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Arte São Paulo 16x9GOAL

5 áreas que precisam de atenção para o São Paulo melhorar e ir bem na Libertadores e no Brasileirão

"Burro, burro, burro".

Era inconfundível o coro bradado pelos são-paulinos ao concretizar da eliminação diante do Novorizontino em casa - um MorumBIS praticamente lotado. O alvo? Também era inconfundível. Thiago Carpini.

A tensão, por sua vez, se prostrava clara e óbvia na zona oeste de São Paulo quando Renato Palm se dirigia à grande área para a cobrança do que seria o pênalti que acabaria com qualquer otimismo tricolor remanescente da conquista da Supercopa do Brasil, de seis semanas atrás. É certo dizer que, mesmo que os são-paulinos tivessem celebrado um suado triunfo nas penalidades e avançassem, consequentemente, às semifinais do Paulistão, haveria, ainda, total desconfiança no que se refere ao seguimento da vida do São Paulo em 2024.

E, com Brasileirão, Libertadores e um inédito título da Copa do Brasil a ser defendido ao longo dos próximos meses e a permanência de Carpini bancada pela alta cúpula no MorumBIS, o Tricolor inevitavelmente precisa lamber suas feridas e recalcular rota.

Abaixo - com a bússola em mãos -, a GOAL disserta sobre os rumos que o São Paulo precisa tomar para um 2024 melhor...

  • Calleri Corinthians 2024ubens Chiri / Saopaulofc

    Menor dependência em Calleri

    O São Paulo está há mais de um ano atrás do substituto de Calleri. Basicamente, desde que Luciano foi realocado para uma posição mais recuada, liderando a última linha do meio de campo.

    Pablo e Éder eram os que encabeçavam o ataque no início da temporada 2021, antes do Tricolor acertar o retorno do ídolo para segundo semestre. Desde então, o clube não tem nenhuma carência na posição, sendo, na verdade, sempre lembrado como um dos poucos clubes do cenário brasileiro com um camisa 9 sob poucos questionamentos.

    O problema de ter um jogador com 63 participações diretas em gols - 49 tentos e 14 assistências - em 138 jogos, porém, é que o fardo a ser carregado por quem quer que seja seu substituto durante sua ausência será igualmente pesado.

    Erison foi inicialmente testado no ano passado, mas, sofrendo com as lesões, não rendeu o esperado - marcando apenas três vezes em suas 19 partidas pelo clube, recebendo boa parte das oportunidades em sequência na reta final do Brasileiro, já com a conquista da Copa do Brasil assegurada, quando Calleri passou por uma cirurgia no tornozelo.

    A bola da vez é André Silva. Em sua estreia, justamente neste fim de semana, não se escondeu do jogo, mas ficou bem limitado durante seus 65 minutos em campo, tocando apenas nove vezes na bola e errando quatri dos seus oito passes no jogo. Pouco, claro.

    Mas, também é evidente, trata-se apenas da primeira oportunidade de um jogador que chegou há poucos dias. André Silva terá tempo para se adaptar e foi a escolha da diretoria para compor o ataque do time.

    Fato é, porém, o São Paulo está em atraso nesta demanda há mais do que alguns meses.

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  • Rafinha Arboleda AlissonRubens Chiri e Paulo Pinto / Saopaulofc.net

    Mais consistência defensiva

    Outro problema da falta de solução à 'Calleri-dependência' é o fardo jogado nas costas da defesa. A conta é simples: se sua média de gols é menor, sua média de gols sofridos também precisa ser menor, assumindo a manutenção dos resultados.

    Rafael entrou no top-10 de goleiros com mais clean-sheets conquistados em uma única temporada, em 2023, com 42 jogos sem ser vazado em 66 partidas - incrível média 0,63 por partida. Nestes dois primeiros meses, contudo, foram 12 partidas com apenas um clean-sheet, média ínfima de 0,083 por 90 minutos.

    Um dos pilares, portanto, da última temporada precisa ser recuperado. Dificuldade de implementação de um novo sistema de jogo pode muito bem ser um processo mais demorado no início de um novo trabalho, e a segurança defensiva serve como o salvo conduto.

    Problemas no setor de criação acontecem. Inconsistência defensiva em um novo sistema de jogo também é uma situação natural. Os dois juntos, porém, cobram o preço.

  • James Rodrígues 2024Rubens Chiri / Saopaulofc.net

    Mais James Rodríguez

    Um dos grandes assuntos no pós-eliminação foi o fato de James Rodríguez não ter cobrado nenhum pênalti na disputa contra o Novorizontino - enquanto dois defensores, Diego Costa e Igor Vinícius, que já haviam participado e convertido penais em mais de uma oportunidade no retrospecto recente, tiveram a responsabilidade; Costa acabou desperdiçando o pênalti derradeiro.

    "Em relação aos pênaltis, nós temos um relatório do que trabalhamos na semana com o percentual de cada um, mas no dia a gente também ouve o feedback do atleta, por estar seguro ou não, e temos que levar isso em conta também, se o atleta está à vontade ou não", explicou. "Esperamos a manifestação dos atletas e seguimos assim. Gostaria de exaltar a personalidade do Diego, que quis bater. Erramos todos e caímos de pé, convictos com o que foi feito".

