Às 21h32 do dia 11 de março de 2020, o mundo dos esportes nos Estados Unidos parou — primeiro por causa de um vírus, depois por causa de um apito. Naquela noite, tudo começou a fechar.
Quando a NBA anunciou a suspensão de sua temporada após Rudy Gobert, do Utah Jazz, testar positivo para a Covid-19, o impacto foi imediato. Não se tratava apenas de uma pausa no basquete. Estádios ao redor do planeta também silenciaram. Temporadas inteiras foram canceladas. A engrenagem global dos esportes — movida por paixão, espetáculo e lucros — travou. Foi um período de isolamento e incerteza.
O futebol, claro, não ficou imune. O jogo mais popular do planeta também foi paralisado. Mas, três meses depois, em meio à ansiedade e dúvidas, a Major League Soccer encontrou um caminho. Um plano improvável, talvez, mas ainda assim um plano — e um que poderia trazer o futebol de volta.
“Obviamente, o projeto aqui em Orlando é incrivelmente ambicioso.”
Don Garber, comissário da MLS, estava sendo modesto. “Ambicioso” era pouco. No verão norte-amricano de 2020, em plena pandemia global, a liga concebeu algo inédito: um torneio isolado, dentro de uma bolha, para que o futebol pudesse voltar — com segurança.
Tudo começou com um telefonema. Alex Leitao, CEO do Orlando City, ligou para Faron Kelley, então vice-presidente do ESPN Wide World of Sports, complexo esportivo dentro do Walt Disney World Resort, na Flórida.
A MLS, como o restante do mundo, estava em espera. Mas... e se não precisasse estar?
"Meu telefone tocou", lembrou Kelley. "Era meu amigo Alex Leitao. Ele disse: 'Ei, ideia maluca. A MLS está pensando em criar uma bolha — um único local onde os times poderiam jogar um torneio. Você acha que dá pra fazer?' Ninguém jamais tinha feito algo assim. O mais próximo seria uma Olimpíada, com atletas vivendo e competindo no mesmo lugar."
“Agora imagine isso somado a um vírus sobre o qual, em abril e maio, sabíamos pouquíssimo... Desde essa primeira ligação da MLS até o momento em que os jogadores pisaram nos campos para treinar, se passaram apenas 66 dias.”
A proposta, inicialmente tratada como plausível, logo ganhou corpo. Leitao mandou uma mensagem para Gary Stevenson, presidente da MLS Business Ventures, que levou a ideia a Don Garber.
“Tenho essa ideia maluca”, lembrou Leitao. “Conversei com o pessoal da Disney, e eles acham que pode dar certo. O que você acha?” Meia hora depois, estávamos todos em uma chamada no Zoom com o comissário Garber. Repeti a ideia. Ele gostou. Disse: ‘Vamos organizar isso. Vamos tentar.’”
Em apenas dois meses, a ideia virou realidade. Especialistas foram consultados, protocolos rigorosos foram criados, testados e colocados em prática. No verão daquele ano, 550 jogadores desembarcaram em Orlando para disputar o inédito — e agora lendário — Torneio MLS is Back.
Poucos sabiam o que esperar. Muitos não tinham ideia de como aquilo mudaria suas vidas.
Cinco anos depois, o MLS is Back permanece como um marco surreal na história do futebol nos EUA. Um torneio que deixou legados ainda não totalmente compreendidos. Para alguns, parecia um acampamento de verão para adultos — futebol no paraíso, longe do caos do mundo real. Para outros, foi um pesadelo: semanas de confinamento, enfrentando desafios físicos e mentais sem precedentes.
O torneio começou em 8 de julho de 2020. Foram 51 partidas, todas sem público, encerrando-se pouco mais de um mês depois, com o Portland Timbers levantando uma taça personalizada no dia 11 de agosto.
Uma coisa é certa: todos que deixaram Orlando naquele verão saíram com uma nova perspectiva sobre o futebol — e sobre a vida.
Enquanto nos aproximamos do quinto aniversário do primeiro chute, a GOAL conta a história do Torneio MLS is Back — nas palavras de quem viveu cada instante.
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