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Ancelotti should answer Brazil's callGetty

Carlo Ancelotti PRECISA ser o novo técnico do Brasil: chegou a hora do italiano deixar o Real Madrid

Você conhece o roteiro. O Real Madrid entra em campo com sua constelação de Galácticos. Eles começam sonolentos, e os primeiros 15 minutos são difíceis de assistir. Talvez cedam algumas chances. Podem até sair atrás no placar ou simplesmente desperdiçar demais a bola. Sem intensidade, sem paixão. Os primeiros murmúrios tomam conta do Santiago Bernabéu. Em noites piores, viram vaias e apupos. E então, acontece. Carlo Ancelotti sussurra algo para seu filho, Davide, aponta para algumas partes do campo. A famosa sobrancelha se ergue. De repente, o Real desperta. Um time modesto do Campeonato Espanhol acaba derrotado por 4 a 1. Mini-crise superada.

Nos últimos anos, virou moda dizer que Ancelotti não faz muita coisa como treinador. Seu famoso "levantar de sobrancelhas" virou meme (como este texto faz questão de lembrar). Seu time titular, no começo da temporada, contava com quatro legítimos candidatos à Bola de Ouro e um grupo de coadjuvantes que seriam protagonistas em praticamente qualquer outro clube. Quão difícil pode ser administrar isso tudo? Difícil o suficiente, ao que parece...

Mas há quem diga que o estilo de Ancelotti é perfeitamente adequado para o cenário de seleções — um ambiente em que táticas excessivamente complexas raramente funcionam, dada a limitação de tempo com os atletas. É mais um espaço para aproveitar os momentos e criar a atmosfera ideal para que um grupo de elite tenha sucesso. Faz sentido, então, que a seleção brasileira esteja, supostamente, interessada em contar com seus serviços mais uma vez após a demissão de Dorival Júnior.

Ancelotti recusou a proposta no último verão europeu, ao prometer cumprir seu contrato atual com o Real Madrid até, pelo menos, 2026. Mas, com a vaga aberta novamente e outras peças se encaixando nos bastidores, talvez esse seja o momento certo para o italiano assumir seu próximo desafio como treinador.

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  • Brazil v Uruguay - FIFA World Cup 2026 QualifierGetty Images Sport

    O desastroso Dorival

    É fácil perceber o que a seleção brasileira precisa. Seus três principais jogadores — Neymar, Vinicius Júnior e Rodrygo — são verdadeiros talentos fora da curva, craques do futebol, indivíduos incrivelmente habilidosos que, quando bem utilizados, estão no nível dos melhores do mundo.

    No entanto, os treinadores, especialmente nos últimos anos, têm enfrentado dificuldades para entendê-los — e Dorival Júnior foi particularmente mal nesse aspecto. Ele vivia em um estado constante de incerteza sobre como encaixar todas as peças.

    O trio de meio-campo formado por Bruno Guimarães, Joelinton e — quando disponível — Lucas Paquetá, parecia consolidado. Vinícius era nome certo na esquerda. Rodrygo fazia sentido tanto pela direita quanto centralizado. Raphinha, nos últimos meses, também conquistou espaço no time. Mas nada disso fluía com naturalidade.

    A equipe se mostrava estagnada, previsível e lenta. Vini era caçado em campo toda vez que tocava na bola — e entrou em uma seca de gols histórica. Rodrygo não encontrava os espaços certos. Raphinha não conseguia repetir a forma eletrizante que exibe no clube.

    Por isso, não foi surpresa quando Dorival foi demitido. Era um técnico fraco, perdido, sem preparo para comandar uma seleção com um perfil tão protagonista internacionalmente falando. O que o Brasil precisa, na verdade, é de alguém que entenda essa realidade — e que saiba como se conectar com esse grupo.

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  • FBL-EUR-C1-MAN CITY-REAL MADRIDAFP

    A abordagem Ancelotti

    Carlo Ancelotti não é um gênio tático no sentido tradicional. Ele não está reinventando, reembalando ou remodelando o futebol a cada temporada. Não existe um “estilo Ancelotti” marcante.

    Em vez disso, trata-se de um técnico que domina como poucos a arte da 'boa vibe'. Alguém capaz de reunir jogadores extremamente talentosos e criar o ambiente — e o sistema — para que esses indivíduos se transformem em um grupo coeso de virtuoses. Quando isso funciona, o resultado pode ser mágico. E é exatamente disso que a seleção brasileira precisa.

    As estrelas da seleção precisam de espaço para brilhar e de motivação na dose certa. Parte desse processo passa, também, pela relação com a imprensa.

    Ancelotti é mestre em elogiar publicamente seus atletas. Chamou Jude Bellingham de “o melhor jogador do mundo” em dezembro (mesmo tendo dito o mesmo sobre Vinicius Júnior nove meses antes). Também afirmou que Dani Carvajal, Lucas Vázquez e Federico Valverde eram, cada um a seu modo, os melhores laterais-direitos do futebol. Às vezes, o reforço positivo é tudo o que se precisa.

  • Real Madrid v Real Sociedad - Copa del ReyGetty Images Sport

    O outro lado da gestão de pessoas

    Mas Ancelotti também sabe ser implacável. Não se deixa levar por sentimentalismos e já demonstrou, repetidas vezes, que o bem-estar no vestiário não está acima do desempenho em campo.

