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Man City 2.0 GFXGetty/GOAL

Cuidado, Premier League! O Manchester City 2.0 está voltando e a reconstrução de Pep Guardiola promete

Quarta-feira foi uma noite atípica na corrida pelo título da Premier League. Apesar da importância da rodada, o confronto entre Manchester City e Tottenham acabou sendo irrelevante. Toda a ação decisiva acontecia em Anfield e no City Ground: o Liverpool ampliou sua vantagem na liderança para 13 pontos ao vencer o Newcastle, enquanto o Arsenal, vice-líder, não passou de um empate contra o Nottingham Forest.

Desde a primeira temporada de Pep Guardiola no comando, o City não se via efetivamente fora da disputa pelo título após 27 rodadas. Mas, na primavera europeia de 2017, já ficava evidente que o catalão estava construindo algo especial no Etihad. A equipe perdeu apenas uma partida na liga desde 16 de janeiro – justamente contra o Chelsea, futuro campeão, em abril.

Ao fim daquela temporada, a filosofia de Guardiola já estava enraizada, e no verão ele reforçou a equipe com peças fundamentais, como Ederson, Bernardo Silva e Kyle Walker, montando a base de seu primeiro grande time no City.

Apesar da atuação irregular contra o Spurs, havia sinais de que Pep pode estar, mais uma vez, moldando um elenco capaz de dominar o futebol inglês.

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  • Pep Guardiola Manchester City 2025Getty

    Declínio inesperado e rápido

    O colapso do Manchester City foi tão abrupto quanto surpreendente. A influência de Rodri na equipe de Guardiola pode ter sido subestimada, mas poucos imaginavam que o time desmoronaria semanas após o espanhol sofrer uma grave lesão no ligamento cruzado anterior, em setembro — um problema que, provavelmente, encerraria sua temporada. Afinal, apenas quatro meses antes, o City havia conquistado um inédito quarto título consecutivo da Premier League.

    No entanto, entre 2 de novembro e 21 de dezembro, o City perdeu seis de oito jogos na liga, despencando da liderança para a sétima posição. Nunca antes uma equipe comandada por Guardiola havia sofrido uma queda tão drástica de rendimento — e o mais alarmante era que o treinador parecia incapaz de conter a crise.

    Isso levou até mesmo a especulações sobre uma possível saída de Guardiola, visivelmente desgastado, poucas semanas após renovar contrato até 2027. O cenário não parecia tão improvável, considerando seu histórico. No Barcelona, ele optou por um período sabático ao fim de sua quarta temporada, desgastado pela pressão de ver os Blaugranas perderem o domínio na Espanha.

    No Bayern de Munique, sua passagem também terminou com uma sensação de frustração. Apesar de assumir um time que havia acabado de conquistar a Tríplice Coroa, Guardiola não conseguiu levá-lo a uma única final de Champions League, mesmo com reforços como Thiago Alcântara, Xabi Alonso, Robert Lewandowski, Arturo Vidal e Joshua Kimmich.

    Diante disso, sua permanência no Etihad parecia incerta. Mas, em janeiro, Guardiola deu uma resposta enfática.

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  • Omar Marmoush Manchester City 2024-25Manchester City FC

    Gastos

    Na metade de uma campanha desastrosa, que colocou em dúvida até mesmo as chances do City de terminar entre os quatro primeiros, ficou evidente que Guardiola precisava urgentemente de reforços. Felizmente para ele, os donos do clube, em Abu Dhabi, não hesitaram em agir.

    O City gastou impressionantes £180 milhões de libras na janela de transferências de janeiro — mais do que os outros 19 clubes da Premier League juntos. Apenas o Chelsea de Todd Boehly havia superado esse valor em uma única janela de inverno, durante sua caótica e histórica onda de gastos em 2023.

    Após falhar ao não contratar um substituto para Julian Álvarez no verão, o City finalmente resolveu sua carência de um reserva — e parceiro — para Erling Haaland ao investir £59 milhões de libras na contratação de Omar Marmoush, do Eintracht Frankfurt. No meio-campo, a dificuldade de Mateo Kovacic em suprir a ausência de Rodri tornou previsível o investimento de £50 milhões de libras em Nico González, do Porto. Já os problemas defensivos da equipe levaram a um gasto combinado de £63,2 milhões de libras na aquisição de dois jovens zagueiros: Abdukodir Khusanov (20) e Vitor Reis (19).

    Guardiola está confiante de que suas principais contratações em janeiro — incluindo o jovem Juma Bah, do Valladolid, que chegou no fim do mês — terão um impacto significativo na Premier League. E, para ser justo, alguns já começaram a mostrar serviço.

  • FBL-ENG-PR-TOTTENHAM-MAN CITYAFP

    Khusanov recuperando bem

    Khusanov atraiu atenção imediata — mas pelos motivos errados — ao cometer um erro em sua estreia contra o Chelsea. No entanto, desde então, tem mostrado consistência e foi um dos destaques na vitória por 1 a 0 sobre o Tottenham.

    "Ele viajou sem bolsa de higiene, sem nada", disse um incrédulo Guardiola após o jogo em Londres. "Ele veio apenas para jogar futebol. E quando você fala com ele, ele só ri, o tempo todo! Mas é um jogador confiável, muito rápido, ágil e, com a bola, tem uma qualidade de passe extraordinária, além da capacidade de quebrar linhas."

