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Moises Caicedo Chelsea GFX 16:9GOAL

Moisés Caicedo vai aos poucos mostrando que vale o valor pago pelo Chelsea

Poucos são os jogadores com valor de mercado avaliado acima dos £100 milhões - e Moisés Caicedo certamente não era um deles quando o Chelsea gastou essa bolada para tirá-lo das mãos do Liverpool, no ano passado. Inicialmente, parecia que os Blues acabariam perdendo o jogador para os rivais, mas Caicedo acabou escolhendo o Stamford Bridge.

Depois de sofrer na primeira temporada em Londres, o jogador de 22 anos aos poucos voltou àquele mesmo nível que convenceu a gestão de Todd Boehly quebrar o recorde de maior transferência da história do futebol inglês. Sob o comando de Enzo Maresca, ele tem se mostrado exatamente o meio-campista que eles pensaram estar contratando.

"Ele [Maresca] me deu responsabilidade. É bom quando o técnico faz isso porque ele sabe que você pode ir bem", disse Caicedo, em entrevista recente. "Ele sempre me diz para ajudar o time atacando e defendendo, e é isso que estou fazendo em campo. Estou trabalhando nos dois lados, ajudando a avançar e recuar, e fico muito feliz quando consigo ajudar o time a vencer".

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  • Moises Caicedo Chelsea 2023-24Getty

    Dificuldades iniciais

    O começo apagado de Caicedo no Chelsea agora é notório, embora tenha sido marcado pelo fato de que ele mal jogou na pré-temporada de 2023, pois estava afastado do Brighton - comandado, à época, pelo então técnico Roberto De Zerbi -, em meio às negociações com Reds e Blues.

    Apesar da falta de minutos e ritmo de jogo, Mauricio Pochettino lançou o novo reforço logo de cara e, talvez para a surpresa de zero pessoas, o equatoriano acabou tendo dificuldades; o meio-campista cometeu um pênalti em sua estreia, contra o West Ham, e, dois jogos depois, perdeu a bola no início da jogada que rendeu o gol da vitória do Nottingham Forest em pleno Stamford Bridge - tudo isso em meio Chelsea ao desastroso início da temporada 2023/24.

    Inevitavelmente, o altíssimo valor pago por Caicedo só aumentou a cobrança em torno de seu desempenho, e, embora ele tenha eventualmente se ajustado e evoluído gradualmente, acompanhando a evolução geral do Chelsea ao longo da temporada, suas performances individual já estavam manchadas.

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  • Moises CaicedoGetty

    "Difícil para mim"

    Em entrevista no início de outubro, Caicedo admitiu ter encontrado dificuldades para se adaptar às altas expectativas no novo clube: "No começo da última temporada, foi um pouco difícil para mim. É um clube muito grande e você precisa se acostumar com isso. Aprendi muito", afirmou.

    Seguiu: "Quando alguém novo chega com ideias novas, você precisa se adaptar: a um novo clube e a jogar com a pressão de que é preciso vencer todos os jogos".

    Caicedo já havia mencionado o peso de £115 milhões, dizendo, inclusive, que chegou a perder a confiança: "Sim, confiança," disse ele. "Tenho qualidade e sei o jogador que sou. Mas, às vezes, se você não é forte mentalmente, é difícil".

  • Moises Caicedo Chelsea Liverpool 2023-24 GFX GOAL

    Dedos apontados

    Um clube em particular, claro, celebrou as dificuldades iniciais de Caicedo: o adversário do Chelsea neste domingo, o Liverpool.

    A surpreendente recusa do equatoriano ao interesse dos Reds, optando pelo Chelsea – algo que Romeo Lavia também havia feito dois dias antes, inclusive – gerou ampla frustração entre a torcida, que culpou tanto o jogador quanto a diretoria de Anfield, pois viam Caicedo como peça essencial para a reconstrução do meio-campo após as saídas de Fabinho, Jordan Henderson e James Milner.

    Não surpreendentemente, os torcedores do Liverpool foram os primeiros a apontar o dedo quando as coisas começaram a dar errado para Caicedo e Lavia - tendo o último perdido toda a temporada por lesão.

    No fim, a dupla recusa foi rapidamente esquecida e o ânimo em Merseyside só aumentou depois das chegadas de Alexis Mac Allister, Dominik Szoboszlai e Wataru Endo, que rapidamente se destacaram. Endo, contratado como alternativa defensiva no meio-campo, custou, aliás, sete vezes menos que Caicedo.

