+18 | Conteúdo Comercial | Aplicam-se termos e condições | Jogue com responsabilidade | Princípios editoriais
Esta página tem links afiliados. Quando você compra um serviço ou um produto por meio desses links, nós podemos ganhar uma comissão.
Javier Mascherano's potential impactGetty

Como o Inter Miami de Lionel Messi foi de azarão a última salvação da MLS no Mundial de Clubes

Foi uma noite de tendões rompidos e músculos estirados em Miami. Federico Redondo saiu mancando. Murilo, zagueiro do Palmeiras, se lesionou sozinho. Noah Allen gesticulou para praticamente todas as partes de suas pernas ao longo dos 90 minutos — e desabou ao apito final.

Até Lionel Messi, mestre da caminhada calculada para poupar energia, parecia um pouco hesitante. Mas, apesar do cansaço generalizado, o empate por 2 a 2 com o Verdão, na noite de segunda-feira (23), foi um resultado satisfatório para o Inter Miami, que agora enfrentará o PSG nas oitavas de final do Mundial de Clubes. Um feito notável para um time que, nove dias atrás, talvez nem esperasse chegar tão longe.

Os Herons começaram a campanha com um empate morno, que chegou a sugerir uma possível lanterna no Grupo A. Em vez disso, garantiram a segunda colocação, e só não ficaram em primeiro por conta de uma falha defensiva nos minutos finais. Missão cumprida para o único time da MLS que realmente se esperava ver na fase seguinte.

Ao longo da semana, o Miami amadureceu, abraçou o papel de azarão e passou a carregar a bandeira da Major League Soccer no torneio.

“É histórico para a MLS ter uma equipe nas oitavas de final”, disse o técnico Javier Mascherano após a partida. “Somos um dos 16 melhores clubes do mundo, e vamos lutar para continuar entre eles.”

📱Veja a GOAL direto no Whatsapp, de graça! 🟢
  • Luis SuarezImago

    Olá, Luisito!

    Aqui está o interessante: eles nem precisaram de Messi para chegar lá. Pelo menos na noite de segunda-feira. Na verdade, o empate, em que Messi parecia visivelmente frustrado com o time após desperdiçar uma vantagem de 2 a 0 aos 80 minutos, foi, na realidade, o show de Luis Suárez.

    O uruguaio havia passado quase despercebido no terço final da campanha até então. Um pouco mais de precisão nas finalizações contra o Al Ahly, na estreia no Mundial de Clubes, poderia ter colocado os Herons no controle do jogo. Há críticas totalmente válidas sobre sua atual capacidade de marcar gols e preocupações legítimas com suas pernas envelhecidas, que nem sempre acompanham seu raciocínio rápido.

    Contra o Palmeiras, no entanto, ele mostrou que ainda tem lenha para queimar. Na prática, o Inter Miami avançou graças a dois momentos de pura genialidade do uruguaio. O primeiro veio com uma jogada inteligente desde o próprio campo de defesa: um toque para limpar a marcação e um passe de canhota em diagonal para Tadeo Allende, que finalizou com tranquilidade.

    O segundo foi o clássico Suárez: movimentação rápida para a esquerda, desvio calculado em dois defensores e um chute de canhota, sua "perna ruim", forte demais para dar tempo de reação a Weverton. Até o próprio Suárez parecia surpreso por ter reencontrado a forma dos 25 anos.

    Ainda restam dúvidas sobre sua capacidade de atuar com regularidade em alto nível. Estamos falando de um jogador que já sente os efeitos da idade. Não seria prudente apostar que Suárez vai carregar o Inter Miami pelo torneio inteiro. Seus números de gols e assistências por 90 minutos caíram pela metade em relação à última temporada. Mas ele apareceu quando mais precisavam.

  • Publicidade
  • FBL-WC-CLUB-2025-MATCH01-AHLY-INTER MIAMIAFP

    Investimento inteligente

    Boa parte da conversa sobre o Miami nesta temporada gira em torno de sua capacidade de investir. E, de fato, o clube parece ter acertado na última janela, priorizando reforços que trouxeram profundidade e qualidade, em vez de buscar uma contratação midiática e impensada. Ainda assim, jogadores e comissão técnica têm criticado abertamente as regras de gastos da MLS.

    Mascherano revelou à GOAL que o clube teve interesse real em contratar Neymar, mas esbarrou nas limitações impostas pela liga.

