Melhor goleiro da Europa? Gigi Donnarumma mostra que pode ser o sucessor de Gianluigi Buffon com desempenho pelo PSG

No verão europeu de 2021, o Paris Saint-Germain fez quatro contratações de peso, todas sem custo de transferência: Lionel Messi, Gini Wijnaldum, Sergio Ramos e Gianluigi Donnarumma. Apesar de toda a euforia em torno da chegada de Messi ao Parque dos Príncipes, foi Donnarumma quem pareceu representar o reforço mais significativo do ponto de vista esportivo.

Com apenas 22 anos — ainda considerado um "bebê" para a posição de goleiro —, ele chegou a Paris poucos dias após ser eleito o Jogador do Torneio da Euro 2020. A Itália conquistou o título, em grande parte, graças às atuações decisivas de Donnarumma em Wembley, especialmente contra a Espanha e a Inglaterra. Era evidente que ele estava perfeitamente posicionado para assumir a meta do PSG por muitos e muitos anos.

O único entrave era a presença de Keylor Navas no elenco. Na temporada 2021/22, os dois acabaram revezando a titularidade, dividindo os deveres debaixo das traves. Eventualmente, algo precisava mudar — e foi Navas quem, de forma até surpreendente, acabou cedendo espaço. No entanto, a sabedoria dessa escolha passou a ser frequentemente questionada pela imprensa francesa, especialmente por conta das dificuldades de Donnarumma com a bola nos pés.

A implosão do PSG no Santiago Bernabéu, em 9 de março de 2022, talvez não tenha sido a mais dolorosa eliminação do clube na Champions League — mas, ainda assim, foi uma noite terrível para Gianluigi Donnarumma.

Após vencer o Real Madrid no jogo de ida com um gol nos acréscimos de Kylian Mbappé, o time comandado por Mauricio Pochettino parecia com um pé nas quartas de final quando o atacante francês voltou a balançar as redes pouco antes do intervalo da partida de volta. No entanto, aos 61 minutos, Donnarumma hesitou com a bola nos pés, e Karim Benzema aproveitou a indecisão para pressionar, forçar o erro e recuperar a posse. Vinícius Jr. rapidamente aproveitou a sobra e devolveu para Benzema, que marcou com facilidade.

O que se seguiu foi o colapso previsível. O PSG desmoronou e viu Benzema completar um hat-trick, selando a virada madrilenha por 3 a 2 no placar agregado. Donnarumma deixou o campo arrasado — mais um episódio amargo na conturbada trajetória europeia do clube.

Assim como havia feito após algumas falhas de Donnarumma na final da Copa da Itália de 2019, Buffon foi rápido em defender seu compatriota após o erro contra o Real Madrid.

"Erros como esse são importantes para o crescimento. Fazem parte do processo de desenvolvimento, e tenho certeza de que não terão um impacto negativo, porque Donnarumma já mostrou ter a força necessária para superar momentos difíceis", disse Buffon ao Corriere dello Sport.

"Ele é forte demais para se deixar abalar por isso. Gigio é um dos melhores goleiros do mundo — está entre os três principais, ao lado de Thibaut Courtois e Manuel Neuer."

Buffon certamente estava certo em pelo menos um ponto: Donnarumma teve, sim, a força necessária para superar seu deslize em Madri. E o apoio da preparadora mental Nicoletta Romanazzi foi fundamental nesse processo.

"Uma coisa que aprendi foi a reagir melhor aos erros do que aos sucessos", disse Donnarumma ao Gazzetta dello Sport. "Sempre agradeço à Nicoletta [Romanazzi], porque ela me ajuda a focar em mim mesmo e a não me deixar levar por fatores externos. Procurar ajuda não é sinal de fraqueza — pelo contrário, é algo que te fortalece."

"O papel do goleiro é um dos mais difíceis, mas também um dos mais bonitos. Uma das minhas maiores qualidades é manter o foco mesmo depois de um erro. Se você fica preso a eles, está morto... As pessoas têm o direito de opinar, mas nenhuma opinião pode definir o valor de um goleiro. Eu sigo tranquilo — especialmente porque sei que posso aprender com os meus erros."

O problema, no entanto, é que esses erros continuavam se repetindo — e isso passou a ser uma preocupação real em Paris.

Em uma semana particularmente desastrosa durante a temporada 2023/24, Donnarumma cometeu três erros graves em três jogos consecutivos.

Contra o Monaco, entregou um gol a Takumi Minamino ao errar um passe na saída de bola. Três dias depois, foi responsabilizado pela abertura do placar na derrota por 4 a 1 para o Newcastle, pela Champions League, no St. James' Park. Para piorar, foi expulso na partida seguinte, contra o Le Havre, ao cometer uma falta imprudente fora da área — deixando o técnico Luis Enrique com a tarefa de proteger seu goleiro publicamente.

"Gigio fez exatamente o que pedi a ele. Peço que o goleiro cubra o último terço do campo. Portanto, se há um responsável, sou eu", disse o treinador espanhol. "Na maioria das vezes, essa estratégia funciona. Quando não funciona, a culpa é minha."

A verdade, no entanto, é que Luis Enrique — como muitos treinadores de sua geração — quer um goleiro que não apenas defenda, mas também contribua na construção ofensiva. E, embora Donnarumma seja excelente no primeiro quesito, ainda enfrenta dificuldades no segundo.

Como resultado, cresceram os rumores de que o PSG pode considerar vender o goleiro italiano já neste verão europeu, com o jovem Lucas Chevalier, do Lille, sendo apontado como possível substituto.

O timing das conversas sobre uma possível transferência, claro, parece estranho — afinal, a popularidade de Donnarumma em Paris nunca foi tão alta. O PSG simplesmente não estaria às portas de uma final de Champions sem ele.

Na vitória sobre o Liverpool nas oitavas de final, o goleiro italiano lembrou ao mundo por que é considerado o pior pesadelo em disputas de pênaltis. Já nas quartas, contra o Aston Villa, Luis Enrique descreveu sua atuação decisiva no jogo de volta com uma palavra: "sensacional".

Na semifinal, diante do Arsenal no Emirates, Vitinha foi eleito o Jogador da Partida, mas fez questão de entregar o prêmio a Donnarumma, chamando o italiano de "MVP" da equipe — destaque para duas defesas cruciais, sendo a segunda, em um chute de Leandro Trossard, absolutamente espetacular. Em Paris, ele foi crucial para conter o ímpeto dos Gunners no primeiro tempo, especialmente com a defesa do chute de Gabriel Martinelli.

Agora, Donnarumma está a um passo mais perto de conquistar algo que seu ídolo Buffon jamais conseguiu: levantar a taça da Champions. Se isso será suficiente para consolidá-lo como o maior goleiro da atualidade é outra história — especialmente diante da obsessão contemporânea por goleiros que atuam como armadores.

Mas como disse recentemente Alessandro Costacurta, lenda do Milan, sobre as críticas ao compatriota: "Dizem que ele não é o melhor quando precisa sair da linha, mas esquecem de mencionar que ele é o melhor do mundo em todo o resto!"