    Até Jurgen Klopp comentou sobre isso. Em dezembro do ano passado, o então técnico dos Reds brincou: "Tivemos algumas coisas estranhas no mercado de transferências, mas aqui, entre nós, posso dizer, ‘meu deus, que sorte a nossa, hein?’. Naquele momento não sabíamos disso e não parecia, mas sim, estou muito feliz com a maneira como tudo se resolveu."

    Ainda assim, Caicedo está "100%" convencido de que fez a escolha certa.

  • Moises Caicedo Chelsea 2024-25Getty

    Grande evolução

    E é justamente em seu melhor momento com a camisa do Chelsea que Caicedo irá a Anfield.

    O jovem de 22 anos mostrou-se cada vez mais confiante sob o comando de Pochettino na segunda metade da última temporada, tendo até contratado personal trainer para ajudá-lo, e deu passos significativos desde que Maresca assumiu o comando da equipe, emergindo como uma peça-chave no meio de campo dos Blues.

    Ele redescobriu sua qualidade nos desarmes que o tornou uma grande promessa no Brighton, liderando o elenco do Chelsea em desarmes (16), bloqueios (11) e interceptações (10), com médias de 3,95 desarmes e 1,46 interceptações por partida. Ele, inclusive, já registra 39 recuperações de bola em sete rodadas na Premier League.

    Caicedo ainda vence 94% dos suas divididas no inglês e acerta 90% dos seus passes importantes e 70% dos seus passes progressivos, mostrando que não se resume apenas a defender. Sua melhor atuação até agora foi na vitória sobre o West Ham, quando coroou sua excelente performance com uma bela assistência para Nicolas Jackson.

  • Chelsea v FC Internazionale - Pre-Season FriendlyGetty Images Sport

    Ideias equivocadas

    Em resumo, Caicedo está respondendo aos críticos voltando a fazer o que ele faz de melhor - um verdadeiro "destruidor" de meio-campo. Ele foi criticado por ser facilmente desarmado, mesmo não tendo os melhores passes curtos - sua precisão na Premier é de apenas 88% -, mas a verdade é que ele não foi contratado para ser o próximo Sergio Busquets.

    O fato de ele possuir um ótimo passe longo e, às vezes, contribuir com assistências, como a que fez para Jackson, são só bônus. Caicedo não é, prioritariamente, um meio-campista de controle de bola, e a ideia equivocada de que ele deveria dominar esse aspecto - consequência, claro, de investir £115 milhões em um jogador - prejudicou sua reputação na última temporada.

    Em entrevista à BBC, seu ex-treinador no Brighton Graham Potter, que o trouxe do Independiente del Valle, afirmou: "Quando as pessoas falam de jogadores de equipe, bem, esse é o Moisés - ele só quer fazer o melhor que pode pelo time. Claro que ele é um jogador melhor quando a equipe está funcionando bem, mas ele também melhora todos ao redor".

    "Ele não é o tipo de jogador que vai driblar dez adversários ou tentar algo chamativo. Ele tem um bom físico, recupera a bola e mantém as coisas simples quando está com ela, embora tenha qualidade também - veja o passe que deu para Nicolas Jackson marcar contra o West Ham há algumas semanas".

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    "As coisas são diferentes agora"

    De fato, Potter acredita que Chelsea e seus adversários estão apenas começando a ver o melhor do equatoriano. "A forma como ele começou com a gente no Brighton foi parecido com que aconteceu quando chegou ao Chelsea. Foi como se ele tivesse que sofrer e perseverar antes de mostrar a todos sua verdadeira qualidade," disse ele.

    "Agora ele se estabeleceu no Chelsea, o que é mérito dele, pois esse status não veio fácil - por muitos motivos. As coisas são diferentes agora. O time do Chelsea se estabilizou bastante desde sua chegada, o que provavelmente o ajudou muito, mas ele também cresceu por lá.

    Potter continuou: "Às vezes há uma expectativa de que, ao contratar jogadores, eles vão render imediatamente e se tornar uma solução instantânea para qualquer problema que você tenha. O que as pessoas muitas vezes não entendem é que você está vendo um jogador que estava jogando de certa forma e funcionando bem em uma equipe bem ajustada. Quando você o coloca em uma situação diferente, e em um time que não funciona da mesma maneira, você não tem mais o mesmo jogador - pelo menos temporariamente.

    "Eles só precisam de ajuda e apoio para voltar àquele ponto. É preciso entender o contexto do clube para o qual ele foi, pois é justo dizer que o Chelsea estava em um período de transição há alguns anos, inclusive no tempo em que eu estava lá como treinador".