Enquanto Rogério Ceni celebrava a conquista da Copa do Nordeste pelo Fortaleza após vitória de 1 a 0 sobre o Botafogo-PB em João Pessoa, o São Paulo era eliminado pelo Bahia em Salvador em derrota pelo mesmo placar nas oitavas de final da Copa do Brasil.
Se geograficamente a distância entre Ceni e o clube que o consagrou era de quase a 925 km, em termos de situação na temporada ela é infinitamente maior. Enquanto o Fortaleza venceu o Copa do Nordeste e o Campeonato Cearense, o São Paulo foi eliminado antes da fase de grupos da Copa Libertadores, caiu em sua primeira fase na Copa do Brasil, perdeu a final do Paulistão e já está em terceiro treinador no ano.
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A separação entre Ceni e São Paulo aconteceu no começo de julho de 2017, há quase dois anos. Com o time na zona de rebaixamento e após seis jogos sem vencer, a situação se provou insustentável até mesmo para a torcida apaixonada pelo "Mito".
Sob o comando de Ceni, o São Paulo chegava à metade do ano já eliminada da Copa do Brasil, da Copa Sul-Americana, sem o título estadual e com a única ambição de se salvar da degola no Brasileirão. Neste ano a situação não é tão diferente: eliminado de tudo precocemente e ainda na seca estadual, ao menos o São Paulo de 2019 está na quarta posição do Brasileirão, mas sem atuações que convençam a torcida de que essa posição irá durar por muito tempo.
É curioso observar como São Paulo e Rogério Ceni lidaram com esses últimos dois anos. O ex-goleiro parece ter aprendido com seus erros: se no seu tempo de São Paulo ele criou problemas ao confrontar Rodrigo Caio no episódio do Fair Play, brigou com Cícero no vestiário e desagradou parte do elenco ao barrar Neílton, no Fortaleza ele ganhou moral por bancar e lidar com as secas de Romarinho e Wellington Paulista, que eventualmente deram retorno em jogos importantes.

No Fortaleza, Rogério Ceni também conseguiu dar foco para a defesa. O time foi o terceiro time que menos sofreu gol na Série B do ano passado, uma confiança e continuidade no setor que o treinador nunca conseguiu colocar nos tempos de São Paulo, quando trocava peças o tempo todo.
Por fim há a relação com a diretoria. Enquanto no São Paulo houve uma sensação de traição pela demissão após tantas promessas de confiança no trabalho -sem contar as inúmeras vendas de jogadores durante a temporada-, no Fortaleza o que mais se exalta é a sintonia entre treinador e presidência. Ceni tem voz nas decisões do clube, nas contratações e nos bastidores sem as picuinhas que já viraram tradição no Morumbi.
Ao analisarmos os tantos técnicos que vieram nestes dois anos sem Ceni (Dorival Júnior, André Jardine, Diego Aguirre, Vágner Mancini e Cuca) é que os problemas se repetem. Ontem mesmo, após a derrota para o Bahia, Cuca reclamava da atitude dos jogadores que sabem que serão vendidos e não se entregam em campo. Parece uma reclamação que ouvimos desde sempre e que ainda não se resolveu.
Assim como se repete o clima ruim no vestiário, a falta de confiança nos bastidores e o desempenho de jogadores que chegam com nome e história rica e atuações pobres. A demissão de Ceni há dois anos não foi sem justificativa, mas serviu de lição para apenas um dos lados.




