Na esteira da segunda derrota seguida na Série B 2021, o Botafogo anunciou Enderson Moreira como seu novo treinador. O novo técnico já inicia seu trabalho nesta quarta-feira (21).
Enderson, sem clube desde abril, quando deixou o Fortaleza após eliminação nos pênaltis para o Bahia na Copa do Nordeste, encontra um Botafogo esfacelado. O time não vence há cinco jogos, foi presa fácil para o Goiás, que venceu por 2 a 0 dentro do Nilton Santos, pela 13ª rodada, e hoje briga mais para evitar uma queda à Série C do que por uma promoção à Série A.
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Fosse há quase dez anos, quando apareceu com destaque no comando do Goiás com ótimas campanhas em 2012 e 2013, o nome de Enderson poderia até mesmo acender algum tipo de expectativa positiva ao torcedor botafoguense, mas os últimos anos foram diminuindo o ânimo em relação ao trabalho do primeiro (em que pese também as loucuras bem conhecidas na forma como os clubes lidam com treinadores por aqui) ao mesmo tempo em que foram arrancando do alvinegro o direito de sonhar.
A realidade para o Botafogo é muito dura.
Marcelo Chamusca, treinador que iniciou a temporada 2021, foi apontado pelo bom histórico de acessos nos campeonatos brasileiros. Fez um trabalho ruim com um elenco ruim que ele mesmo ajudou a montar, em meio à mínima margem de manobra que o orçamento do clube permite. Alef Manga, autor do segundo gol do Goiás na última decepção botafoguense, teve proposta dos alvinegros após ganhar destaque com o Volta Redonda, no Carioca, mas preferiu jogar no Goiás.
Chamusca, pressionado no cargo desde a péssima campanha no Carioca e eliminação precoce na Copa do Brasil, foi demitido após o empate por 3 a 3, em casa, contra o Cruzeiro. A diretoria alvinegra, que segundo as novas regras só poderá contratar mais um técnico nesta campanha, bateu cabeça para encontrar um substituto.
Vitor Silva/BotafogoMarcelo Chamusca, no comando do Botafogo (Foto: Vitor Silva/Botafogo)
O Botafogo tentou Lisca de início, depois também sondou Dorival Júnior e Vanderlei Luxemburgo antes de voltar à carga ao próprio Lisca apenas para vê-lo optar pelo Vasco - que em curtíssimo espaço de tempo demitiu Marcelo Cabo, cujo trabalho não encaixou em São Januário, para conseguir um dos principais profissionais à disposição no mercado nacional.
Em meio às tratativas para contratar um novo técnico e (por incrível que pareça!) até mesmo antes de oficializar a demissão de Chamusca, o Botafogo abordava o tema da seguinte forma: ninguém quer trabalhar no clube - o clube que, em meio a décadas de decadência, ainda é o que mais cedeu jogadores para a seleção brasileira em Copas do Mundo.
Em conversa com torcedores que protestavam, nos últimos dias de Chamusca como técnico alvinegro, o vice-presidente, Vinícius Assumpção, teria dito que o clube buscava opções, mas que nenhuma delas queria trabalhar no Botafogo. Dias depois Vinícius desmentiu, timidamente, tais afirmações através de nota interna. De qualquer forma, as palavras do presidente Durcesio Mello não negam.
"Ninguém quer vir", disse, em tom de lamento resignado, o mandatário botafoguense à página Planeta Botafogo ao ser questionado sobre a busca por um novo técnico, já após a saída de Marcelo Chamusca.
"Mantivemos o Chamusca no cargo devido ao profissionalismo dele e, pelo fato dos atletas gostarem dele, mas também pela dificuldade que estamos em achar um novo técnico. Ninguém quer vir”, afirmou Durcesio na ocasião.
Enderson Moreira, que passou por quatro clubes no último ano e precisou passar por cirurgia no último mês de maio, após sofrer um ataque cardíaco, aceitou a proposta que, aparentemente, ninguém queria aceitar. Se o Botafogo não consegue mais atrair os melhores nomes, os melhores nomes livres no mercado não cogitam o Botafogo - a menos que o clube, do dia pra noite, passe a contar com o dinheiro que não tem.
Enderson Moreira é o novo técnico do Botafogo porque está em baixa. Assim como o próprio Botafogo.


