Ainda não, Real Madrid! 'Mini Rodri' Nico González e um devastador Omar Marmoush podem decidir virada do Manchester City na Champions League

O Manchester City tem lidado com uma lista crescente de problemas nesta temporada, mas, contra o Newcastle, pareceu que bastaram dois jogadores para fazer a maioria dessas questões desaparecer de repente. Khusanov teve uma atuação excelente, especialmente após seu pesadelo de estreia contra o Chelsea, mas a vitória foi, acima de tudo, construída por González e Marmoush – as aquisições mais empolgantes e valiosas da grande farra de compras do clube em janeiro.

Nenhum dos dois começou contra o Real Madrid. Marmoush teve apenas seis minutos em campo, mais os acréscimos, entrando justamente quando seu novo time desmoronou de uma vantagem de 2 a 1 para uma derrota por 3 a 2. Mas, se ele e González forem titulares no Bernabéu, o City tem uma chance real de virar a eliminatória.

Marmoush não teve um início dos mais fáceis desde sua transferência de £59 milhões vindo do Eintracht Frankfurt. O City foi humilhado por 5 a 1 pelo Arsenal e depois passou um sufoco na Copa da Inglaterra contra o Leyton Orient. Não foi surpresa, portanto, que ele começasse no banco contra o Real. Mas, diante do Newcastle, mostrou exatamente por que foi o segundo maior fornecedor de gols e assistências nas cinco principais ligas europeias – atrás apenas de Mohamed Salah – e por que o City fez tanto esforço para contratá-lo.

O egípcio começou jogando pelo lado esquerdo do ataque e foi dali que criou sua primeira jogada de perigo, dançando na área antes de finalizar por cima do travessão. Mas, a partir daí, movimentou-se como um centroavante – e finalizou como um também.

O primeiro gol de Marmoush veio de um toque por cobertura após receber um lançamento de Ederson. No segundo, ele precisou de apenas dois toques: um para dominar o passe em profundidade de Ilkay Gündogan e outro para mandar a bola no cantinho. O terceiro foi relativamente simples, servido por Savinho, mas ele não desperdiçou, finalizando de primeira. Ao comemorar o primeiro hat-trick da carreira, era impossível não imaginar como o City poderia ter se saído se Marmoush tivesse sido titular contra o Real Madrid.

"Ele tem algo que nos falta, apesar de toda a qualidade dos nossos jogadores. Sua velocidade nas costas da defesa, ele tem muita explosão, é um bom executor, um ótimo finalizador", disse Guardiola. "Liguei para alguns contatos na Alemanha porque tenho amigos lá. Perguntei algumas coisas e a opinião sobre ele era muito positiva em vários aspectos – seu comportamento nos treinos, sua capacidade de marcar gols. Ele é jovem e veio para construir sua carreira aqui."

Marmoush não oferece apenas gols e movimentação em profundidade; ele representa uma alternativa ofensiva valiosa a Haaland, que tem carregado um peso excessivo na responsabilidade de marcar nesta temporada. Antes do jogo de sábado, o norueguês havia marcado 39% dos gols do City na Premier League, com 19 tentos. Phil Foden vinha em seguida, com sete – embora cinco deles tenham saído em um período de apenas 11 dias em janeiro – e Josko Gvardiol aparecia na terceira posição, com cinco. Com seu hat-trick ainda no primeiro tempo, Marmoush já entrou no top 5 de artilheiros do City em 2024/25.

Marmoush oferece mais opções de passe aos jogadores do City e impõe um problema duplo aos adversários, que agora precisam conter não apenas Haaland, mas também um dos jogadores mais produtivos da Europa. Como destacou o ex-goleiro do City, Joe Hart, no programa Match of the Day da BBC: "Essa ameaça está sempre presente agora. Não é só Haaland que eles precisam se preocupar." Alan Shearer complementou: "Tudo no jogo dele foi impressionante. Ele já tem um bom entrosamento com Haaland. O Newcastle simplesmente não conseguiu lidar com ele."

E o Real Madrid, conseguirá? Haaland finalmente quebrou seu jejum contra os Merengues na semana passada, após quatro tentativas frustradas, mas a sensação era de que ele era a única ameaça real do City. Os atuais campeões da Champions League tiveram que escalar uma defesa improvisada no Etihad, mas serão reforçados no jogo de volta com o retorno de Antonio Rüdiger – o mesmo que neutralizou Haaland no confronto das quartas de final da última temporada. Agora, porém, o zagueiro alemão tem outro problema para se preocupar: Marmoush.

