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Perpetua Nkwocha, da Nigéria, em jogo contra a AlemanhaChristof Koepsel/Bongarts/Getty Images

Perpetua Nkwocha: ela queria ser freira, mas virou a grande artilheira da África

Perpetua Nkwocha já estava consagrada como uma das maiores futebolistas da história da Nigéria e de toda a África, com títulos continentais, inúmeros prêmios individuais e participações em Olimpíadas e Copas do Mundo no currículo. Mas faltava uma bola.

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Para a matemática do Grupo A na Copa da Alemanha, em 2011, aquele Canadá x Nigéria em Dresden não valia nada. Ambas as seleções já eliminadas, a terceira queda seguida das nigerianas sem vencer nenhum jogo. Pior, marcando só um gol nas últimas oito partidas mundialistas. Mas veio a bola.

Um chute de longe explodiu no corpo da zagueira canadense, e a bola espirrada rolou perfeitamente, nas costas da defesa e na medida para o arremate, nem fraca nem forte, mas no ponto para o toque de Nkwocha. Gol. As Super Falcons voltavam a vencer em Mundiais e a camisa 4, referência nas conquistas locais, finalmente colocava seu nome na prateleira das goleadoras das Copas.

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"É minha maior lembrança pessoal. Fiquei muito feliz porque eu estava começando a pensar que nunca iria acontecer", disse anos depois. E olha que, ainda se aquele tapa no canto e único gol em Mundiais não saísse, não faltariam histórias para contar.

Melhor da África

A seleção da Nigéria é a mais bem sucedida do futebol feminino no continente. Foi campeã das sete primeiras edições da Copa das Nações Africanas, e nos primeiros 20 anos de história perdeu apenas cinco jogos em competições locais. Ao todo, são 11 títulos dos 13 já disputados com os vizinhos.

Tamanho desempenho fez com que a Nigéria fizesse parte do seleto grupo que disputou todas as edições da Copa do Mundo, alcançando agora oito presenças junto das campeãs Estados Unidos, Alemanha, Noruega e Japão, além das vices Suécia e Brasil.

E se no início, claro, a maioria das jogadoras da seleção atuava no próprio futebol nigeriano, a internacionalização foi caminhando à medida que o futebol feminino foi se desenvolvendo em suas ligas principais. A seleção que chega à França para o Mundial deste ano tem 16 atletas que atuam na Europa, nos Estados Unidos ou na China; um dos destaques do time, Asisat Oshoala, foi para o futebol inglês aos 21 anos, passou pela Ásia e hoje, aos 24, joga no Barcelona.

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De Nkwocha para Oshoala

"Eu tento copiar o jeito dela jogar, mas não apenas dentro de campo, como também aprender com ela sobre fora dos gramados. Me espelho em seu caráter e vejo que é algo que as jovens podem se inspirar".

A fala é de Oshoala, mas poderia ser de qualquer jogadora do elenco atual. Perpetua Nkwocha, meia e atacante, se tornou um exemplo para a geração que viu a hoje ex-jogadora de 43 anos empilhar gols e abrir caminhos para as jogadoras africanas.

Nkwocha queria ser freira ou advogada. Mas jogar bola na rua com os meninos em Ngo Okpalla a fez ser a única da família de sete filhos a seguir com o futebol. Claro que não foi fácil: primeiro os pais chegaram a proibir a garota de jogar. Mas depois, quando a escola foi convidada para um torneio fora da cidade, ela foi levada pelo então Larry Angels, hoje River Angels, para atuar pelo clube. Se destacou e chegou à seleção desde a Olimpíada de 2000, permanecendo quinze anos na equipe nacional. No meio disso, foi para o futebol sueco já na faixa dos 30, e por lá ficou até se tornar treinadora.

Perpetua Nkwocha, ex-jogadora da Nigéria, foi eleita quatro vezes a melhor jogadora da África

Eleita melhor jogadora da África nas temporadas 2004-05-10-11, é a única a ter quatro prêmios, mas pode ser alcançada em breve, veja só por quem: Asisat Oshoala. A atual jogadora do Barça, que também se destacou no mesmo River Angels, foi a melhor jogadora no vice-campeonato mundial sub-20 em 2014, ano em que levou pela primeira vez o prêmio individual máximo do continente. Repetiu em 2016 e 2017. Tem três.

"Eu vejo ela indo melhor do que eu fui, já se tornando a jogadora africana do ano aos 20", disse Nkwocha à imprensa nigeriana pouco antes da Copa do Mundo de 2015. No Canadá, Oshoala foi titular nos três jogos e fez um gol; Nkwocha, reserva, entrou no segundo tempo de uma só partida. A seleção terminou no último lugar, eliminada no grupo com apenas um ponto ganho.

O maior jogo

A história de Nkwocha até é possível de ser alcançada por sua sucessora: quatro Copas do Mundo e duas Olimpíadas disputadas, cinco títulos e três artilharias africanas, e quatro prêmios de melhor jogadora do continente. Mas tem um jogo, um específico jogo, que vai ser difícil demais de ser repetido.

Na Copa Africana de Nações de 2004, a Nigéria estreou com vitória diante da Argélia, mas depois empatou com Camarões em 2 a 2. Estava ligado um sinal de alerta diante de um rival que poderia entrar no caminho de um novo título das Super Falcons.

E de fato se reencontram na decisão em Johannesburgo, dias depois. E Nkwocha fez o jogo de sua vida. Foram três gols no primeiro tempo e mais um aos 15 minutos do segundo. Quatro bolas na rede numa decisão que terminou 5 a 0 com mais um gol nigeriano perto do fim. Ela, artilheira com 9 em 5 jogos.

Não que Oshoala não tenha tempo para isso, afinal também já fez seu gol de título africano, também sobre Camarões, dez anos depois, e ainda lhe resta uma longa carreira pela frente. Agora, na Copa da França, ela tem a primeira competição da Fifa sem a grande referência, e numa seleção com média de idade de 25 anos.

Como motivação estão os 20 anos da melhor campanha de todas, na única vez em que a equipe passou da primeira fase, em 1999; e, claro, os tantos e tantos gols de Nkwocha, o símbolo inesquecível, ainda que o maior torneio de todos só tenha visto sua comemoração emocionada uma vez em toda a história, naquela bola desviada que a procurou para fazer justiça em Dresden.

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