Poucos discordam que Lionel Messi é o melhor jogador do mundo em sua geração – o que não quer dizer ser, necessariamente, o maior ou o mais vitorioso, evidentemente. Mas quando o assunto são os prêmios individuais, como Bola de Ouro e Fifa The Best, ser o melhor muitas vezes não é o bastante: estar o melhor em um time que tenha chegado a uma final de Champions League, Eurocopa ou Copa do Mundo – e de preferência ter sido campeão de tais competições – é o que costuma ditar o vencedor destas congratulações, tão supervalorizadas em um esporte que não é individual.
No entanto, o próprio Lionel Messi é uma exceção a esta própria regra. Dentre as seis Bolas de Ouro que o argentino já recebeu, por três vezes o camisa 10 não vinha de temporada na qual conseguira levar seu clube a uma final de Champions League ou sua seleção a alguma final importante. Estamos aqui falando de 2010, 2012 e 2019. Nas outras três – 2009, 2011 e 2015 – o rosarino havia saboreado temporadas espetaculares, e com títulos europeus, com o Barcelona. Para as premiações de 2021, Messi se apresenta com grande favoritismo para ser novamente eleito “o melhor jogador do mundo”.
Futebol ao vivo ou quando quiser? Clique aqui e teste o DAZN grátis por um mês!
São três os maiores argumentos do camisa 10: ser realmente o melhor jogador é importante; o fato de nenhum outro ter sido o grande protagonista do título de Champions League ou da Euro 2020, apesar da excelente temporada de Jorginho pelos campeões Chelsea e Itália, ajuda demais dentro da forma como as premiações costumam ser distribuídas nos últimos anos. E, por fim, o título da Copa América.O peso da Copa América
Getty Images(Foto: Getty Images)
O título continental sul-americano foi uma das conquistas mais celebradas por Messi e toda a Argentina, por ser sido o seu primeiro pela seleção e por ter tirado a Albiceleste de um jejum de 28 anos sem taças de grande porte, mas é curioso que na disputa pela Bola de Ouro, por exemplo, o seu peso não é tão considerável. A última vez que um jogador ganhou o galardão individual na mesma temporada de um título de Copa América foi com Rivaldo, em 1999. E vale destacar que naquele ano o brasileiro não foi campeão europeu com o Barcelona, longe disso.
Ausência de um grande protagonista vencedor
Talvez a ausência de um grande protagonista vencedor no continente seja o que acabe alçando, dentre os critérios mais utilizados nos últimos anos, o favoritismo de Messi.
Robert Lewandowski, atual detentor do Fifa The Best, teve temporada histórica pelo Bayern de Munique mais uma vez campeão na Bundesliga, mas os alemães não chegaram à decisão da Champions League e a Polônia, defendida pelo atacante, fez o que se esperava dela na Euro 2020... e isso não ajuda muito Lewandowski.
Kevin De Bruyne foi espetacular pelo Manchester City campeão inglês e apresentou futebol para estar na disputa. Os Citizens perderam a final da Champions sem ter o belga na maior parte do tempo, depois que o meia foi substituído por lesão. Se tivesse conseguido levar a Bélgica ao menos até a semifinal da Euro 2020, talvez De Bruyne pudesse aparecer com maior força... mas os Diabos Vermelhos caíram nas quartas de final para a Itália. Para N'Golo Kanté, volante que faz dupla com Jorginho no Chelsea, a queda da seleção francesa para a Suíça, na Euro, também não lhe ajudou em nada.
E ainda temos Harry Kane, artilheiro e líder de assistências na Premier League em um Tottenham que sequer conseguiu vaga para a Europa League. Seria possível imaginar Kane como favorito à Bola de Ouro e/ou The Best caso a Inglaterra fosse campeã da Euro 2020? Sem dúvida. Mas o English Team ficou com o vice e Kane sequer finalizou a gol na finalíssima contra os italianos, ainda que tenha convertido seu pênalti nas disputas alternadas.
E aí quando os melhores e mais decisivos da temporada não conseguiram um argumento mais forte para si, talvez tais premiações fique com quem é o melhor jogador de fato.
Os números de Messi na temporada
Getty Images(Foto: Getty Images)
Ao contrário do que vinha sendo comum em anos anteriores, Messi não foi o artilheiro da temporada europeia e nem mesmo o líder de assistências. O Barcelona não conquistou La Liga e ficou com uma Copa do Rei como prêmio de consolação (não que isso tenha afetado o ânimo do argentino nas comemorações). Lionel evidentemente jogou muito e decidiu jogos, mas o Barça não o ajudou no argumento total. Foi a seleção argentina, quem diria, quem fez este papel.
Getty Images(Foto: Getty Images)
O título da Copa América, como dito anteriormente, teve um peso enorme para Messi e para a Argentina. Embora não tenha feito uma final à altura de seu futebol, o camisa 10 terminou a competição como artilheiro (quatro gols) e líder em assistências (cinco). Foi quem carregou a Albiceleste até a final contra o Brasil, sem dúvidas. Mas, novamente, o título de Copa América não é dos critérios mais importantes para definir uma Bola de Ouro.
E talvez nem mesmo os 38 gols (menos do que Haaland,Mbappé e Lewandowski) ou as 12 assistências (menos do que muita gente) na temporada europeia de clubes tenham o peso que costumeiramente é dado. Se a temporada 2020-21 de futebol não teve um grande protagonista de uma conquista europeia, como foi o caso de Lewandowski com o Bayern em 2020, talvez a premiação termine mesmo com Messi. E não seria injusto.