Embora isso não tenha sido tão evidente contra o Newcastle, Marmoush também conta com uma caixa de ferramentas excelente. Além dos 19 gols marcados pelo Eintracht Frankfurt na primeira metade da temporada, ele também registrou 11 assistências no Campeonato Alemão e na Europa League. Há um argumento sólido para que ele seja titular contra o Real, possivelmente no lugar de De Bruyne, que teve impacto mínimo no primeiro jogo.

Embora Marmoush tenha, compreensivelmente, dominado as manchetes no sábado, Guardiola parecia mais interessado em destacar a influência de sua segunda maior contratação da janela de janeiro. O técnico elogiou González, contratado por £50 milhões do Porto no último dia do mercado, e destacou a importância do meio-campista: "A presença de Nico ajudou muito nos duelos 50/50. Se há 10 bolas divididas, ele ganha sete delas."

Guardiola ainda colocou o ex-jogador da base do Barcelona em uma companhia ilustre ao compará-lo ao jogador mais influente da história recente do City, cuja longa ausência tem pairado sobre a equipe nos últimos cinco meses. "Ele é como um mini-Rodri. E isso é um grande elogio", disse o treinador, antes de rapidamente acrescentar: "Mas ele ainda está longe de ser como Rodri, que é o melhor. Ainda assim, temos a sensação de que ele nos ajudará muito na reta final da temporada com sua presença – essa presença que é essencial na Premier League. Ele é forte nas bolas longas e no jogo físico, áreas onde Rodri tem sido fundamental para nós."

Embora tenha perdido os três desarmes que tentou, segundo as estatísticas pós-jogo, Gonzalez recebeu um forte apoio da torcida no Etihad ao desarmar Tino Livramento nos minutos finais, aproveitando bem seu físico de 1,88m. Sua presença imponente também ajudou a liberar Gündogan das funções defensivas, que têm sido um desafio para ele nesta temporada – e, na verdade, ao longo de toda a carreira. Além disso, González ajudou a dar mais proteção a Khusanov e adicionou uma camada extra de segurança ao lado de Stones, que agora parece estar recuperando a forma que tinha há duas temporadas, após superar seus problemas físicos.

O espanhol foi praticamente impecável com a bola, completando 100 dos 103 passes que tentou. Guardiola também ficou impressionado com a liderança do novo meio-campista, destacando um momento em que González corrigiu o posicionamento de Haaland. Talvez essa característica tenha vindo de seu pai, Fran González, ex-jogador da seleção espanhola e campeão de LaLiga com o Deportivo La Coruña.

Fran chegou a trabalhar como olheiro do City e tentou levar o filho para a base do clube, mas Nico permaneceu no Barcelona – o time que escolheu defender na base em vez do Real Madrid. Ele, aliás, tem um histórico perfeito contra osMerengues, tendo vencido por 1 a 0 com o Valencia e participado da goleada de 4 a 0 do Barça no Bernabéu, há três anos.

Essa mentalidade vencedora e personalidade forte serão fundamentais na quarta-feira (19), pois o City ainda parece carregar um certo complexo de inferioridade ao enfrentar o Real Madrid. Isso é compreensível, considerando a eliminação traumática na semifinal de 2022 e a queda nos pênaltis na última temporada, quando a equipe de Carlo Ancelotti optou por uma postura extremamente defensiva.

Guardiola chamou a atenção para esse complexo de inferioridade ao afirmar que sua equipe tinha apenas "1% de chance" de vencer o confronto. O treinador justificou seu pessimismo citando os diversos colapsos tardios do City nesta temporada, deixando claro que a vitória convincente sobre o Newcastle foi uma exceção, e não a regra.

"A realidade é que temos estado a milhas e milhas de distância", disse ele. "A realidade é que temos sido muito, muito ruins em desempenho e resultados nesta temporada, e só porque jogamos muito bem hoje isso não muda a opinião nem a realidade da equipe neste momento."

Mas se Guardiola estava sendo sincero com essa declaração, ele estava errado. O resultado contra o Newcastle não altera o placar contra o Madrid, é claro, mas o desempenho mostrou do que o City é capaz quando tem um verdadeiro pilar no meio-campo e outro goleador nato ao lado de Haaland. Afinal, é isso que se espera quando se investe £109 milhões em dois jogadores.

Guardiola teve seus motivos para não escalar suas novas contratações no primeiro jogo, mas com a campanha na Champions e a temporada em jogo, ele precisa usar suas novas armas no Bernabéu e partir para cima do time de Acelotti. E se Marmoush e González conseguirem atuar com a mesma fome e qualidade demonstradas contra o Newcastle, o City tem todas as chances de tornar a missão aparentemente impossível em realidade.