Manchester United, Bayern ou Chelsea: quem precisa mais de Zinedine Zidane?

Por exemplo, Zidane foi supostamente considerado pelo Manchester United duas vezes anteriormente - uma vez em 2019, quando a passagem de José Mourinho estava chegando ao fim, e depois em 2021, antes de Ralf Rangnick ser escolhido como substituto interino de Ole Gunnar Solskjaer.

A Juventus também estava às frestas quando Andrea Pirlo saiu, eventualmente optando por recontratar Max Allegri, que vem sofrendo com a turbulência em Turim desde então. O Paris Saint-Germain também esteve entre seus outros pretendentes, sobretudo quando ficou evidente que Christophe Galtier seria demitido no final da última temporada. Novamente, no entanto, Zidane manteve sua distância e Luis Enrique acabou conseguindo o principal cargo no futebol francês.

Não foram apenas papéis em clubes também. Entende-se que a seleção dos Estados Unidos sondou o técnico de 51 anos quando Gregg Berhalter passou por um período de investigação. Zidane mostrou pouco interesse em ir para os Estados Unidos, no entanto, mesmo com a promessa de liderar as Estrelas e Listras em uma Copa do Mundo em casa em 2026.

Na verdade, apesar de todos os rumores, houve apenas uma proposta que realmente balançou Zidane desde sua saída do Real Madrid. Quando a França perdeu a final da Copa do Mundo de 2022, não estava claro se Didier Deschamps permaneceria como técnico dos Bleus. Isso levou ao nome de Zidane ser cogitado para o cargo.

Então, com a poeira ainda se assentando sobre a dramática derrota no Qatar, foi confirmado que o técnico havia estendido seu contrato até 2026. Isso obviamente foi decepcionante do ponto de vista de Zidane, mas a questão logo se transformou em uma crise nacional completa graças ao então presidente da Federação Francesa de Futebol, Noel Le Graet.

Falando à RMC Sport na época, o cartola disse: "Zidane tentou me contatar? Certamente não, eu nem sequer teria atendido o telefone de qualquer maneira." Ele acrescentou: "Nunca o conheci, nunca consideramos nos separar de Didier".

Seus comentários displicentes provocaram uma ampla indignação, com Kylian Mbappé dizendo para ele não "desrespeitar a lenda assim", enquanto a ministra do esporte francesa, Amelie Oudea-Castera, também se manifestou. Le Graet tentou se desculpar, mas não adiantou. Poucos meses antes, sua posição havia sido enfraquecida por uma exposição em um veículo de mídia francês, o So Foot, que incluía acusações de assédio sexual e comportamento inadequado no local de trabalho na FFF. Ele acabou renunciando, em fevereiro de 2023.

As críticas a Zidane foram a gota d'água, o que mostra o quanto o herói da Copa do Mundo de 1998 é respeitado na França. No entanto, com Deschamps ainda no comando, seu sonho de dirigir a seleção nacional precisa ficar em stand-by. A situação pode mudar se alguma catástrofe acontecer na Eurocopa, mas os comentários recentes de Zidane sugerem que ele está cansado de esperar e estaria disposto a voltar ao futebol o quanto antes, caso a oportunidade certa surgir.

E não é surpresa que tantos times de ponta estariam dispostos a tê-lo de volta ao banco. O fato de Zidane continuar sendo tão bem conceituado mesmo após alguns anos sabáticos é testemunho do trabalho incrível que ele fez durante sua primeira passagem pelo Santiago Bernabéu. Ele recolheu os destroços deixados pelo infeliz período de Rafa Benitez para, apenas alguns meses, levar os Blancos à final da Liga dos Campeões, onde derrotaram o arquirrival Atlético de Madrid, no San Siro.

E os troféus continuaram a chegar depois disso. Na temporada seguinte, o Madrid conquistou a La Liga, o Mundial de Clubes e mais uma Champions - não bastasse, o tri europeu viria em 2017/18. Ele anunciou sua saída pouco depois, insistindo que o clube precisava de uma "mudança" para seguir em frente. Mas não ficou longe por muito tempo.

