Contratar Dibu Martinez, resolver meio-campo e as seis coisas que o Manchester United precisa fazer após fechar com Bryan Mbeumo

O maior problema do United sob o comando de Rúben Amorim tem sido a falta de gols. Na última temporada, o time marcou menos que todos os clubes da Premier League, com exceção de quatro, e teve um aproveitamento de finalizações de apenas 12,3%, o segundo pior da liga, atrás apenas do rebaixado Southampton.

Cunha e Mbeumo devem ajudar a melhorar esses números, mas o United também precisa de um camisa 9 implacável para completar seu novo trio de ataque. Rasmus Hojlund, em má fase e sem confiança, ainda não mostrou que pode assumir esse papel e o clube já parece ciente disso. Segundo o The Athletic, os Red Devils montaram uma lista de possíveis substitutos.

Viktor Gyokeres, que já trabalhou com Amorim no Sporting, chegou a ser uma opção, mas está perto de fechar com o Arsenal. Com isso, o United voltou suas atenções para Ollie Watkins e já fez sondagens ao Aston Villa para avaliar a viabilidade de uma negociação pelo atacante da seleção inglesa, que pode custar cerca de £60 milhões (R$ 459 milhões) aos cofres da INEOS.

Esse valor, no entanto, seria um preço pequeno por algo que o United não tem desde a saída de Robin Van Persie: um centroavante comprovado na Premier League. Watkins já soma 75 gols em 185 jogos de liga com a camisa do Villa. Na temporada 2024/25, apenas Alexander Isak e Erling Haaland, entre os centroavantes, superaram suas 24 participações diretas em gols.

Além de se movimentar muito bem nas costas da defesa, Watkins é um finalizador letal com os dois pés e ainda representa uma ameaça real pelo alto. Aos 29 anos, evoluiu sob o comando de Unai Emery e virou um atacante completo, exatamente o que o United precisa para decidir partidas equilibradas a seu favor.

A defesa do United não é tão catastrófica, mas há sempre o risco de desmoronar, especialmente com André Onana no gol. O ex-meio-campista Nemanja Matic chegou a chamar o camaronês de “um dos piores goleiros” da história do clube, e talvez nem tenha exagerado tanto: nenhum dos seus antecessores comprometeu tantos resultados com erros grotescos de forma tão recorrente.

Se Onana continuar como titular, Amorim começará a temporada já em desvantagem. Mas há esperança: surgiram relatos nesta segunda-feira (21) de que o United tentou, sem sucesso, um empréstimo de Emiliano Martínez, goleiro do Aston Villa.

Martínez é temperamental e também comete seus erros, mas ainda assim é muito mais seguro que Onana. Em termos de técnica e momentos decisivos, o argentino está entre os melhores do mundo e comanda sua área com autoridade natural.

Campeão do mundo e conhecido por sua competitividade, o goleiro de 32 anos exige o máximo dos companheiros e o United está carente de líderes com esse perfil. Segundo informações da imprensa inglesa, ele poderia ser contratado por cerca de £22 milhões (R$ 168 milhões) por conta de uma cláusula em seu contrato. Sendo assim, o clube deveria buscar a contratação definitiva, e não tentar economizar com um empréstimo.

“Estamos com falta de velocidade, principalmente no meio-campo, é difícil sair jogando com a bola”, disse Amorim após o empate com o Leeds. Nenhuma surpresa para os torcedores, que viram Casemiro entre os titulares na ocasião.

O brasileiro, aos 33 anos, já não consegue acompanhar o ritmo do futebol de elite. Surpreende, inclusive, que o clube ainda não tenha tentado negociá-lo com interessados da Arábia Saudita, especialmente diante da necessidade de cumprir as regras de sustentabilidade financeira da Premier League.

Kobbie Mainoo, joia da base, entrou no intervalo e mostrou leve melhora, mas ainda há dúvidas sobre sua força física. Já Manuel Ugarte, outro que veio do banco, se destacou pelo esforço, mas mostrou pouca qualidade com a bola.

Bruno Fernandes continua sendo o melhor jogador do elenco e pode até atuar mais recuado, mas isso significaria desperdiçar seu potencial ofensivo. Amorim precisa de um meio-campista clássico, que combine o melhor de Mainoo e Ugarte: técnica refinada e intensidade física.

Esse tipo de jogador se tornou essencial no futebol moderno, como mostrou Vitinha, companheiro de Bruno na seleção portuguesa, durante a campanha vitoriosa do PSG na Champions League. O United precisa de sua própria versão: um volante técnico, resistente à pressão, com capacidade de carregar a bola e controlar o ritmo da partida com qualidade nos passes e visão de jogo.

Um nome que pode se encaixar é o de Javi Guerra, do Valencia. O espanhol, de 22 anos, foi ligado ao clube nas últimas semanas. Embora ainda esteja longe do nível de Vitinha, ele já demonstra características parecidas e pode crescer nas mãos de Amorim.

Outro setor problemático do United é a ala direita. Nem a lateral e nem a ponta. A ala. A posição na qual Amad Diallo, Diogo Dalot e Noussair Mazraoui foram utilizados com frequência por Amorim. Amad e Dalot têm qualidade ofensiva, mas carecem de instinto defensivo, enquanto Mazraoui rende melhor como integrante de uma linha de três zagueiros.

