Saga de Alexander Isak indica que o super-rico Newcastle corre o risco de terminar como o grande derrotado da janela do mercado

O verão - na Europa - foi caracterizado por quase acertos de alto perfil para o Newcastle, que fez uma grande contratação até agora na forma da custosa aquisição de £ 52 milhões (R$ 390 milhões) de Anthony Elanga dos rivais da Premier League Nottingham Forest. Excluindo esse negócio, tem sido uma história de rejeição repetida.

Em algum momento, os Magpies estiveram na disputa para assinar com nomes como Liam Delap e João Pedro (ambos foram para o Chelsea), Matheus Cunha e Bryan Mbeumo (ambos reforços do Manchester United) e Dean Huijsen, que há muito tempo se juntou ao Real Madrid.

Assim que parecia que o Newcastle finalmente poderia encerrar sua sequência de recusas, os Tynesiders tomara um chapéu do Liverpool, apesar de uma oferta de grande valor por Hugo Ekitike do Eintracht Frankfurt, com o atacante agora destinado a Anfield em vez de St. James' Park. Enquanto isso, o principal alvo para goleiro, James Trafford, está sendo cada vez mais ligado ao Manchester City, apesar da perseguição dos Magpies pelo goleiro do Burnley acontecer bem antes da abertura da janela de transferências.

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Confira os detalhes

Os Magpies agora se veem em uma tentativa desesperada de ir além do status atual de "intrusos" no Big Six, enfrentando os maiores clubes do mundo no mercado de transferências para tentar atrair jogadores de um nível mais alto. O objetivo é se firmar como presença constante no top 4 da Premier League e lançar as bases para futuras disputas de título.

Mas, pelo segundo ano consecutivo, o clube está sendo obrigado a encarar a realidade: ainda tem dificuldades para competir com as forças já estabelecidas, mesmo com sua fortuna bilionária e o atrativo adicional de disputar a Liga dos Campeões. E como há restrições financeiras, essa é uma situação que não pode ser resolvida simplesmente com dinheiro.

O Manchester United pode ter terminado a temporada passada em 15º, mas o apelo de ser um dos maiores clubes do planeta ainda é enorme; o Chelsea, por sua vez, está baseado em Londres — um playground para os ricos — e seu retorno à Liga dos Campeões, somado ao inesperado título do Mundial de Clubes, ajudou a recolocá-los no radar dos grandes jogadores; o Manchester City tem Pep Guardiola no comando e já completou a transição que o Newcastle ainda busca — de "novos ricos" a vencedores estabelecidos e constantes; Mikel Arteta é um grande atrativo no Arsenal, que está mais perto do que nunca de acabar com o jejum de títulos da Premier League — e fazer parte disso é um convite difícil de recusar.

Por mais que não seja culpa do clube, o Newcastle simplesmente não consegue competir com esse legado, com essas localizações geográficas ou com a chance real de disputar títulos agora — e isso não é algo que vá mudar no curto prazo, mesmo que, tecnicamente, tenham saldo bancário para dominar completamente.

O técnico Eddie Howe não tem escondido sua frustração com a situação — talvez numa tentativa de provocar alguma reação no mercado por parte da diretoria do Newcastle. Após a dura derrota por 4 a 0 em um amistoso de pré-temporada contra o Celtic, ele foi direto ao ponto.

"Tem sido um verão realmente frustrante", admitiu. "Estivemos muito perto de contratar vários jogadores e, por diferentes motivos — não há um único padrão para isso — acabamos perdendo alguns que fariam diferença."

O treinador de 47 anos também deixou claro que o clube está enfrentando dificuldades para atrair os melhores talentos disponíveis no mercado: "O fator mais importante em qualquer transferência é que o jogador queira vir para o Newcastle. Somos um clube muito orgulhoso e temos orgulho do que fazemos, então qualquer jogador precisa sentir isso. Se não sente, por qualquer motivo, eu não acho que seja uma transferência saudável. Todo jogador que contratamos até agora e que foi bem sucedido conosco teve esse desejo de vir."

Em uma declaração final um tanto sombria, ele concluiu: "Diria que estou esperançoso, mais do que confiante, porque não estamos no controle do mercado, dos agentes, dos jogadores ou dos outros clubes. Posso garantir a todos que estamos cem por cento em cima disso e tentando agir com rapidez."

Acreditava-se que a grande vantagem do Newcastle nesta janela de transferências seria justamente o fato de, com o retorno à Liga dos Campeões e as receitas decorrentes disso, o clube não estar sob pressão para vender jogadores a fim de se enquadrar nas regras de Lucro e Sustentabilidade (PSR). Isso tornaria o atacante Alexander Isak praticamente intocável — especialmente após uma temporada goleadora, com 27 gols marcados, e ainda com três anos restantes de contrato. No entanto, esse cenário mudou muito rapidamente, apesar da insistência do clube de que o sueco não está à venda.

Primeiro, o Liverpool abalou fortemente as estruturas ao surgir a informação de que os Reds estavam dispostos a oferecer cerca de £ 130 milhões (R$ 975 milhões) para contratar Isak — o que representaria um recorde de transferência na Premier League. Os donos sauditas do Newcastle teriam intervindo pessoalmente para garantir que a proposta fosse rejeitada, mas a história não terminou aí.

