+18 | Conteúdo Comercial | Aplicam-se termos e condições | Jogue com responsabilidade | Princípios editoriais
Ansu Fati Barcelona Valencia La Liga 2019Alex Caparros

Ansu Fati: do 'não' ao Real à renovação milionária no Barcelona

Com apenas 17 anos, Ansu Fati teve, nesta quarta-feira (04), seu contrato renovado até 2024 pelo Barcelona. E o valor de sua nova multa rescisória reflete muito bem a expectativa que o clube catalão tem em relação ao habilidoso ponta-esquerda.

Acompanhe o melhor do futebol ao vivo ou quando quiser: assine o DAZN e ganhe um mês grátis para experimentar

Com 16 anos, 11 meses e cinco dias, Ansu Fati pisou no gramado do Camp Nou para fazer a estreia como jogador do Barcelona. Apenas um jogador - Vicenc Martinez Alama em 1941 - jogou uma partida de LaLiga com a camisa blaugrana sendo mais jovem. Na Catalunha acreditam que uma estrela está para nascer.

Visto por muitos como o jogador mais talentoso da famosa academia La Masia do Barcelona, Fati tem sido marcado pelo sucesso desde a mais nova idade. E no período em que jogadores como Sergio Gomez e Xavi Simons viraram as costas para os atuais campeões espanhois por terem poucas oportunidades no time principal, a ascensão de Fati é uma afirmação para a torcida de que os jogadores formados em La Masia podem subir e fazer parte do vitorioso elenco do Barça.

No entanto, essa realidade parece outro mundo para Fati se relembrar os primeiros anos na Guiné-Bissau, o país de origem, onde chutava as meias enroladas como bolas improvisadas. Criado pela mãe, Maria, ele não conheceu o pai, Bori, até que completasse seis anos de idade.

Bori deixou a terra natal em 2001, na tentativa de começar a construir uma vida melhor para si e a família no sul da Espanha. Bori trabalhou em uma série de empregos antes de se tornar o motorista de Juan Manuel Sanchez Gordillo, prefeito da cidade de Marinaleda, em Sevilla. Gordillo conseguiu ajudar Bori a trazer a esposa e filhos da África, permitindo que Fati conhecesse o pai e pudesse mostrar as habilidades futebolísticas pela primeira vez.

"Eu sabia que ele gostava de futebol como qualquer garoto africano, mas não que ele fosse tão bom!", disse Bori em entrevista à emissora de rádio espanhola COPE após a estreia do filho contra o Real Betis. A habilidade de Ansu rapidamente chamou a atenção dos novos vizinhos. A jovem revelação foi matriculado na Escola Peloteros, que abriga uma equipe de treinamento na base em Herrera, pequena cidade localizada a cerca de uma hora do centro de Sevilla.

Não demorou muito para que os clubes profissionais se interessassem por Fati, e em 2010 os pais receberam uma ligação de Pablo Blanco, diretor da academia do Sevilla, que convidou tanto Ansu quanto o seu irmão mais velho, Braima, para entrar no clube. Convocado para jogar como centroavante, levou apenas algumas semanas para os maiores clubes espanhóis soubessem de Fati, tendo como Real Madrid e Barça liderando os clubes da Liga que tinham interesse nele.

Na ocasião, os pais de Fati visitaram a sede da academia do Real e Barcelona para avaliar qual seria a opção mais adequada para a criação dos filhos, assim como a família de Andres Iniesta havia feito há 20 anos. Coincidentemente, ambos tomaram a mesma decisão e exatamente pelo mesmo motivo.

"O Real Madrid nos ofereceu muito mais dinheiro, mas quando fui a Valdebebas [base de treinos do Real], vi que eles não tinham residência para as crianças. Embora tivessem nos colocado em uma casa, escolhemos Barcelona porque eles tinham residência para os meninos", revelou Bori.  Em 2012, Fati se tornava um membro em La Masia.

Ansu Fati BarcelonaFCB
(Foto: FCB)

Com o sub-12, ele rapidamente se tornou um dos principais jogadores do time, apesar de jogar em um elenco com a faixa etária abaixo da sua. Porém, marcou 130 gols na primeira temporada.

Em 2014, no entanto, o Barcelona foi punido pela FIFA com uma proibição de transferência e viu Takefusa Kubo se juntar a uma série de outras transferências estrangeiras que deixaram a academia do clube, já que não podiam mais ser registradas. Kubo - outrora apelidado de "Messi japonês" - regressou à Espanha após assinar com o Real Madrid durante a temporada.

Fati foi capaz de permanecer no Barça durante a saída de alguns dos melhores talentos jovens da equipe, mas não fez outra aparição até 2015, quando finalmente poderia ser registrado novamente. O retorno aos gramados foi de curta duração, no entanto, com a lesão na tíbia durante o jogo contra o Espanyol, precisou ficar de fora por mais dez meses.

Após a recuperação, Fati se juntou ao time B do clube mas, novamente, provou estar acima do nível dos adversários e dos próprios companheiros de equipe. Foi nessa época que o técnico e ex-meia-atacante do Barcelona, ​​José Mari Bakero, propôs que Fati deixasse o papel de centroavante no qual havia sido contratado e se concentrasse em se tornar um lateral esquerdo para poder trabalhar o drible. Foi uma nova posição na qual atuou com o time juvenil do Barça, nos últimos 12 meses, terminando como artilheiro da liga.

Desta forma, Fati começou a ser mais exigido. O atleta sabia que era raro os jogadores ganharem uma vaga na equipe principal do Barcelona, a menos que tenham jogado pela primeira vez no Barça B. Fati, vale lembrar, não podia assinar termos profissionais até os 17 anos de idade, o que dificultaria jogar no elenco principal.

Com o altamente cotado Simons já tendo saído para o Paris Saint-Germain, o Barça não estava disposto a perdeu outra de suas jóias da academia, com relatos de interesse do Manchester United e do Borussia Dortmund. O clube finalmente concordou em renovar pela primeira vez o seu contrato, que formalmente mantinha Fati no clube até 2022, com uma cláusula de liberação de 100 milhões de euros. No entanto, Fati não precisou se preocupar com as chances no time principal, já que estreou na equipe do treinador Ernesto Valverde antes mesmo do esperado.

"Ele tem muita autoconfiança, enfrenta um contra um", disse Valverde após o jogo. "Ele é o jogador mais jovem que eu já treinei em uma estreia, mas como os veteranos, nós olhamos para a performance, ele pode nos dar boas atuações e é por isso que eu dei a ele essa chance". Essa reação, no entanto, não foi a única que se tornou viral no dia seguinte.

Uma foto de Fati sendo abraçado por Lionel Messi dentro dos vestiários do Camp Nou foi postada no Instagram pelo argentino. Messi, que havia assistido à estreia de Fati nas arquibancadas enquanto seguia com a recuperação de uma lesão na panturrilha, certamente parecia impressionado com o que viu.

Ainda jovem jogador, Messi era um dos favoritos de Ronaldinho, com o brasileiro, na época, sendo estrela incomparável e talismã no Barça. A relação de Ronaldinho com Messi foi vista como uma passagem de bastão e responsabilidade; algo que Messi adotou há mais de uma década.

Este momento pode ser visto com o Messi finalmente encontrando o seu sucessor, no caso Fati. Ainda há muitos capítulos para escrever.

Publicidade