Sem um especialista na função, o lado esquerdo do adversário continuará sendo um caminho fácil para atacar o United. Por isso, surge o nome de Daniel Muñoz, destaque do Crystal Palace e peça-chave na surpreendente conquista da FA Cup pelo clube.

Causa estranheza o fato de o United ainda não ter sido ligado oficialmente ao colombiano, sobretudo porque o técnico do Palace, Oliver Glasner, também utiliza o esquema 3-4-3 preferido por Amorim. A atuação de Muñoz na final da Copa da Inglaterra, contra o Manchester City, deveria ter sido suficiente para chamar a atenção da diretoria de Old Trafford.

Na decisão, o ala deu a assistência para o gol do título de Eberechi Eze após arrancada impressionante e ainda se destacou na marcação sobre Jeremy Doku e Nico O’Reilly. Poucos jogadores na Premier League têm o mesmo desempenho em duelos individuais que Muñoz, graças à sua velocidade e poder de antecipação. Além disso, ele tem ótimo cruzamento.

Muñoz renovou com o Palace até 2028 em abril, mas o United deveria ao menos testar o clube londrino com uma proposta, ainda mais após as declarações recentes do jogador. “Quero atuar pelos melhores times do mundo, mas ninguém falou comigo diretamente. Trabalho e sonho com isso todos os dias e espero que aconteça em breve. Espero que seja nesta janela, mas, se não for, estou muito feliz no Crystal Palace”, afirmou ele à emissora colombiana Win Sports TV.

Amorim também precisará abrir espaço no elenco para iniciar seu trabalho do zero em agosto. Algumas saídas importantes já aconteceram: Victor Lindelof, Jonny Evans e Christian Eriksen deixaram o clube como agentes livres. Marcus Rashford, por sua vez, deve ser emprestado ao Barcelona após admitir que não tem mais espaço sob o comando do treinador português.

Outro nome que merece ser emprestado é Rasmus Hojlund, embora por razões diferentes. O atacante dinamarquês, de apenas 22 anos, ainda tem potencial, mas não está pronto para ocupar a posição de titular no United.

Na temporada 2024/25, Hojlund marcou apenas quatro gols na Premier League, um número decepcionante para quem custou £72 milhões (R$ 551 milhões) vindo da Atalanta em 2023. Mesmo desconsiderando os gols, ele tem dificuldades nos duelos, se movimenta demais para os lados e demonstra pouca frieza na área.

Essa limitação voltou a aparecer no jogo contra o Leeds. A verdade é que Hojlund ainda não estava preparado para assumir a camisa 9 do United nem para lidar com o peso do investimento feito.

Inter de Milão, Juventus e Milan já demonstraram interesse em levá-lo de volta à Serie A por empréstimo, e talvez essa mudança, para um ambiente mais familiar, seja o que ele precisa no momento. Hojlund ainda pode ter um bom futuro em Old Trafford como atacante de força e mobilidade, mas, antes disso, precisa recuperar a confiança que o levou à elite do futebol europeu.

De acordo com o The Athletic, um dos motivos para a lentidão do United no mercado de transferências é a necessidade de vender antes de fazer novos grandes investimentos. Livrar-se dos altos salários de Rashford é um bom começo, embora ainda não se saiba se o Barcelona irá comprá-lo em definitivo. Mas, quando se trata de Antony, Alejandro Garnacho e Jadon Sancho, a diretoria precisa buscar vendas imediatas.

Antony e Sancho podem ser negociados por valores na casa de £30 milhões (R$ 230 milhões) e £20 milhões (R$ 153 milhões), respectivamente, o que representa uma perda enorme diante do investimento inicial de £157 milhões (R$ 1,2 bilhão). Ainda assim, seria um alívio para o clube encerrar a relação com ambos. Antony sempre foi limitado e não tinha nível para jogar no United, enquanto Sancho jamais demonstrou o comprometimento necessário.

O brasileiro está próximo de voltar à LaLiga após bom desempenho por empréstimo no Real Betis. Já a Juventus surge como possível destino de Sancho, depois que o Chelsea pagou uma multa para se livrar da obrigação de comprá-lo. Quando ambos saírem de vez, o sentimento dos torcedores será de alívio.

A situação de Garnacho é mais delicada. O argentino, revelado pela base, era um xodó da torcida nos primeiros anos, mas sua postura mudou drasticamente. Discussões com torcedores e postagens polêmicas nas redes sociais criaram atritos com Amorim, que já teria avisado o jogador de que ele deve procurar outro clube.

O United avalia Garnacho em £60 milhões (R$ 459 milhões), valor que seria registrado como lucro contábil. Chelsea e Aston Villa estariam interessados. Sua queda de rendimento é lamentável, mas resultado de suas próprias escolhas. O clube, neste momento, fica melhor sem ele.

Garnacho é apenas mais um de uma longa lista de jogadores que colocaram seus interesses pessoais acima do clube. Amorim precisa eliminar essa cultura nociva se quiser ter sucesso onde tantos outros fracassaram desde a saída de Sir Alex Ferguson.