Sergio Busquets estava certo: Inter Miami não está no nível para competir no Mundial de Clubes mesmo com Lionel Messi desafiando o tempo

O presidente da FIFA, Gianni Infantino, quer transformar o novo Mundial de Clubes, disputado a cada quatro anos, no ponto alto do futebol de clubes. E a cerimônia de abertura nos EUA foi digna desse objetivo. Mais de 60 mil pessoas foram ao Hard Rock Stadium, casa do Miami Dolphins, para um show com fogos, pirotecnia, dançarinos e apresentações dos rappers French Montana e Swae Lee. Os jogadores foram apresentados um a um, com Messi encerrando a festa e recebendo a maior recepção da noite.

O estádio não estava totalmente lotado, mas o clima era vibrante. Em campo, o jogo demorou a engrenar. O Al Ahly dominou o primeiro tempo e obrigou Ustari a fazer defesas importantes, incluindo uma em pênalti de Trezeguet. Coube a Mascherano ajustar o time no intervalo.

A resposta veio. O Inter Miami voltou mais agressivo e Messi assumiu o controle. Quase marcou em duas belas finalizações: uma falta que raspou a rede lateral e um chute colocado que Elshenawy desviou no travessão. Apesar do empate sem gols, o jogo foi animado. Mas sem Messi, Miami mal teria levado perigo.

O Inter Miami depende demais de Messi — e quem acompanhou a equipe na primeira parte da MLS 2025 sabe disso. O preocupante é que o técnico Javier Mascherano não parece enxergar isso como um problema.

"É admirável o quanto o Messi ama o futebol", disse ele após o empate no Hard Rock Stadium. "Mesmo depois de tantos jogos, ele ainda dá tudo em campo. Queríamos vencer, mas gostei da atuação do time. Quando conseguimos colocar o Leo nas melhores posições, nosso jogo flui melhor."

Ou seja, o plano é entregar a bola ao Messi e torcer pelo melhor. Isso pode até funcionar na MLS, mas não basta para avançar no Mundial de Clubes.

Messi ainda mostra qualidade no mais alto nível do futebol. Criou ótimas jogadas contra o Al Ahly e foi destaque no empate da Argentina com a Colômbia pelas Eliminatórias. O problema é que o Inter Miami não tem estrutura para apoiá-lo. O time carece de padrão ofensivo e mostra muita fragilidade na defesa. desorganizados.

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Muito se fala sobre o tempo que Messi passa caminhando em campo, mas ele ainda é capaz de decidir um jogo com um toque de pé esquerdo. Já Suárez e Busquets estão sentindo mais o peso da idade.

Suárez perdeu a explosão para vencer marcadores e alcançar cruzamentos. Tenta voltar para ajudar na construção, mas nem sempre com sucesso — às vezes parece perdido no meio do time bagunçado do Miami.

Busquets, por sua vez, já não tem a mobilidade de antes. Não rompe mais linhas e tem dificuldade para se recompor na defesa. Alba também sofre fisicamente e ficou fora do jogo contra o Al Ahly por um problema no tendão. Só deve voltar se o time passar de fase — o que depende de bons resultados contra Porto e Palmeiras.

Como disse o técnico do Al Ahly, José Riveiro, antes da estreia: hoje, o Miami é só “um time com grandes nomes”.

Mascherano reconheceu o maior problema do Inter Miami: a fragilidade nos contra-ataques. “Precisamos melhorar nas transições”, disse ao DAZN. “Estamos perdendo a bola e mal organizados para defender. Eles são perigosos e já sabíamos disso.”

O time avança com muitos jogadores. Telasco Segovia e Tadeo Allende sobem para chegar a Suárez e Messi, enquanto os laterais também avançam. Isso deixa Busquets e Redondo sozinhos na defesa.

Além disso, tudo passa por Messi. Ele recua até o meio para buscar a bola e tentar lançamentos para os atacantes, mas não ajuda na marcação. Quando a jogada falha, o Miami fica exposto. Contra o Porto, que tem mais velocidade e qualidade que o Al Ahly, o time pode sofrer uma goleada feia se Mascherano não ajustar isso.

Para ser justo com Mascherano, o Inter Miami tem carências em várias posições e não recebeu reforços para montar um time mais competitivo. A FIFA permitiu contratações em uma janela extra antes do Mundial, e clubes como Real Madrid e Manchester City aproveitaram — ao contrário do time de Miami.

O time teve um começo irregular na MLS 2025, com só 8 vitórias em 16 jogos, incluindo uma goleada por 4 a 1 sofrida para o Minnesota. Em 6º no Leste, o clube claramente precisava de reforços para a Copa do Mundo de Clubes.

Até empréstimos de curta duração ajudariam. Mascherano deixou claro na coletiva antes do torneio: “Gostaria de ter reforços, especialmente para essa competição, a mais importante da história do clube. Só posso focar no que controlo. Cada um precisa assumir sua responsabilidade.”

Ele tem razão em estar frustrado com a diretoria e até com Beckham, co-proprietário do clube. Um torneio desse tamanho exigia muito mais planejamento.

Desde o início, havia a chance de que o "convite especial" da Fifa para o Inter Miami no Mundial de Clubes tivesse efeito negativo. O time venceu a temporada regular da MLS em 2024, mas caiu logo na primeira fase dos playoffs, diante do Atlanta United, o que apagou parte do brilho da conquista.

Miami não foi o melhor time da liga e parece ter piorado após a saída de Martino e a chegada de Mascherano. A presença de Messi atrai atenção mundial, o que é bom para o torneio, mas uma eliminação precoce seria um problema para a FIFA.

Ainda assim, há uma chance. Como Porto e Palmeiras empataram na estreia, uma vitória sobre os portugueses deixaria Miami bem posicionado para avançar às oitavas.

Apesar dos problemas, Mascherano segue otimista. “Com esse nível de jogo, podemos vencer qualquer um”, disse ele, destacando o segundo tempo contra o Al Ahly. Com Messi em campo, tudo pode acontecer. Mas se o Porto conseguir anulá-lo, o Miami pode ter uma tarde complicada em Atlanta.