Mais tarde, no mesmo dia, foi noticiado que o Al-Hilal — gigante saudita que, assim como o Newcastle, pertence ao riquíssimo Fundo de Investimento Público (PIF) do Golfo — estava avaliando sua própria oferta astronômica pelo atacante de 25 anos. De forma reveladora, essa investida não foi tratada com o mesmo desdém que a do Liverpool, e o técnico Eddie Howe foi obrigado a agir — mandando Isak de volta para casa antes do amistoso contra o Celtic, devido à forte especulação em torno do seu principal jogador.

Essa decisão — de mandar Isak para casa — só aumentou o escrutínio em torno do jogador e do clube como um todo. Ainda assim, o técnico Eddie Howe segue “confiante” de que o atacante continuará no Newcastle após o fechamento da janela de transferências, em 2 de setembro.

“Foi uma decisão minha”, admitiu Howe após a derrota em Glasgow. “Decidi mandá-lo para casa por causa de toda a especulação ao redor dele. A última coisa que ele queria era ficar sentado na arquibancada assistindo ao jogo — isso não seria justo com ele. Mas estou confiante de que ele será jogador do Newcastle quando a janela fechar.”

“Sim, conversei com ele, mas isso não é anormal. Eu respeito a carreira de um jogador e sei o quão curta ela é. O Alex tem se comportado muito bem, treinado muito bem, e eu entendo que haja barulho ao redor dele. Temos alguns jogadores que são insubstituíveis. Seus melhores jogadores são difíceis de encontrar, difíceis de contratar e difíceis de desenvolver. Então, quando você os tem, precisa valorizá-los. Claro que estamos desesperados para mantê-lo como parte do nosso time.”

“É difícil para mim dar 100% de certeza sobre qualquer jogador. Nunca me sentaria aqui para fazer isso, porque é futebol — e nunca se sabe o que pode acontecer. Mas o Alex está feliz no Newcastle. Ele adora os companheiros de equipe, os membros da comissão técnica, o clube… e nunca tive qualquer problema com ele.”

Os problemas do Newcastle se agravaram quando o Liverpool rapidamente mudou o foco para o seu verdadeiro alvo: Hugo Ekitike. O atacante agora está prestes a completar uma transferência de £ 79 milhões (R$ 106,5 milhões) para Anfield, depois que a proposta dos Magpies de £ 67 milhões (R$ 503 milhões) foi recusada pelo Eintracht Frankfurt — deixando o clube com seu principal jogador, Isak, abalado, e mais um alvo importante fora de alcance.

Como se a situação já não fosse ruim o suficiente, declarações inflamadas de um dos representantes de Isak a uma publicação saudita só serviram para piorar o clima em St. James' Park, especialmente em meio a rumores de que o jogador estaria aberto a discutir uma transferência milionária para o Oriente Médio.

“Estamos, de fato, estudando e analisando todas as opções, e talvez estejamos próximos de definir o próximo passo para o jogador”, disse o agente, não identificado, ao jornal Arriyadiyah. “Sem revelar nenhum detalhe sobre se Isak será transferido ou permanecerá no Newcastle.”

Naturalmente, quando agentes entram em cena, sempre existe a possibilidade de que isso seja uma jogada bastante comum para forçar uma melhoria contratual junto ao clube atual. E, no dia seguinte, surgiram informações de que Isak estaria exigindo um salário de £ 300 mil (R$ 2,25 milhões) por semana para permanecer no Newcastle.

O Newcastle agora se encontra em uma posição pouco invejável: precisa não apenas lutar para contratar novos reforços, mas também se esforçar para manter seu principal jogador. O dilema é que essas duas questões estão profundamente entrelaçadas — a capacidade de reforçar o elenco pode influenciar diretamente na permanência de Alexander Isak.

Eddie Howe reconheceu isso com franqueza. “Finanças, claro, desempenham um papel enorme. Acho que quem acredita no contrário está iludido”, afirmou. “Não somos o clube que mais paga salários na liga porque não geramos a maior receita. Então, temos que nos adequar às regras do PSR e ser muito inteligentes com o que fazemos. Precisamos controlar os salários dos jogadores que temos — e tudo isso influencia em quem conseguimos atrair.”

É fácil esquecer que o Newcastle praticamente não fez grandes contratações no verão passado, com exceção da compra definitiva de Lewis Hall, após o empréstimo do Chelsea. Ainda assim, o clube conseguiu se classificar para a Liga dos Campeões e conquistou seu primeiro título doméstico em 70 anos — a Copa da Liga (Carabao Cup).

O time tem um treinador e um elenco capazes de repetir esse feito ou até ir além. No entanto, após um verão de rejeições e frustrações, Howe está certo ao afirmar que o clube precisa ser “inteligente” no mercado de transferências — talvez procurando o próximo Isak ou Bruno Guimarães. E manter Isak no elenco é peça central nesse plano. Agora é a hora de reajustar expectativas e estratégias — antes que seja tarde demais.