Seis razões que indicam porque a Inglaterra não vai vencer a Eurocopa 2024

Luke Shaw fez apenas 15 jogos pelo Manchester United na última temporada e não atua desde fevereiro. Mesmo assim, ele é o único lateral-esquerdo convencional na seleção inglesa, o que é preocupante para Southgate.

O que acontece se não estiver em plena forma física quando enfrentarem equipes fortes, como a França? Da para confiar em Trippier ou em um zagueiro improvisado na lateral, como Joe Gomez e Ezri Konsa para parar jogadores como Ousmane Dembelé?

Mesmo progredindo bem em sua recuperação, se Shaw não estiver 100% para o mata-mata, a Inglaterra terá problemas defensivos e ofensivos. Sua condição física pode ser crucial em um torneio decidido por pequenos detalhes.

Quão fraca é a Inglaterra no centro da defesa? Bem, a indisponibilidade de Harry Maguire por lesão é um duro golpe. Sim, por incível que pareça, situação é terrivel.

Com a disponibilidade de Maguire em xeque durante toda a temporada por um problema na panturrilha, Southgate convocou praticamente todos os zagueiros possíveis da Inglaterra, mas Maguire não conseguiu se recuperar a tempo de viajar para a Alemanha. Southgate, então, foi forçado a cortar um de seus jogadores mais confiáveis. De fato, apesar de todos os defeitos de Maguire - e ele tem muitos - ele foi um dos melhores jogadores da Inglaterra na Copa do Mundo de 2022, então sua ausência representa uma grande dor de cabeça para o técnico.

Marc Guehi provavelmente ocupará a vaga disponível ao lado de John Stones, mas sua inexperiência com a seleção inglesa é preocupante. Se Stones não estiver em forma, já que jogou apenas 21 minutos dos últims sete jogos do City na temporada, Lewis Dunk, Konsa ou Gomez podem entrar na equipe titular. Reza a lenda que defesas ganham títulos e, para o bem da Inglaterra, é melhor isso não ser verdade.

Southgate afirmou antes do amistoso contra a Islândia que não colocaria Ivan Toney no ataque, pois sua prioridade era garantir que Harry Kane estivesse "pronto" para a Euro 2024, após ter perdido o final da temporada devido a um problema nas costas.

Kane saiu do banco e marcou um gol contra a Bósnia e Herzegovina, mas está claro que ele não está 100%. Para Southgate resta orar para que Kane não sofra nenhum contratempo durante o torneio, já que o jogador de 30 anos é insubstituível para a equipe.

Ollie Watkins é um talento promissor, mas ainda não tem a mesma qualidade e experiência de Kane. Toney, por sua vez, é considerado superestimado na Premier League e é uma surpresa estar na equipe, após uma temporada irregular.

Apesar das opções que a Inglaterra tem no ataque, uma lesão de Kane seria um completo desastre.

Southgate admitiu no mês passado sua insegurança sobre o meio-campo.

"Nos últimos meses, tenho pensado: 'Declan com quem?' e: 'Sem Declan, quem?'", disse o treinador. A ausência de Rice seria uma tragédia, já que ele tem sido titular constante nos últimos quatro anos. No entanto, a Inglaterra enfrenta escassez de opções. è discutido se Rice não funcionaria melhor como um nº 8, mas Kalvin Phillips e Jordan Henderson não foram convocados, deixando a seleção inglesa sem opções na frente dos quatro defensores.

Agora, parece provável que Southgate confie em Trent Alexander-Arnold ou escolha entre Mainoo, Gallagher ou Wharton para dividir o meio-campo com Rice. Todos têm potencial, mas pouca experiência em torneios importantes. Esta situação não é ideal para a Inglaterra, dado o papel crucial do meio-campo em proteger a defesa e proporcionar boas condições aos atacantes.

Desde o tempo de Frank Lampard e Steven Gerrard, o futebol inglês não vê um debate posicional tão intenso, com os torcedores da seleção nacional se perguntando como encaixar Phil Foden e Jude Bellingham na mesma escalação.

Ambos se destacam na mesma posição, o que gera um dilema. Enquanto muitos prefeririam vê-los como meias ofensivos em um 4-3-3, Southgate optará pelo 4-2-3-1, significando que apenas um dos dois jogará como segundo-atacante, nas costas de Kane.

Provavelmente, Bellingham será escolhido, já que ele "explodiu" no Real Madrid com Ancelotti, enquanto Foden tem sido mais flexível, atuando mais aberto pela esquerda no Manchester City. No entanto, Foden foi excepcional na Premier League quando jogou centralizado, e escalá-lo na ponta pode prejudicar sua eficácia.

Apesar de ser uma daquelas "boas" dores de cabeça por ter dois talentos geracionais à disposição, Southgate precisa resolver esse debate, encontrando uma forma de extrair o melhor futebol tanto de Bellingham quanto de Foden, algo que tem feito o técnico ser bastante criticado por não conseguir fazer.

Southgate ainda é uma figura muito popular no futebol inglês. Ele é o cara que uniu a nação e elevando a moral dos Three Lions com um time jovem e cativante. Seus resultados são impressionantes, mas críticas surgem devido à sua abordagem conservadora.

Antes mesmo da Inglaterra não vencer a França nas quartas da Copa do Mundo de 2022, houve reclamações sobre jogarem com o freio de mão levantado. Southgate é instado a correr mais riscos, ser mais ousado, tanto na escalação inicial como nos ajustes ao longo do jogo - especialmente após recuos inexplicáveis em momentos cruciais, como na final da Euro 2020 contra a Itália.

Embora a Inglaterra seja considerada favorita para conqusitar a Euro, enfrentar equipes fortes será um grande teste para o trabalho de Southgate, que tem histórico irregular contra equipes de primeira prateleira - visto que de 25 confrontos contra pontencias europeias, venceu somente seis.

A questão agora é se ele será ousado e corajoso o suficiente para levar a Inglaterra à conquista de seu primeiro grande título desde 1966. A época das desculpas acabou. Nada menos que o troféu sustentará Southgate. Lesões e contratempos acontecem, mas se a Inglaterra não levar a Euro 2024, o treinador será o principal culpado.