Marquinhos Thiago Silva Brazil World Cup 2022Getty Images

Com Thiago Silva e Marquinhos, Brasil tem força defensiva e também criativa

A seleção brasileira reúne um número raro de grandes opções de ataque para a Copa do Mundo de 2022. Neymar só marcou um gol de pênalti até aqui, mas é indiscutivelmente o craque do time – aquele que busca o jogo, recua para auxiliar na construção, criação e finalização das jogadas. Vini Júnior e Richarlison, por outro lado, têm sido os mais decisivos entre assistências e gols. Mas em meio a tantos bons nomes nestas quatro partidas, a defesa da equipe de Tite, em especial os zagueiros Marquinhos e Thiago Silva, também vai chamando atenção pela sua excelência.

Exceção feita à derrota para Camarões, quando atuou com equipe reserva e já estando classificada para o mata-mata, a defesa titular do Brasil sofreu apenas um gol. E quando Alisson enfim teve suas redes estufadas, nas oitavas de final contra a Coreia do Sul, a seleção brasileira já havia feito quatro e diminuído o ritmo para um nível quase que de treino festivo – tanto, que entre as substituições feitas, até mesmo Weverton, terceiro goleiro no Qatar, acabou entrando nos gramados do estádio de contêiners.

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Casemiro, meio-campista completo e craque de bola, ajuda a fazer a conexão entre o que acontece lá atrás para o que é decidido lá na frente. Está em todas as partes do campo, conduzindo como líder de matilha as transições, a defesa e até o ataque – basta ver o lindo gol marcado sobre a Suíça, ainda na fase de grupos, onde se aventurou dentro da área para finalizar com maestria. As laterais também vão funcionando bem, apesar do drama das lesões, e tudo isso ajuda no trabalho dos zagueiros. Mas é preciso também exaltar o Mundial que a dupla Marquinhos e Thiago Silva faz nos três jogos que disputaram (Sérvia, Suíça e Coreia do Sul).

A capacidade defensiva deles já é conhecida e tem sido bonito de ver as suas movimentações neste Mundial do Qatar. É uma avaliação daquelas a serem feitas no olho, com atenção para o que acontece sem a bola. Os famosos atalhos do campo, que só os grandes jogadores são capazes de trilhar. As estatísticas, cada vez mais requintadas, ainda não são capazes de destrinchar em números o que faz um zagueiro ser diferente na hora de evitar gols. O defensor de uma equipe que é muito atacada não será necessariamente o melhor zagueiro do mundo e terá, de qualquer forma, números expressivos de rebatidas na defesa, mas como se transforma em estatística a experiência de ler bem os espaços? Ainda não dá.

Thiago Silva Marquinhos Brazil World Cup 2022Getty Images

E o que faz de Marquinhos e Thiago Silva grandes craques dentre a geração de zagueiros a que pertencem é, também, a capacidade de ler bem os espaços. E a habilidade com a bola nos pés, é claro. A seleção brasileira não tem apenas dois grandes defensores, mas chega às quartas de final da Copa do Mundo, contra a Croácia, tendo zagueiros com enorme habilidade para construir e criar jogadas.

É natural que Marquinhos e Thiago sejam os jogadores do Brasil com mais toques na bola neste Mundial, uma vez que a seleção tem como uma de suas características ter a bola no pé. Eles são peças importantíssimas na construção das jogadas, mas vão além: sobem para o campo de ataque (conforme fica claro no mapa de calor de ambos nesta Copa) e buscam os passes que quebram as linhas, aqueles mais difíceis e com a possibilidade de deixar alguém na cara do gol.

Thiago Silva heatmap 2022SofaScoreMarquinhos heatmap 2022SofaScore

Estatísticas da Opta Sports mostram que Marquinhos é o jogador do Brasil com o melhor índice de Assistências Esperadas (xA), métrica que mostra a qualidade das chances criadas por um jogador: 1.11, número superior, por exemplo, aos de Mbappé (1.07), Bruno Fernandes (0.83), Lionel Messi (0.82) entre outros. Mas se a assistência de Marquinhos ainda não saiu, Thiago Silva já pôde comemorar o seu dia de garçom. Como se fosse um camisa 10, o veterano estava na beira da área para servir Richarlison em um dos lindos gols sobre a Coreia do Sul.

O papel principal do zagueiro é defender, assim como o do atacante é marcar gols e o do goleiro é evitá-los. Mas parte do que torna o Brasil um dos favoritos ao título mundial de 2022 é o senso de equipe, que faz o atacante se doar para ser o primeiro defensor, e a habilidade da zaga, com Thiago Silva e Marquinhos mostrando perícia também para construírem e criarem como se fossem meio-campistas.

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