Os 11 momentos que devolveram o Liverpool à relevância - e derrubaram o Manchester United

Após chegar a duas finais da Liga dos Campeões em três anos, o Liverpool entrou em um período de grande instabilidade seguindo sua aquisição por parte de George Gillet e Tom Hicks, que descumpriram promessas de trazer ao elenco comandado, à época, por Rafa Benítez novas contratações e, em vez disso.

O Fenway Sports Group, liderado pelo proprietário do Boston Red Sox, John W. Henry, veio, então, ao resgate, comprando o clube por £300 milhões, em outubro de 2010. Ele liderou uma transformação impressionante no Liverpool, entregando os dois troféus mais importantes do futebol de clube dentro de uma década.

Os americanos cometeram alguns erros, principalmente ao se apoiarem Superliga Europeia, mas tiveram grandes acertos, principalmente no mercado de transferências.

Luis Suárez pode não ter agradado a todos, mas sua mentalidade de ganhar a qualquer custo transfor mou o Liverpool de um time aspirante em uma equipe de elite. Contratado junto ao Ajax por apenas £23 milhões, ele foi o melhor atacante do clube desde Fernando Torres, marcando 31 gols na temporada 2013/14, na qual o time ficou a um histórico escorregão de Steven Gerrard de sua primeira Premier League.

Quando retornou a Anfield com o Barcelona e depois com o Atlético de Madrid, Suárez não foi ovacionado pela torcida local, mas é inegável que ele levou o clube de volta à direção certa. Além disso, ainda garantiu um retorno de quase o triplo do investimento inicial, quando foi vendido por £75 milhões.

Michael Edwards era uma figura bem desconhecida quando se juntou ao Liverpool, em 2011, como analista, mas mal sabiam todos o quão importante ele viria a ser para moldar o futuro da equipe. Edwards logo se tornou diretor de desempenho técnico e depois diretor técnico, antes de ser nomeado o primeiro diretor esportivo do Liverpool, em 2016, tornando-se uma das figuras mais influentes durante o período mais bem-sucedido do clube no século 21.

Ele foi o 'gênio oculto' que, em conjunto com outro diretor focado em mercado, Ian Graham, ajudou a construir uma das maiores equipes de futebol do mundo. Ele realizou grandes negociações, incluindo a contratação de Roberto Firmino, Sadio Mané, Gini Wijnaldum, Mohamed Salah, Andy Robertson, Alex Oxlade-Chamberlain, Virgil van Dijk, Alisson Becker e Fabinho. Ele deixou o Liverpool em 2022, mas agora está de volta à equipe, sendo nomeado CEO de futebol.

Liverpool conseguir Philippe Coutinho por apenas £8,5 milhões e vendê-lo para o Barcelona por £142 milhões talvez seja o maior negócio da história do futebol. Coutinho trouxe muita qualidade ao time de Brendan Rodgers e, em meia temporada, marcou três gols e contribuiu com sete assistências. Ele foi ainda melhor na campanha seguinte, ajudando o Liverpool a chegar perto do título, formando boa parceria com Suárez.

Adem ais, ele se tornou uma parte crucial do time inicial de Jürgen Klopp, contribuindo com 62 gols sob o comando do alemão e formando um ataque irresistível conhecido como 'Fab Four', ao lado de Salah, Mané e Firmino. Com as cifras decorrentes de sua saída, os Reds fecharam com Van Dijk e Alisson, que formaram as bases para os títulos da Premier League e da Liga dos Campeões.

A era de Rodgers no comando do Liverpool pode ter terminado mal, alguns meses depois de uma humilhante derrota por 6 a 1 contra o Stoke City, mas - talvez seja melhor falar baixo - o técnico desempenhou um papel enorme no ressurgimento do clube. O Liverpool fez uma escolha corajosa contratá-lo junto ao Swansea City, e ele logo traduziu o futebol chamativo que havia implementado no sul do País de Gales em Merseyside.

Contando com Suárez e Coutinho, além de um determinado Steven Gerrard, o Liverpool chegou o mais perto até ali na sua história ao caneco da Premier League, perdendo-o para o City na última rodada. Embora a jornada tenha terminado em lágrimas, aquela temporada recolocou o Liverpool no mapa.

Mas, claro, os feitos de Rodgers logo foram superados por Klopp. O Liverpool ficou impressionado com o alemã, que levou o Borussia Dortmund à final da Liga dos Campeões e a títulos consecutivos da Bundesliga, firmando sua conrtatação depois uma reunião secreta em Nova York, interrompendo seu período sabático.

Klopp levou o Liverpool a duas finais logo em sua primeira temporada, e, embora tenha sido derrotado em ambas, muitas outras ainda estavam por vir. Seu maior feito foi conquistar o primeiro título inglês da equipe em 30 anos, mas seu maior legado será o vínculo criado com os torcedores e com a cidade.

No meio de 2017, Liverpool e United foram atrás de atacantes anteriormente dispensados por José Mourinho. Enquanto os Red Devils compravam Romelu Lukaku junto ao Everton por £75 milhões, o Liverpool apostava em Salah, que havia dado um 'restart' em sua carreira na Roma, por apenas £37 milhões. Quem será que fez a melhor escolha?