    “Não podemos falar sobre o Ney porque não há nada de concreto”, afirmou. “Obviamente, ele é um grande jogador. Todo treinador no mundo gostaria de tê-lo. Mas, neste momento, você conhece as regras da MLS sobre teto salarial. Para nós, hoje, é impossível.”

    Sergio Busquets compartilhou da mesma frustração.

    “Esperamos que (mudanças) possam acontecer em breve”, disse o meio-campista. “Há clubes que já estão trabalhando nisso, outros que ainda enfrentam dificuldades. É complicado atuar em uma liga com tantos times e um modelo tão diferente, conduzido pela MLS, algo ao qual nós, europeus, não estamos acostumados. Então, espero que as coisas evoluam aos poucos.”

    Ambos têm um ponto. Mas isso parte da suposição — um tanto otimista — de que o Miami usaria esse espaço financeiro para reforçar o elenco com mais profundidade, e não para trazer nomes como Neymar, Thomas Müller, Kevin De Bruyne ou qualquer outro astro europeu disponível.

    Ainda assim, há um argumento válido de que o clube foi sensato ao aproveitar ao máximo os recursos que tinha. Essa campanha no Mundial tem sido tanto sobre os coadjuvantes quanto sobre os protagonistas. Benjamin Cremaschi brilhou na vitória por 2 a 1 sobre o Porto. Ian Fray e Noah Allen têm sido incansáveis na defesa. Até Redondo tem cumprido bem seu papel. Mascherano prometeu antes da temporada que o time se apoiaria em seus jogadores de função.

    E foi exatamente isso o que aconteceu.

  • FBL-WC-CLUB-2025-MATCH35-INTER MIAMI-PALMEIRASAFP

    Lionel Messi surpreendentemente combativo

    Surpreendentemente, houve quem encontrasse motivos para criticar Messi após o empate em 2 a 2. Ele teve a ousadia de não marcar, não dar assistências nem conduzir o Inter Miami a mais uma virada milagrosa. No fim, o time teve que se contentar com um ponto contra uma das melhores equipes da América do Sul, resultado que, na verdade, deveria ser celebrado. Para alguns, foi uma tragédia.

    É sempre um pouco frustrante para os fãs quando Messi não entrega algo extraordinário. Mas o que não apareceu na súmula foi tudo o que ele fez sem a bola. Messi se envolveu no jogo. Correu. Recuou nos momentos certos. Cortou linhas de passe. Até o cartão amarelo que recebeu por uma entrada alta, que, em outras circunstâncias, poderia ter virado um vermelho, foi aplaudido por Mascherano.

    Essa entrega, essa intensidade, talvez sempre tenham sido subestimadas no jogo de Messi. Desde as provocações contra a Holanda na Copa do Mundo de 2022 até os embates verbais com o América do México na pré-temporada, o argentino nunca teve receio de se impor. E foi exatamente isso que ele fez contra o Palmeiras.

    Alguns chamaram de irritação, um capitão se comportando mal. Na realidade, foi paixão. E ver o maior jogador de todos os tempos demonstrando esse espírito de luta pode ser o impulso emocional que os Garças precisavam.

  • FBL-WC-CLUB-2025-MATCH35-INTER MIAMI-PALMEIRASAFP

    Javier Mascherano blindado na área técnica

    Uma coisa precisa ser dita: Mascherano não estava sob pressão antes do início do torneio. É verdade que o Inter Miami não vinha empolgando na MLS e não é cotado entre os favoritos ao título. Mas ele não é um treinador fraco, e sua amizade com Messi o torna praticamente intocável, senão blindado, no comando da equipe.

    Ainda assim, havia dúvidas legítimas sobre sua capacidade de liderar um time profissional e tomar boas decisões táticas.

    Mascherano dissipou parte dessas incertezas nas últimas semanas. Ele pode não ser um gênio tático, e talvez nunca venha a ser. Mas sua habilidade de inspirar, ajustar a equipe e liderar não pode ser subestimada. Falou o que precisava à imprensa, garantiu que o Miami tinha qualidade para avançar no grupo. E, talvez o mais importante: engoliu um pouco o próprio orgulho.

    Ele entendeu que o Inter Miami não pode controlar todos os jogos com a bola nos pés ou dominar os adversários. Técnicos adoram repetir que suas equipes precisam “saber sofrer”. Pode soar como clichê, mas o Miami provou que isso faz sentido.

