O ano de 2021 começou quente para o Flamengo, seja dentro de campo, onde o time já coleciona derrotas contra Fluminense e Ceará e encara uma grande pressão por conta da temporada ruim, seja fora dele, na política do clube. Com novas eleições em dezembro, a expecativa por uma tomada de decisão do presidente Rodolfo Landim sobre concorrer ou não a reeleição já causa reboliço internamente.
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O atual mandatário ainda não sabe se será candidato ou se vai indicar alguém. O grande problema é que Landim recebeu o apoio de várias alas políticas do clube quando acabou eleito, no final de 2018. Na ocasião, foi considerado o nome ideal para "unir" e derrotar a antiga gestão.
No entanto, sem Landim, ainda não há convicção em um nome que seja capaz de fazer o mesmo e há temor por um cenário de divisão. No início da caminhada, Rodrigo Dunshee despontou como um possível sucessor, mas a ideia não foi para frente; Gustavo Fernandes, vice-presidente do Fla-Gávea, é um nome bem avaliado pelo presidente e Luiz Eduardo Baptista, vice-presidente de relações externas, também surge como uma opção.
Marcos Braz, vice-presidente de futebol, também é uma peça-chave, mas já avisou que não pretende concorrer ao pleito. Braz entende que sua "praia" é o futebol e avisou a Rodolfo Landim que está com ele, apoiando sua decisão seja ela concorrer à reeleição ou escolher um novo nome para a situação.
O grande problema é que há um desgaste entre duas figuras importantes para Landim, caso do próprio Marcos Braz e de Luiz Eduardo Baptista. Os dois, por exemplo, divergem sobre vários pontos no futebol. Apesar de ser vice-presidente de relações externas, BAP tem força na pasta e é um dos cabeças do conselho deliberativo.
Em entrevista ao jornalista Rodrigo Mattos, da UOL, Márcio Braga, uma das figuras históricas do poder no Flamengo, criticou Baptista.
"O que disse para ele (Landim) é: "Faz alguma coisa, demite o técnico, não demite. Conversa com o vice-presidente." Encontraram um ponto de equilíbrio que encobre as ações deletérias do BAP e ficam escondidos. Já elegemos o Braz como grande benemérito merecidamente. É um elemento importante do Flamengo. Se o BAP quer mandar, bota ele como vice-presidente de Futebol, bota a luz do sol".
O ex-presidente também mostrou insatisfação com Landim e disse que o chefe das relações externas "manda" através dele.
"Foi colocado lá para tapar a figura do nosso amigo, BAP, cumpre um papel. Braz não gosta do BAP. BAP manda através do Rodolfo Landim. Se o Landim não quer ser candidato à reeleição, por que o BAP não é candidato? Agora ele não tem nenhum impedimento. Vai lá para o futebol, assume uma candidatura, vai para a rua pedir voto. (…) BAP rompeu com (Eduardo, ex-presidente) Bandeira que tocou o clube com SoFla até o final. O Wallim (Vasconcellos), que era o grupo original, saiu do Flamengo por causa do BAP, cansado de se intrometer nos assuntos dele.
Na mesma reportagem, Baptista rebeteu as palavras de Márcio Braga e disse que o ex-presidente só quer aparecer.
"O Márcio não sabe de nada do dia a dia. Está falando do que não conhece. Aproveitando para aparecer. Não entende os papéis porque não quer".
Márcio Braga é uma figura forte na política do clube, carrega consigo um apoio que significa muitos votos e esteve com Landim na última eleição. Assim como ele, outras figuras esperam uma resposta do atual presidente e acreditam que a demora pode prejudicar o andamento da temporada.
Internamente, há quem peça para Landim aparecer mais, principalmente em momentos de crise, que cobre os jogadores, mas ele deixa claro que este não é o seu perfil. O atual presidente diz que prefere agir internamente e longe dos holofotes, principalmente da imprensa.
Depois da derrota para o Fluminense, uma fonte dentro do clube revelou à Goal que há um sentimento de desânimo total, de que "quem tem que cobrar não cobra, tem medo de se indispor com jogador", se referindo a pouca participação do presidente nesse sentindo.
Depois da derrota para o Ceará, a crise foi instalada de vez e Rogério Ceni ganhou uma sobrevida por falta de opções atraentes no mercado. A ideia do Flamengo é, caso troque de treinador, traga alguém para assumir a temporada de 2021 inteira e não apenas um "tampão" na reta final do Brasileiro.
Na longa reunião de segunda-feira (11), ficou definido que alguns ajustes precisam ser feitos na estrutura do futebol e apontaram a necessidade de um gerente. No entanto, em janeiro, depois da disputa do Mundial de Clubes, houve definição de que o cargo não fazia muito sentido e não renovaram com Paulo Pelaipe, mesmo com o pedido do departamento de futebol, e tampouco foi contratado um novo profissional para seu lugar.
Diante deste cenário, o Flamengo tenta juntar os casos para encarar o Goiás, na próxima segunda-feira (18), pelo Campeonato Brasileiro. Uma nova derrota pode ser o fim da linha para Rogério Ceni, mesmo com a diretoria sendo contra a chegada de um "tampão".
