Se hoje Cristiano Ronaldo está cada vez mais próximo de ser um centroavante completo, isso está na conta de Carlo Ancelotti. Antes da chegada do treinador ao Real Madrid, o português não atuava como um camisa 9, mas sim um atacante.
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Paul Clement, assistente de Ancelotti em diversos clubes, inclusive no Real Madrid, esteve presente durante a transição de Ronaldo e afirma: foi um golpe tático e um exemplo de gestão do treinador italiano.
"Quando chegamos ao clube, ele já tinha jogado como número nove, mas Carlo teve a idéia de que, em 2013-14, se tornaria um centroavante em tempo integral para que não precisasse acompanhar um lateral", disse Clement à Goal.
E, quando Ronaldo tentou argumentar de que preferia ficar à esquerda, cortando para dentro, seja para chutar, cruzar ou dar o passe, Ancelotti se mostrou bastante compreensivo. "Carlo disse apenas: 'Olha, é importante que você esteja confortável e não queremos que você se sinta desconfortável'. É um exemplo de como ele administra os melhores jogadores; ele não bateu o pé e disse 'agora você é um atacante'. Era importante para Ronaldo estar à vontade porque ele era o jogador, e funcionou bem".
A mudança de CR7, porém, desencadeou uma mudança geral no time de Real. Para que ele não precisasse ficar atento à marcação Clemente explica que Ancelotti fez alguns ajustes no esquema tático dos Blancos; era um sistema defensivo e outro ofensivo.
"Defensivamente, seria um 4-4-2 onde Ronaldo seria um atacante com Karim Benzema. Então, Angel Di Maria, que estava à esquerda do meio-campo, se moveria para a esquerda para criar um quatro. Era uma forma para permitir que Ronaldo jogasse mais avançado", disse.
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Inovação tática e flexibilidade são características da carreira de Ancelotti - características que sempre o viram adaptar seus métodos aos jogadores disponíveis. Trouxe um sucesso surpreendente para o atual treinador do Everton, que também ganhou grandes honras com Milan, Chelsea, PSG e Bayern.
No coração do sucesso de Ancelotti com Madrid estava sua relação com Ronaldo. Eles ganharam quatro troféus em um período de dois anos, incluindo a vitória de La Decima, em 2014, contra o Atlético de Madri na final da Liga dos Campeões. Naquele mesmo ano Ronaldo conquistou uma Bola de Ouro, e Clement lembra do português como o profissional exemplar nos bastidores.
"Eu sempre cito Carlo, que dizia: 'Quando Ronaldo entra em campo, você sempre tem uma vantagem de 1-0'. Em nossos dois anos lá, ele marcou 50 gols por temporada. Você começa à frente apenas por tê-lo". Que vantagem isso é! Eu gostava muito dele. Era um bom rapaz, inteligente e um homem de negócios. Ele era uma grande pessoa com um bom caráter", lembrou.
"Ele estava sempre contando histórias e ajudava seus companheiros de equipe. Isso é antes de falar de seu talento e de sua ética de trabalho. Ele trabalhava dentro e fora do campo, seu trabalho era marcar e ajudar a marcar gols. Era isso que o motivava. Fora de campo, ele é super profissional com seu cuidado e atenção à recuperação, trabalho na academia, treinamento de força, dieta e nutrição. Foi incrível", completou Celemnet, que hoje é treinador do Cercle Brugge, irmão belga do Monaco.