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São Paulo Zubeldia 2024 GFXGOAL

O que faltou para o São Paulo brigar forte por títulos de Brasileirão e Libertadores em 2024, e o que Zubeldia pode fazer para mudar isso em 2025

De maneira simples: o 2024 do São Paulo não foi aquilo que o torcedor esperava. O início, nota-se, já foi conturbado. Primeiro, com a saída do técnico Dorival Júnior para a seleção brasileira; depois, com a aposta no jovem Thiago Carpini saindo pela culatra, levando o Tricolor a alterar - de novo - sua rota.

Luis Zubeldía assume, então, a liderança da barca, em um início de passagem que supera todas as expectativas, com uma série de 12 partidas de invencibilidade.

Mas o bom momento logo foi vítima da inconstância. Se o primeiro lugar na fase de grupos da Libertadores impressionou, o embate contra o eventual campeão, Botafogo, nas quartas de final provou-se o fim da linha para a equipe na competição continental. Some a isso outra eliminação relativamente precoce - na Copa do Brasil, diante de um também inconstante Atlético-MG e com direito a revés em casa - e tropeços evitáveis no Campeonato Brasileiro, e o resultado não agradará muito.

Assim, a GOAL avalia como o São Paulo de Luis Zubeldía deixou de lado um dos melhores inícios de um técnico na história do clube e passou a ser refém da própria inconsistência...

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    Crise de lesões

    Zubeldía teve que lidar, no segundo semestre, com uma crise de lesões no meio de campo. A dupla inquestionavelmente titular, Pablo Maia e Alisson, virou desfalque para praticamente o resto da temporada e canalizou esforços do clube na busca por peças de reposição, aliado às necessidades de um novo lateral-esquerdo e um novo zagueiro.

    Para o segundo terço, Santiago Longo e Marcos Antônio foram as soluções encontradas. Além deles, retornaram também de empréstimo Igor Liziero - que negocia renovação de contrato - e Jhegson Méndez - que, por outro lado, já tem conversas por uma rescisão. Mas a verdade é que, mesmo com quatro novas caras no plantel, é difícil afirmar que pelo menos um dos quatro tenha se firmado.

    Luiz Gustavo e Damián foram as escolhas usuais de Zubeldía para o time titular, é verdade, mas não passaram longe do crivo da torcida. Luiz Gustavo, por exemplo, ficou marcado na eliminação no MorumBIS para o Botafogo pela falha no gol que abriu o placar para os alvinegros. Liziero ocasionalmente ganhou oportunidades, mas os problemas físicos já usuais bateram novamente à porta.

    O São Paulo não estava preparado para perder sua dupla titular de meio, é a conclusão. E, claro, quem é que estaria? Mas a verdade é que o clube teve tempo para buscar soluções - e não as encontrou.

    Some além disso os problemas físicos de outros setores. Wellington Rato, por exemplo, retornou de lesão no primeiro semestre, mas nunca mais foi o mesmo. Ferreirinha, enquanto isso, também viveu idas e vindas no departamento médico, enquanto se postava como uma das únicas peças de velocidade à disposição de Zubeldía no ataque. Ademais, nem é preciso citar as laterais - Wellington viveu meses como única opção na esquerda, enquanto Rafinha e Igor Vinícius alternavam períodos no REFFIS.

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  • Fluminense v Sao Paulo - Brasileirao 2024Getty Images Sport

    Janela limitada

    Problema diretamente ligado a isso, claro, foi a janela de meio de ano no MorumBIS. Para o segundo terço, Longo e Marcos Antônio foram as soluções encontradas em um mercado financeiramente limitado para o Tricolor. Como antecipado, nenhum deles realmente se firmou com Zubeldía.

    Pep Guardiola, técnico do Manchester City, afirmou na última semana que o seu "futebol é construído pelo meio de campo". E talvez o São Paulo sinta tanto a falta da sua dupla de meio quanto o City tem sentido a falta de Rodri.

    O que mais impressiona, porém, é que o clube tinha, sim, uma gama de opções à sua disposição. Se Longo e Marcos Antônio não agradaram de primeira, Bobadilla e Luiz Gustavo já tinham vivido algum bom momento durante o ano, enquanto Liziero e Méndez voltavam de empréstimo e poderiam, ao menos, serem testados - péssima notícia para o equatoriano, então. Ao todo, portanto, seis opções para duas vagas - além de eventuais improvisos e qualquer surpresa da base. Fato é, portanto, que o problema não foi a falta de opção, mas ou a falta de manejo ou, então, a escolha equivocada dos ingredientes.

    Tudo isso, claro, sem citar a preocupação durante todo o ano na busca por uma peça de reposição na lateral-esquerda, encabeçada por um Wellington já de pré-contrato assinado com o Southampton, e por outro zagueiro - e se Sabino e Ruan Tressoldi passaram nos primeiros testes no miolo da zaga, o irlandês Jamal Lewis sofre de problemas físicos e pode nem voltar a vestir a camisa do clube. O problema no meio de campo, contudo, não se limitou à dupla de volantes.

