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Vinícius Junior & Raphinha: como a dupla do Brasil pode carregar o peso da ausência de Neymar e liderar a seleção na Copa do Mundo

O jogo dramático entre Brasil e Colômbia pelas Eliminatórias da Copa do Mundo teve uma cena inusitada nos minutos finais. Após Vinícius Júnior marcar o gol da vitória com um chute desviado no nono minuto dos acréscimos, Dorival Junior decidiu substituí-lo para ganhar tempo. O atacante do Real Madrid, porém, saiu de campo lentamente, irritando os colombianos.

Foi então que Raphinha interveio – não para defender Vinícius, mas para empurrá-lo para fora do campo. Ciente de que o companheiro estava a um cartão amarelo da suspensão no clássico contra a Argentina, o jogador do Barcelona agilizou a saída para evitar a punição.

A cena evidenciou dois pontos: Raphinha se consolidou como peça-chave na equipe de Dorival, e seu papel pode ser fundamental para a ascensão de Vinícius como o sucessor de Neymar na Seleção.

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  • TOPSHOT-FBL-COPA AMERICA-2024-URU-BRAAFP

    'Sem líderes respeitáveis'

    Antes da Copa América do ano passado, Ronaldinho anunciou que havia desistido de torcer para a seleção brasileira.

    “É isso, pessoal, já chega”, escreveu o ex-camisa 10 no Instagram. “Este é um momento triste para quem ama o futebol brasileiro. Está difícil encontrar ânimo para assistir aos jogos. Este talvez seja um dos piores times dos últimos anos, sem líderes respeitáveis, apenas jogadores medianos na maioria.”

    As palavras duras de uma lenda viva abalaram a equipe de Dorival Junior, formada por atletas que cresceram idolatrando Ronaldinho. Mas, em vez de provar que ele estava errado, a seleção teve uma campanha desastrosa.

    Após vencer apenas o Paraguai na fase de grupos, o Brasil, sem o lesionado Neymar, caiu nos pênaltis para o Uruguai nas quartas de final, depois de um empate sem gols e uma atuação apática.

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  • "Desta vez, a culpa é minha"

    Vinícius Júnior assumiu a responsabilidade pelo fracasso do Brasil na Copa América e foi o primeiro a reconhecer seu papel na eliminação precoce da seleção.

    Na Copa do Mundo de 2022, no Qatar, ele já havia vivido a frustração de assistir do banco à derrota nos pênaltis para a Croácia, após ser substituído aos 66 minutos em uma atuação discreta. No ano passado, a história se repetiu, mas de forma ainda pior: suspenso por cartões amarelos na fase de grupos, sequer pôde entrar em campo contra o Uruguai nas quartas de final, em Nevada, nos Estados Unidos.

    "A Copa América acabou, e é hora de refletir e aprender a lidar com a derrota", escreveu nas redes sociais. "O sentimento de frustração bate novamente, e de novo nos pênaltis. Recebi dois cartões amarelos e vi a eliminação de fora mais uma vez, mas desta vez, a culpa foi minha. Peço desculpas por isso."

  • Brazil v Colombia - CONMEBOL Copa America USA 2024Getty Images Sport

    "Tenho três ou quatro jogadores me marcando"

    Vinícius Júnior não sabia na época, mas sua decepção na Copa América custou a Bola de Ouro que ele acreditava estar garantida após brilhar na conquista da Champions League pelo Real Madrid. O resultado foi uma das reações mais irritadas do jogador.

    É verdade que muitos torcedores ficaram indignados com o que consideraram um desprezo. No entanto, a torcida também reconheceu que Vinícius ainda não consegue repetir no Brasil o desempenho que tem no clube.

    Fatores externos contribuíram para isso. Jogar na mesma faixa de Neymar nunca foi simples. Mesmo quando o camisa 10 atuava mais centralizado, sua tendência natural de cair pela esquerda atrapalhava a sintonia entre os dois. Além disso, Ronaldinho não estava totalmente errado: esta geração brasileira está longe de ser uma das melhores da história. O país, maior campeão da Copa do Mundo, chegou a apenas uma semifinal nos últimos 23 anos – e, quando conseguiu, foi massacrado pela Alemanha.

    A seleção venceu a Copa América de 2019, mas Vinicius nem foi convocado. Em 2021, saiu do banco na derrota para a Argentina na final do Maracanã. Desde então, virou titular, mas tem encontrado dificuldades para dominar as partidas como se espera de um dos maiores talentos do futebol mundial.

    Esse é um problema por si só. Sem outras estrelas ao seu redor, Vinícius virou alvo prioritário das defesas adversárias. “Toda vez que entro em campo pela seleção, tenho três ou quatro jogadores me marcando”, desabafou após o empate sem gols contra a Costa Rica na última Copa América.

  • FBL-WC-2026-SAMERICA-QUALIFIERS-VEN-BRAAFP

    Raphinha, o modelo a seguir

    No fim das contas, os números não mentem: seis gols e cinco assistências em 38 jogos pela seleção são pouco para um jogador do nível de Vinícius. Para efeito de comparação, Raphinha já superou essas marcas com menos partidas. Além disso, o atacante do Barcelona tem mostrado qualidades de liderança que ainda não se vêem no camisa 7 do Brasil.