    Ele avisou Toni Kroos e Luka Modric, ainda no início de 2023, que deveriam se preparar para buscar novos caminhos, já que ambos estavam com os contratos perto do fim (acabaram ficando). Sacou Rodrygo em momentos decisivos, foi duro com o irregular Aurelien Tchouaméni e deu ao jovem milionário Endrick apenas alguns minutos esporádicos.

    É uma meritocracia que vale para todos — e que funciona. Muito, muito bem.

    O Real Madrid pode até estar três pontos atrás do Barcelona no Campeonato Espanhol — e já ter saído derrotado nos dois Clásicos da temporada —, mas ainda é o time a ser batido, tanto na Espanha quanto na Liga dos Campeões. O fato de ter superado lesões sérias, como as de ligamento cruzado anterior de Carvajal e Éder Militão, e ainda assim seguir firme no topo, é um reflexo direto do trabalho de alto nível de Ancelotti.

    E, com dois meses restantes até o fim da temporada, o Real está bem posicionado para brigar por todos os títulos que restam.

  • Kylian Mbappe Vinicius Jr Real Madrid 2024-25Getty

    Mais um triplete por aí?

    Após vencer a Real Sociedad em circunstâncias dramáticas no meio da semana, o Real Madrid agora se prepara para encarar o Barcelona, valendo vaga na final da Copa do Rei.

    Os merengues também entram como favoritos no duelo contra o Arsenal pelas quartas de final da Champions League, marcado para a próxima semana. E se o Barça realmente escorregar na briga pelo título do Campeonato Espanhol, tudo indica que o Madrid saberá aproveitar. O próximo Clássico, marcado para 11 de maio, tem tudo para ser um dos mais decisivos dos últimos anos.

    É claro que o sucesso dependerá, em grande parte, dos jogadores. Kylian Mbappé precisa continuar balançando as redes. Vinicius tem que seguir desequilibrando. Bellingham precisa manter o nível altíssimo em todas as áreas do campo, enquanto o restante do elenco sustenta a consistência defensiva e coletiva.

    Mas também cabe a Ancelotti organizar esse tabuleiro. E há algo a ser dito sobre saber parar no auge.

    O italiano já conquistou 15 títulos em duas passagens pelo Real Madrid. Se vencer mais uma Champions e conquistar o tricampeonato espanhol, vai elevar esse número para 17. Surpreendentemente, no entanto, ele nunca conseguiu uma tríplice coroa. Se completar esse feito histórico, não haverá mais nada a provar. E talvez esse seja o melhor argumento possível para uma despedida.

  • brazilGetty Images

    De que mais é preciso?

    Ancelotti sempre foi um cidadão do mundo da bola. É o único treinador a conquistar títulos nas cinco principais ligas da Europa. Já comandou AC Milan, Chelsea, Bayern de Munique, Paris Saint-Germain, Napoli, Real Madrid e (de forma um tanto surpreendente) o Everton.

    Tirando os rivais tradicionais desses clubes, não resta praticamente nenhum gigante europeu onde ele ainda não tenha trabalhado. Um retorno ao PSG até chegou a parecer uma possibilidade em certo momento, mas a ótima condução de Luis Enrique no clube tornou esse cargo fora de cogitação.

    Além disso, comandar uma seleção nacional sempre pareceu ser a última fronteira a ser explorada por Ancelotti.

    Há cerca de um ano, a CBF acreditava que já tinha fechado com ele. O presidente da entidade chegou a garantir publicamente — sem apresentar, claro, qualquer prova concreta — que Ancelotti seria o treinador do Brasil na Copa América.

    O técnico, por sua vez, respondeu dizendo que era a primeira vez que ouvia falar da proposta — mas que se sentia honrado por estar ligado à função. E agora que os rumores voltaram à tona, assumir a seleção parece fazer todo o sentido.

  • Club Atletico de Madrid v Real Madrid - Supercopa: Second LegGetty Images Sport

    Bem-vindo de volta, Xabi!

    O problema final — e mais óbvio — é o da sucessão em Madri. Ancelotti foi um treinador que marcou época no Real, conduzindo a transição de um elenco veterano para uma equipe jovem e cheia de talento. Esse time tem tudo para continuar forte pelos próximos cinco anos, no mínimo.

    Substituí-lo será um desafio à altura do que o Liverpool enfrentará após a saída de Jürgen Klopp, ou do que o Manchester City terá que encarar quando Pep Guardiola decidir partir. É, possivelmente, a tarefa mais complexa do futebol atual. Felizmente, há um nome que parece ideal para assumir esse posto.

    Xabi Alonso poderia ter deixado o Bayer Leverkusen no mercado do meio do ano passado, após conquistar a Bundesliga, mas decidiu ficar e tentar repetir o feito. Nesta temporada, os resultados não têm sido tão impressionantes, e o time deve perder algumas de suas peças principais — especialmente Florian Wirtz — de seu sistema envolvente e fluido.

    Alonso, frequentemente apontado como futuro técnico do Real Madrid, pode sentir que chegou a hora de cumprir seu destino. Afinal, ele defendeu o clube por cinco anos como jogador, uma experiência que o ajudaria imensamente a conquistar um vestiário historicamente difícil como o do Real — tanto quanto seu conhecimento tático.

    Claro, nada está decidido ainda — até porque quase nunca existe uma linha de sucessão claramente definida no futebol. Mas Ancelotti sempre pareceu talhado para a seleção brasileira e, se o Real conquistar tudo nesta temporada — como realmente tem potencial para fazer —, seria uma transição natural para um dos maiores técnicos da história do futebol de clubes rumo à sua próxima missão.

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