certo pode transformar vidas.

Com estrutura e orientação adequadas no Sparta Rotterdam, Emegha se desenvolveu rapidamente. Aos 17 anos, estreou no time principal em uma partida contra o Ajax. Pouco depois, marcou seu primeiro gol como profissional em uma vitória por 3 a 0 sobre o Vitesse. O gol foi dedicado a seu ex-companheiro Ousmane Kone, falecido tragicamente durante uma excursão da equipe.

Apesar do potencial, Emegha marcou apenas três gols em 39 partidas oficiais pelos Kasteelheren. Ainda assim, foi o suficiente para atrair os olhares de clubes fora da Holanda e iniciar uma trajetória que, mais tarde, ganharia destaque internacional.

Após sua passagem pelo Sparta, Emegha se considera pronto para dar um passo adiante na carreira, o que leva à sua transferência para o Royal Antwerp FC. No entanto, a experiência na Bélgica não é bem-sucedida: ele entra em campo apenas uma vez, como substituto, em uma partida contra o OH Leuven pela Jupiler Pro League. Pouco tempo depois, clube e jogador decidem encerrar a parceria.

É o Sturm Graz, da Áustria, que oferece uma nova oportunidade ao atacante no inverno europeu — e, dessa vez, as coisas começam a melhorar. Por lá, Emegha marca dez gols e distribui 5 assistências em 36 partidas oficiais, desempenho que chama a atenção do Strasbourg.

Em julho de 2023, o clube francês decide investir 13 milhões de euros para contratá-lo. Desde então, o atacante vem vivendo o melhor momento de sua carreira. Já em sua segunda temporada na Ligue 1, Emegha finalmente experimenta seu grande salto no futebol profissional.

O Strasbourg vive uma temporada inesquecível e sonha com uma vaga nas competições europeias. A equipe, repleta de jovens promessas como Andrey Santos, Dilane Bakwa, Diego Moreira, Guéla Doué e Valentín Barco, vem surpreendendo sob o comando do técnico inglês Liam Rosenior. O trabalho de Rosenior à frente do jovem elenco tem chamado atenção e, recentemente, lhe rendeu uma indicação ao prêmio de Treinador do Ano da UNFP (União Nacional de Futebolistas Profissionais).

Entre os destaques dessa campanha está Emanuel Emegha. A confiança depositada pelo treinador no atacante tem sido fundamental para seu desempenho excepcional ao longo da temporada. Com o Strasbourg cada vez mais perto de conquistar uma vaga no futebol europeu, o jogador de 22 anos se mostra peça-chave para transformar esse sonho em realidade.

Emegha reúne características que o tornam um atacante singular. Em termos de estilo de jogo, ele costuma ser comparado a Victor Osimhen. Apesar da estrutura física esguia, é forte no contato, tem excelente ética de trabalho e ótimo senso de posicionamento na área. Soma a isso uma leitura inteligente das jogadas, sendo capaz de perceber quando um companheiro está em melhor condição de finalizar. Sua autoconfiança também é um diferencial — e tem contribuído diretamente para os gols e assistências que vem acumulando nesta temporada.

Ainda assim, há espaço para evolução. Em alguns momentos, Emegha precisa de muitas chances para balançar as redes, o que indica que seu poder de finalização ainda pode ser aprimorado.

Essa autoconfiança, por sinal, ficou evidente após o empate em 1 a 1 com o Olympique de Marseille, em janeiro. Durante o jogo, Emegha se desentendeu com Leonardo Balerdi, zagueiro do time adversário, e não hesitou em se posicionar. “Balerdi não conseguia me acompanhar, então tentou me desconcentrar com provocações e puxões. Isso é atitude pequena. Isso não é futebol. Jogue o jogo de forma justa”, declarou o atacante à DAZN France. Na mesma partida, ele abriu o placar com uma bela cavadinha após arrancar em velocidade — um exemplo do talento e da personalidade que vem mostrando em campo.

Além das metas com o clube, Emegha também tem ambições pessoais bem definidas: ele quer vestir a camisa da seleção principal da Holanda. O atacante já declarou que se frustra por ainda não ter sido considerado para o elenco do Oranje — uma insatisfação compreensível diante do desempenho que vem apresentando nos últimos meses. No entanto, o técnico Ronald Koeman afirmou recentemente que ainda não vê motivos suficientes para convocá-lo.

Por enquanto, Emegha segue representando a seleção sub-21 da Holanda, o Jong Oranje, com a qual disputará a Eurocopa da categoria no próximo verão europeu. Diante de sua forma atual, da confiança que demonstra em campo e da evolução constante, parece ser apenas uma questão de tempo até que a convocação para a equipe principal se torne realidade.

O futuro de Emegha ainda é incerto, mas especulações já começam a surgir. Segundo o jornal francês L’Équipe, o Newcastle United demonstrou interesse no atacante do Strasbourg. Além disso, o Chelsea — que, assim como o clube francês, pertence ao grupo BlueCo — também acompanha de perto seu desenvolvimento. Uma possível transferência para a Premier League na próxima janela pode não só consolidar seu crescimento, como também ampliar suas chances de finalmente alcançar o sonho de defender a seleção holandesa.