    O técnico reconhece que o jovem ainda tem espaço para evoluir, mas já enxerga grande potencial. "Claro, ele precisa melhorar, mas tem apenas 20 anos. Já vi muitos jogadores velozes, e ele é um deles. As pessoas no clube o adoram. Ele é discreto, trabalha duro, não reclama, é muito humilde — tenho certeza de que nossos torcedores também vão gostar dele."

    Mesmo após um início difícil contra o Chelsea, Khusanov manteve a calma nos dias seguintes e, desde então, tem se destacado em campo.

  • Manchester City FC v Newcastle United FC - Premier LeagueGetty Images Sport

    Nico já em casa

    González se adaptou rapidamente ao time titular do City, o que não surpreende, já que ele e Guardiola falam a mesma língua — em todos os sentidos.

    Formado em La Masia, o espanhol de 23 anos fez sua estreia profissional pelo Barcelona antes de chamar a atenção de Guardiola com suas atuações consistentes pelo Porto nas últimas duas temporadas e meia.

    O City pode ter sido eliminado pelo Real Madrid na Champions League e superado pelo Liverpool no Etihad no último fim de semana, mas a equipe começou a recuperar sua identidade, em grande parte graças a González. Com um estilo semelhante ao de Rodri, ele tem sido peça-chave no meio-campo. Guardiola, inclusive, acredita que seus dois compatriotas podem formar uma dupla formidável assim que o vencedor da Bola de Ouro estiver completamente recuperado.

  • Omar Marmoush Manchester City 2024-25Getty

    Opções de ataque

    No entanto, é Marmoush quem parece ter mais potencial para brilhar na equipe reformulada de Guardiola. Seu hat-trick relâmpago contra o Newcastle continua sendo seu único momento de destaque em termos de gols, mas o egípcio tem se mostrado extremamente ativo e versátil em quase todas as suas atuações até agora.

    No mínimo, ele oferece a Guardiola uma opção empolgante no ataque — algo que faltou na primeira metade da temporada, quando ficou evidente que Kevin De Bruyne, Ilkay Gündogan e Bernardo Silva já não são as forças dominantes de outros tempos.

    Na verdade, seria surpreendente se os três ícones da Premier League não deixassem o clube neste verão, possivelmente acompanhados por Jack Grealish. O inglês, que um dia foi visto como uma grande promessa, tornou-se mais conhecido por sua vida fora de campo do que pelo desempenho dentro dele desde sua transferência do Aston Villa por inacreditáveis £100 milhões de libras em 2022.

    Já Phil Foden enfrenta uma situação curiosa. Apesar de ter sido eleito o Jogador da Temporada da Premier League no ano passado, há incerteza sobre seu papel no chamado "Man City 2.0". Como ficou evidente na Euro 2024, ele não se sente confortável jogando pelos lados do campo — o que pode ser um problema, já que Guardiola parece preferir pontas mais agudos, como Savinho e Jérémy Doku, para explorar velocidade e dribles nos lados.

  • Manchester City FC v Liverpool FC - Premier LeagueGetty Images Sport

    Onde Foden se encaixa?

    Quando perguntado se o City precisaria adotar um estilo mais direto para evitar ficar para trás na Premier League, Guardiola rejeitou a ideia de uma mudança radical na abordagem que o levou a tanto sucesso. No entanto, chamou atenção o fato de que, após a vitória contra o Spurs, ele não mencionou Phil Foden — ainda com apenas 24 anos — ao falar sobre a próxima grande equipe do City.

    "Os três no ataque (Doku, Savinho e Erling Haaland) são o futuro," disse Guardiola. "Nico, quando Rodri voltar, será o futuro, e, claro, Khusanov, como vocês viram esta noite. Josko [Gvardiol] também é jovem.

    "Bernardo, Gündogan, Kevin e os outros foram realmente importantes para nós. Mas é uma questão de tempo. Os jogadores jovens e talvez novas contratações no verão terão que liderar este clube nos próximos anos."

    E reforços não faltarão. O gasto desenfreado do City está longe de acabar, e a reformulação do elenco será tão abrangente quanto custosa. Guardiola já deixou claro que deseja um plantel mais robusto na próxima temporada para lidar com o desgaste físico provocado por um calendário cada vez mais congestionado.

    Também haverá uma evolução no ataque. Embora tenha admitido que jogadores como Doku e Savinho precisam refinar a tomada de decisão no último terço, Guardiola parece determinado a explorar sua imprevisibilidade. Depois de priorizar a posse de bola e a precisão por tanto tempo, ele agora está disposto a correr mais riscos e trazer um pouco mais de caos ao jogo do City, reconhecendo que a Premier League está repleta de adversários mais corajosos e ofensivos.

    O futuro imediato do clube ainda está envolto em incertezas, especialmente com o desfecho do caso judicial contra a Premier League pendente. Além disso, sempre há riscos em contratar tantos novos jogadores de uma vez. Mas não seria surpresa ver um City reformulado voltando na próxima temporada ainda mais direto, agressivo e avassalador.

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