    A idade, claro, pesa. Raphinha tem 28 anos, quatro a mais que Vinícius Júnior, e demorou mais para atingir seu auge. Quando foi convocado pela primeira vez, recebeu apoio do próprio companheiro para se adaptar. Já o jogador do Real Madrid lida com expectativas gigantescas desde os 16 anos, quando acertou sua transferência para o clube espanhol.

    A pressão vai além do futebol. Além de carregar o peso de ser apontado como sucessor de Neymar, Vinícius enfrenta racismo constante na Espanha e precisou desafiar La Liga praticamente sozinho. Isso tem um impacto psicológico que poucos conseguem entender.

    "Não sabemos o que ele passou na infância, o que ouviu quando era pequeno", disse Raphinha ao defender o companheiro. "Isso leva as pessoas ao limite. Vinícius é sempre sorridente, mas esse tipo de coisa o incomoda muito. Eu entendo a raiva dele."

    Em entrevista ao RAC1, Raphinha revelou que aconselha Vinícius a evitar algumas atitudes polêmicas dentro de campo. "Mas cada um é como é, e acho que isso dá confiança para ele jogar. Por exemplo, Gavi é louco em campo, muito irritante, mas fora é uma pessoa incrível. Vinícius é igual."

    O desafio do atacante do Real Madrid, no entanto, é mudar essa percepção para quem não convive com ele no dia a dia.

  • Brazil v Colombia - FIFA World Cup 2026 QualifierGetty Images Sport

    "Um pouco de felicidade, um pouco de alívio"

    O que Raphinha tem feito, no entanto, é estabelecer um excelente exemplo para Vinícius Júnior seguir dentro de campo.

    O ex-jogador do Leeds United vive o auge da carreira e, no momento, é um dos jogadores mais decisivos do mundo. Seu desempenho impecável o coloca como um forte candidato à Bola de Ouro – a mesma que escapou de Vinícius no ano passado. Raphinha combina talento com personalidade competitiva, algo que poucos conseguem igualar.

    Menos de um ano atrás, sua permanência no Barcelona era incerta, após um início abaixo das expectativas. Hoje, ele se tornou uma das figuras mais respeitadas do clube e, possivelmente, seu jogador mais influente, superando até nomes como Pedri e Lamine Yamal.

    Na seleção, Raphinha também tem crescido em importância – e isso reflete diretamente em Vinícius. A atuação mais completa do camisa 7 pelo Brasil pode ter sido na vitória por 2 a 1 sobre a Colômbia, quando os dois protagonizaram os lances decisivos.

    Foi Raphinha quem deu o passe que resultou no pênalti sofrido por Vinícius, convertido pelo próprio camisa 11. Depois, voltou a acionar o atacante do Real Madrid na ponta esquerda, permitindo que ele cortasse para dentro e finalizasse, contando com um leve desvio de Jefferson Lerma antes da bola entrar.

    O gol teve um elemento de sorte, mas para Vinícius, significou mais do que isso.

    "Foi um gol muito importante porque merecíamos vencer", disse ele após a partida. "Eu também merecia esse gol por todo o trabalho que tenho feito. Foi um pouco de sorte, mas também um pouco de alívio."

  • Brazil v Colombia - FIFA World Cup 2026 QualifierGetty Images Sport

    Vinícius Júnior pode carregar as esperanças de uma nação?

    A pressão sobre Vinícius Júnior não vai desaparecer da noite para o dia. Ele seguirá sendo cobrado por atuações mais decisivas, e o jogo em Buenos Aires, nesta terça-feira (25), será um novo teste. No entanto, sua atuação encorajadora contra a Colômbia pode marcar um ponto de virada – e precisa ser, se o Brasil quiser evoluir.

    Apesar de ocupar a terceira posição nas Eliminatórias Sul-Americanas e manter uma sequência invicta nos últimos cinco jogos, a seleção ainda apresenta um futebol pouco convincente. A equipe sofre com a falta de coesão e equilíbrio, especialmente no ataque, onde a ausência de um centroavante produtivo é evidente. Endrick, apesar do talento promissor, ainda não está pronto para assumir esse papel.

    Diante desse cenário, é essencial que "o novo Neymar" finalmente se afirme na seleção, sobretudo porque o antigo segue lidando com lesões constantes. Mas Vinícius não precisa carregar esse peso sozinho.

    Raphinha, que tem brilhado como capitão interino do Barcelona, vive o melhor momento da carreira. Se o Brasil sonha em conquistar a Copa do Mundo de 2026, não seria surpresa se fosse o ex-jogador do Leeds o responsável pelo gol decisivo.

    Ainda assim, todas as atenções estarão voltadas para Vinícius Júnior. Ele será o rosto da seleção e carregará as esperanças de milhões de brasileiros no Mundial. A pressão será imensa, mas é um desafio que ele pode superar – especialmente se tiver ao lado um amigo e motivador como Raphinha.