    Carpini não foi muito claro nessa primeira indagação. Tanto que, logo em seguida, outro repórter pediu confirmação se James não havia se sentido confiante para bater. "Não foi isso que eu disse", repondeu. "Ele não disse 'não vou bater. Nós abrimos a conversa: 'quem bate o primeiro? O segundo...?' Os atletas se manifestaram, e nós respeitamos".

    James, até hoje, cobrou duas penalidades com a camisa do São Paulo; perdeu ambas - uma delas, a única na eliminação, também no MorumBIS, diante da LDU, nas quartas de final da Copa Sul-Americana do ano passado. É compreensível, portanto, que havia quem não tivesse 100% de confiança no colombiano da marca da cal.

    Mas o objetivo aqui não é debater a qualidade de James Rodríguez. Isso vai além de qualquer discussão. A pergunta que fica é: como o São Paulo pode tirar mais do camisa 55? Desde que anunciou sua permanência, James entra no decorrer dos confrontos vindo do banco de reservas, e é seguro dizer que é sempre capaz de dar uma 'cara nova' ao jogo. Seja com seus passes mais diretos, seu posicionamento flutuante entre as linhas ou uma eventual tentativa de jogada individual, a qualidade está lá. Resta, claro, debatermos a questão física, o principal 'fantasma' da carreira do atleta. Todos sabiam disso no momento de sua contratação.

    Ainda assim, qualquer evolução no atual elenco do São Paulo será certamente acelerada passando pelos pés do meia. Um dos principais objetivos de Carpini no segundo semestre será, portanto, tirar mais proveito de James - independente de como.

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  • Wellington Rato lesionado 2024Rubens Chiri / saopaulofc.net

    Melhor gestão física

    Ah! As lesões... O torcedor do São Paulo está mais do que acostumado em ver seus jogadores baqueados. E isso, claro, é um problema.

    Rafinha, Igor Vinícius, James Rodríguez, Calleri, Moreira, Giuliano Galoppo, Patryck, Lucas... São apenas alguns dos nomes recorrentes no DM do São Paulo no ano passado. Coincidentemente ou não, todos estes já sofreram algum retardo físico neste início de 2024 - que mal completou dois meses de duração -, sendo que, na maior parte das vezes, falamos de contusões musculares, relacionadas, portanto, ao rendimento físico. Isso sem contar com as 'novas' ausências, como Wellington Rato, Wellington, Rodrigo Nestor e, mais recentemente, Luiz Gustavo.

    É seguro, assim, dizer que Carpini precisa assumir um papel mais 'gerenciador'. Rogério Ceni, argumenta-se, teve como grande algoz as dezenas de contusões que assolaram o elenco tricolor ao longo de sua última passagem, o que confere a característica de 'impiedade' do futebol brasileiro. 'Seu elenco está baqueado? Arranje soluções'. Foi assim. Sempre será.

    Isso porque a desculpa do DM se aplica até certo ponto. Carpini até pode argumentar - com total coerência, inclusive - que as atuações do time foram limitadas por conta das ausências. Se não há, entretanto, prognóstico de evolução algum mesmo com o que o técnico ainda tem em mãos, fica difícil argumentar que haveria vida melhor estivessem todos à disposição.

  • Thiago Carpini 2024Rubens Chiri e Paulo Pinto / Saopaulofc.net

    "Calma"

    Se a diretoria do São Paulo ainda não desaprova o trabalho de Carpini - o que é inegavelmente evidenciado por sua manutenção como comandante técnico -, a torcida desaprova.

    Os gritos de "burro" deram as cartas do torcedor presente no MorumBIS. E, por mais que exista a tese do 'torcedor de estádio' e do 'torcedor das redes sociais' - grupos claramente divididos durante os períodos mais turbulentos da última 'era Ceni', por exemplo -, desta vez parece que todos estão em harmonia, apesar dos gritos de "calma, c..." de Rafinha, durante o segundo tempo da eliminação em casa.

    "É só o começo do trabalho. Tivemos dois meses com altos e baixos já. A eliminação é dura, o torcedor fez sua parte, mas não conseguimos o objetivo, que era o de todos nós. As decisões importantes estão apenas começando. Tirando o que ocorreu hoje, não acho que tenhamos um saldo negativo", seguiu Carpini, no pós-jogo.

    Mas a torcida discorda. Grande parte - senão a maior parte - dos analistas também discorda. O São Paulo iniciou o ano apostando em um técnico extremamente promissor, defendendo o seguimento de um projeto estruturado, seguindo uma rota determinada. Hoje, porém, parece uma equipe sem rumo dentro de campo - sem uma proposta clara de jogo, novos problemas no gerenciamento de lesões e, acima de tudo, extrema desconfiança.

    Mesmo com o apoio estruturado entre o elenco - o que, na atual conjuntura do futebol brasileiro, já é um baita ponto positivo para Carpini -, a alta cúpula do São Paulo tem uma decisão a fazer: se confia ou não no trabalho do técnico no longo prazo. Com três semanas livres à frente, período maior do que a própria pré-temporada deste ano, o clube não pode se dar ao luxo de, mais uma vez, oferecer um 'neo-respaldo' - um apoio com data de validade na primeira derrota no Campeonato Brasileiro -, como foi o caso de Rogério Ceni.

    É verdade, o ano passado terminou com o inédito título da Copa do Brasil. Mas, convenhamos, se há uma coisa que já poderia mudar de cara neste pós-Paulista seria uma concreta definição acerca do futuro de Carpini.

    Começa a 'pré-temporada 2.0' no CT da Barra Funda...

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