Em menos de sete temporadas, Salah marcou 206 gols e distribuiu 90 assistências, entrando na lista dos cinco maiores artilheiros da história do clube e ultrapassando Gerrard como o maior goleador na Premier League, além, claro, de ter conquistado incríveis oito troféus. Lukaku deixou o United, enquanto isso, apenas duas miseráveis temporadas depois. Sem troféus.

O Liverpool vinha namorando Van Dijk há muito tempo, e meses após uma polêmica reunião entre o defensor e Klopp em um hotel em Blackpool, eles fecharam negócio com o Southampton, em janeiro de 2018, pagando £75 milhões pelo holandês, um recorde para um defensor à época - os Red Devils viriam a quebrar esse recorde meses depois, quando acertaram a vinda de Harry Maguire depois. A transferência levou Klopp a ser acusado de hipocrisia depois de criticar os £89 milhões investidos pelo United em Paul Pogba, 18 meses antes. No entanto, Van Dijk provou valer cada centavo - ao contrário de Pogba.

O imponente zagueiro era a peça que faltava no quebra-cabeça de Klopp, estabilizando a defesa do Liverpool e ajudando-os a alcançar não só sucessivas finais de Liga dos Campeões, como a conquistar o primeiro título inglês em três décadas. Quando o holandês sofreu uma grave lesão no joelho no início da temporada seguinte, a defesa do título do Liverpool praticamente desmoronou.

Van Dijk agora está de volta ao seu melhor, marcando recentemente o gol do título da Carabao Cup, contra o Chelsea, e vencendo uma duelo para lá de complicado com Erling Haaland, no confronto do último domingo (10), contra o Manchester City.

Assim como Lukaku e Salah, é difícil de comparar Maguire e Van Dijk...

O legado do Liverpool foi construído muito em cima de suas quatro conquistas da Copa Europeia durante a década de 1980. O Milagre de Istambul, de 2005, deu ao clube, por sua vez, um triunfo moderno. Ainda assim, quase 15 anos depois, o time estava precisando de um título europeu, e Klopp chegou perto de quebrar a seca, liderando a equipe à final Liga dos Campeões de 2018.

Os Reds acabaram derrotados em circunstâncias difíceis pelo Real Madrid, mas voltaram mais fortes, eliminando o Bayern de Munique e depois o Barcelona - com uma das viradas mais incríveis da história do futebol na goleada por 4 a 0 diante de Lionel Messi e companhia, em Anfield. O sexto título europeu veio por cortesia do rival Tottenham.

Klopp chegou à final novamente em 2022, embora uma nova derrota para o Madrid tenha sido ofuscada pelas cenas vergonhosas fora do Stade de France. O alemão, agora, tem o sonho de levar a equipe para a glória da Liga Europa, em Dublin, em sua última temporada em Anfield.

Enquanto isso, o United acumulou uma série de fracassos continentais desde a conquista da Liga Europa de 2017, sofrendo uma eliminação humilhante, como último colocado de um grupo relativamente fácil, nesta temporada temporada da Champions.

Mas o ressurgimento do Liverpool sob o comando de Klopp não poderia estar completo até que o primeiro título de Premier League, não é? Nenhum treinador havia conquistado um título inglês pelo clube desde Kenny Dalglish, em 1990, antes mesmo do início da 'era moderna'. Roy Evans, Rafa Benítez e Brendan Rodgers... Todos chegaram perto. Na verdade, até mesmo Klopp pisou nesse território, perdendo o título de 2018/18 por apenas um ponto.

Perder o título por margens tão pequenas poderia ter quebrado qualquer equipe, mas o Liverpool mostrou sua resiliência mental, meses depois, com sua campanha mais surpreendente, garantindo o título com sete jogos de antecedência - um recorde da Premier League - e com 23 pontos de vantagem, a maior da história do futebol inglês.

A conquista do título garantiu a imortalidade de Klopp e também deixou o Liverpool perto de igualar o número de títulos do United, com 20, para de fato voltar ao seu lugar de destaque.

Klopp ganhou tudo que era possível na Inglaterra e na Alemanha, mas, ainda assim, descreveu o título, no mês passado, da Carabao Cup como "facilmente o troféu mais especial" que já havia levantado. E isso se deve ao fato de que o triunfo em Wembley foi construído por uma geração de jovens em grande parte desconhecidos da base do clube, em meio a uma crise de lesões.

Assim, mesmo considerando tudo o que Klopp fez e conquistou desde 2015, 'Os Jovens de Klopp' podem ser seu maior legado. O alemão teve uma grande influência no design do novo centro de treinamento do clube, em Kirkby, colocando o desenvolvimento de jovens jogadores no centro do planejamento.

Conor Bradley substituiu Trent Alexander-Arnold, outro cria da academia, por exemplo. Mais, Harvey Elliot e Curtis Jones já se estabeleceram como titulares regulares na equipe principal. E o futuro, personificado em Bobby Clark, Ben Doak, Jayden Danns, Jarell Quansah e Lewis Koumas, parece muito promissor.