    O time foi superado em finalizações em dois dos três jogos da fase de grupos. Contra o Porto, no entanto, foi mais preciso. Criou mais “grandes chances” que o Palmeiras. É verdade que também cedeu oportunidades? Sim. Mas poucas delas foram claras. O time aceita entregar a posse, se expõe a riscos moderados — e, sim, conta um pouco com a sorte.

  • Don Garber MLSGetty

    A "cara" da MLS

    Vamos encarar os fatos: a responsabilidade sempre seria do Inter Miami quando o assunto fosse representar a MLS. Eles caíram no grupo mais acessível entre os três clubes norte-americanos (sério, um minuto de silêncio para o Seattle Sounders, que teve que encarar PSG, Atlético de Madrid e Botafogo). Além disso, o Miami é o atual vencedor do Supporters' Shield e detém o recorde de pontos na temporada regular passada. Ah, e aquele tal de Messi talvez tenha adicionado um pouco mais de pressão também.

    Uma das grandes histórias deste Mundial de Clubes é a curiosidade sobre a MLS. Em que patamar global a liga realmente está? Ela consegue competir de igual para igual com os grandes? Messi e o Inter Miami pareciam ser, mais do que o Seattle ou o LAFC, o time mais bem equipado para responder a essas perguntas da maneira certa.

    “É uma noite importante para a MLS... toda a liga tem que se orgulhar do Inter Miami”, disse Mascherano após a classificação.

    E esse é, no fim das contas, o ponto central. O Miami foi inserido no torneio, para irritação de alguns dentro da própria liga, mas, sem dúvida, uma decisão bem-vista pelo comissário da MLS, Don Garber. A presença do clube pode ser vista como uma jogada comercial, uma maneira da FIFA garantir a maior audiência possível em torno de Messi, e, por consequência, do Mundial de Clubes.

    Mas o Miami correspondeu, ou, melhor dizendo, superou as expectativas. É verdade que o restante da liga pode estar sentindo um pouco de inveja. O LA Galaxy, atual campeão da MLS Cup, talvez se sinta prejudicado. Mas o fato é que um clube da MLS está entre os 16 melhores do Mundial. Isso, por si só, é extremamente relevante. Em outras palavras: está no placar.

  • Cavalier SC v Inter Miami CF - 2025 Concacaf Champions CupGetty Images Sport

    O PSG é inevitável?

    A dura verdade é que o Inter Miami provavelmente será eliminado neste fim de semana. O PSG é forte demais. Começaram o torneio atropelando o Atlético de Madrid, tropeçaram diante do Botafogo, mas depois retomaram o ritmo ao bater o Seattle com autoridade. São, neste momento, o melhor time do mundo — e jogam como se estivessem determinados a provar isso.

    Eles devem, simplesmente, passar tranquilamente pelo Miami. Um Messi de 38 anos, por mais brilhante que seja, dificilmente será capaz de contê-los.

    Mas isso não é exatamente o ponto aqui. O que antes era obrigação virou uma espécie de fracasso honroso, bem ao estilo norte-americano. Se o time de David Beckham conseguir competir de igual para igual, mostrar entrega, raça e os intangíveis que o trouxeram até aqui, essa campanha já será um sucesso, independentemente do resultado. Tudo além disso será lucro inesperado.

    O PSG é, basicamente, um “bônus”. Poucos vão criticar o Inter Miami caso sejam goleados, mas se lutarem, se venderem caro a derrota, o respeito virá. Talvez haja algo de condescendente nessa leitura, mas tudo é uma questão de perspectiva, e essa não é uma narrativa que o clube consiga controlar.

    Mascherano, para seu crédito, soube lidar bem com o contexto.

    “Obviamente o PSG é um time muito bom, acabaram de ganhar a Champions League. Provavelmente são os melhores do mundo hoje. Mas vamos entrar com fé, empolgados por enfrentar uma equipe desse nível”, disse o treinador. “Estamos animados com o desafio. Vamos para a próxima fase acreditando.”

    O mais difícil já foi feito. Quatro pontos contra adversários teoricamente superiores e um empate suado contra um time subestimado bastaram. O Inter Miami e a MLS chegaram lá. Um time envelhecido, mas que cresceu com o desafio.

0