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    Oscilação de medalhões

    Mas mesmo um meio-campo bagunçado é capaz de prosperar. Há momentos em que a qualidade técnica individual de um camisa 10 é capaz de, se talvez não exatamente endireitar os entraves na proteção do setor, pelo menos oferecer alguns momentos pontuais de maior criatividade e do tal 'inesperado'. E o São Paulo tem um jogador com essa característica - ou deveria ter.

    Giuliano Galoppo viveu uma temporada completamente aquém do esperado. Problemas físicos, consequente falta de ritmo e atuações apagadas... Pacote completo. E some a isso os diversos rumores de uma transferência - seja para a Europa, seja para o Boca Juniors, seja para o Rosario Central -, que basicamente foram o que mais chamou a atenção no 2025 do argentino. James Rodríguez também poderia ser esse cara. Mas, bem, não funcionou - e parece seguir sem funcionar, agora no Rayo Vallecano, da Espanha.

    Na falta de um camisa 10, restou a Zubeldía improvisar. Claro, a carta na manga utilizada desde a época de Rogério Ceni era literal: Luciano, o próprio camisa 10. Mas a oscilação do atacante levou ao técnico a fazer outros experimentos, muitas vezes optando por Lucas Moura. Houve momentos em que deu certo (sobretudo antes das lesões de Maia e Alisson), mas em outros o time careceu de criatividade, como na dupla eliminação nas copas, por pouca diferença no agregado.

    E se formos falar das eliminações, não há como escapar de Jonathan Calleri. Sendo bem sucinto, o atacante desperdiçou duas chances claríssimas contra o Botafogo - uma na ida, outra na volta -, antes de marcar o belo gol de cabeça no final do jogo de volta. Qualquer redenção, porém, foi freada com a bola na trave na disputa de pênaltis. Verdade seja dita, porém, ele não foi o único a decepcionar - Lucas também perdeu pênalti, no final do primeiro tempo; Luiz Gustavo perdeu a bola de maneira infantil na construção da jogada do gol de Thiago Almada; Rafinha teve dificuldades na direita e precisou ser substituído no 2° tempo; Rafael, herói da Supercopa do Brasil, não pegou nenhuma cobrança botafoguense...

    Evidente que esta é só uma dentre tantas partidas, apesar de ter sido uma das mais importantes da temporada. Ainda assim, serve como certa representação da temporada tricolor. Fato é que vários outros jogadores poderiam entrar nessa lista. Arboleda talvez seja o principal deles, até chegando a perder a titularidade na reta final do Brasileirão, em meio a uma sequência de falhas - a principal delas, no empate em 1 a 1 contra o Criciúma, quando uma tentativa de afastar o perigo da área própria acabou se tornando em uma baita furada na construção da jogada do gol adversário.

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  • Criciuma v Sao Paulo - Brasileirao 2024Getty Images Sport

    Continuidade

    Ainda assim, o São Paulo está classificado para a fase de grupos da Libertadores 2025, com vaga carimbada no G-6 do Brasileirão. Isso, claro, bate com os objetivos do clube do início da temporada.

    O problema é que, por mais que os resultados não sejam desastrosos, a sensação é que dava para ter conquistado mais. O arquirrival Corinthians deixando a zona do rebaixamento e chegando à vaga antecipada à pré-Libertadores em apenas oito rodadas lembra que, em um campeonato tão apertado e equilibrado, basta que alguns tropeços sejam vitórias para que as ambições de um clube mudem completamente ao longo do ano.

    E não são poucos os jogos que o São Paulo deixou para trás durante a temporada. Empates com Criciúma, Juventude, Bragantino e Corinthians - o Majestoso com um a mais durante um terço do 2° tempo - ou derrotas para Cuiabá, Vasco, Atlético-MG, Fortaleza, Grêmio e Juventude... Todas com preciosos pontos que ficaram pelo caminho e certamente mudariam o enfoque da equipe no campeonato.

    Se a permanência de Luis Zubeldía está encaminhada, o clube terá alguma dor de cabeça para definir a situação de vários jogadores. Luciano, Galoppo, Nestor são apenas três deles, em um momento em que a diretoria planeja uma redução salarial em função do crescimento do déficit nesta temporada.

    O 2024 do São Paulo não foi um desastre, mas ficou muito longe de impressionar. Vale lembrar, claro, que o time precisou reagir à saída de Dorival Júnior para a seleção brasileira no início do ano e errou na aposta de Thiago Carpini, demitido após apenas três meses no cargo.

    Nesse sentido, definir de vez o futuro de Zubeldía é um acerto - porque mudar de rota no meio da temporada já deu pinta de não ser a melhor ideia... agora é se preparar para 2025 buscando evitar os erros que fizeram a diferença em 2024.

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