Basile Boli Marseille AC MilanGetty Images

Escândalo de propina: Como um título de Champions League se tornou alvo de corrupção?

Até hoje, o Olympique de Marseille é o único clube francês a ter conquistado a Champions League. Aconteceu em 1992-93, mas após o único gol marcado por Basile Boli na decisão contra o Milan não faltou polêmica.

Tudo começou quando o então presidente do time, Bernard Tapie, acompanhava a preparação do time para a final, que, naquele momento, se tornou obsessão. As finais perdidas nas edições anteriores motivaram a aquisição de jogadores de peso, como Marcel Desailly, Fabien Barthez e o campeão mundial Rudi Völler. 

Basile Boli Marseille AC MilanGetty Images
(Foto: Getty Images)

Um jogo fora de casa contra o Valenciennes, na semana anterior, evidenciou um grande esquema. A partida era de extrema importância, e o 1 a 0 no placar foi obtido com relativa facilidade. No intervalo do jogo, porém, Jacques Glassmann, da equipe mandante, disse ao técnico Boro Primorac que Jean-Jacques Eydelie e Jean-Pierre Bernes, defensor e diretor do rival, respectivamente, ofereceram dinheiro para que Glassmann "tirasse o pé". 

Descobriu-se depois que ele não foi o único. Jorge Burruchaga e Christophe Robert também receberam a oferta e, a esposa do segundo pegou uma mala com grande quantia no hotel da equipe que viria a ser vice-campeã da Ligue 1. Uma investigação foi aberta em junho de 1993, e seguiu com meses de testemunhos a favor e contra a acusação.

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Dentro dos gramados, o clube perdeu o direito de defender o título da Champions, apesar de não retirarem a conquista de 1993. Na França, o clube foi rebaixado automaticamente e foi obrigado a decretar falência. A recuperação veio apenas quando o dono da Adidas, Robert Louis-Dreyfus, assumiu o comando do clube, em 1996.

Os principais envolvidos no escândalo foram presos. Tapie recebeu pena de dois anos por corrupção e suborno, assim como Bernes. Eydelie, no entanto, foi quem sofreu a pior das condenações.

O defensor versátil teve a carreira interrompida quando chegava no auge. Ele foi condenado a um ano de prisão, mas cumpriu apenas 17 dias. Contudo, ele foi suspenso do futebol por 18 meses, tornando-o um andarilho do futebol, que, mesmo com uma passagem no Benfica, não conseguiu se firmar.

Em biografia publicada em 2006, ele afirmou que diversos jogadores foram obrigados a tomar injeções suspeitas antes da final da Champions, o que não foi provado pelo exame anti-doping após o duelo. 

Marseille Champions League 1993Getty Images
(Foto: Getty Images)

Tapie tentou processar o ex-jogador, porém não teve sucesso. Arsène Wenger, que era técnico do Monaco na época, chegou a dizer que foi "o período mais difícil" da vida dele, indicando que algo de errado aconteceu. Ainda assim, o ex-Arsenal também afirmou que "é difícil provar algo, mesmo com um incidente acontecendo após o outro, o que obviamente não é coincidência.

A cabeçada de Boli pode ter colocado a si mesmo e o Marseille na eternidade, mas o sucesso que tiveram ficará marcado como um que veio através da trapaça.

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