Após passagens fracassadas de Julen Lopetegui e Santiago Solari, o Madrid chamou Zidane de volta, em março de 2019. Desta vez, ele foi encarregado essencialmente de reconstruir a equipe após a saída de Cristiano Ronaldo e a glória na La Liga foi conquistada em sua primeira temporada completa no comando, construída em cima de uma defesa miserável e dos gols de Karim Benzema. 2020/21 foi menos mágico, porém, sem conquistar nenhum troféu.

Apesar de ainda ter contrato até 2022, Zidane saiu no final daquela temporada, de forma um tanto amarga. Uma carta aberta aos fãs dizia: "Neste momento, as coisas estão diferentes... Estou saindo porque sinto que o clube não tem mais a confiança em mim que eu preciso, nem o apoio para construir algo a médio ou longo prazo".

Zidane não foi o primeiro treinador a ser desgastado sob o sempre exigente Florentino Pérez, mas se ele estiver pronto para recomeçar, não faltarão ofertas para ele neste meio de ano. Um clube que, conforme reportagens locais, está interessado é o Bayern de Munique, após a notícia de que Thomas Tuchel sairá ao final da temporada.

E o anúncio, claro, não foi surpreendente. Os Die Roten atualmente estão oito pontos atrás do excepcional Bayer Leverkusen, de Xabi Alonso, na corrida pelo título da Bundesliga e as perspectivas na Liga dos Campeões estão por um fio após uma decepcionante derrota no jogo de ida das oitavas de final, para a Lazio.

Ao estilo típico do Bayern - que tem o hábito de atrair talentos de seus rivais alemães -, Alonso é considerado sua primeira escolha. Mas com o Liverpool pressionando para também contratar o espanhol, Zidane surgiu como outra opção.

Sua contratação faria bastante sentido. A dinâmica do vestiário do Bayern está uma bagunça no momento, potencialmente dividido no que se refere ao apoio a Tuchel. Isso reflete um padrão mais amplo de discórdia dentro do elenco nas últimas temporadas, com Leroy Sané tomando um soco de Sadio Mané após um jogo da Champions na temporada passada.

Zidane mostrou durante seu tempo no Madrid que um de seus principais trunfos é lidar com egos. Cristiano Ronaldo, Karim Benzema e inúmeros outros jogadores de grande nome só têm coisas boas a dizer sobre o francês, e, quando estavam no auge de suas habilidades, seu time exalava uma aura.

Foi essa mentalidade - criada por Zidane - que os levou à maioria de seus sucessos. Ele não é um 'treinador de filosofia', como Pep Guardiola ou Roberto De Zerbi. Ele é taticamente flexível, sendo sua maior força garantir que as dinâmicas psicológicas da equipe sejam de elite.

Depois de enfrentar problemas com dois treinadores de mentalidade tão inovadora - Tuchel e Julian Nagelsmann - no passado recente, recorrer a Zidane pareceria fazer sentido para o Bayern.

Mas também parece haver opções na Premier League para Zidane. O Chelsea, por exemplo. Seu nome foi mencionado na temporada passada após o breve reinado de Graham Potter, mas os Blues optaram por uma combinação que hoje parece ser desastrosa, entre Frank Lampard e Mauricio Pochettino.

Este último teve sua segurança no cargo garfada pela jovem equipe do Liverpool de Jürgen Klopp, na final da Copa da Liga Inglesa, levantando ainda mais perguntas se o argentino é a pessoa certa para extrair algo do atual elenco do clube.

E aí reside o problema com a possível busca do Chelsea por Zidane. Embora ele tenha experiência anterior em integrar jovens jogadores à equipe principal, com Federico Valverde, Vinicius Júnior e, em menor medida, Rodrygo, todos subindo para o time principal durante seu tempo no Madri, é uma situação completamente diferente em no oeste de Londres.

O Chelsea ainda gasta como um clube de elite, mas está atualmente a quilômetros de distância de voltar a fazer parte do grupo de elite dos times da Premier League. De muitas maneiras, prever o quão bom seria o trabalho de Zidane em Stamford Bridge é um exercício inútil. Os episódios recentes nos dizem que ele sequer consideraria uma sondagem de Todd Boehly e companhia.

Isso não quer dizer que as perspectivas de Zidane de treinar na Premier League sejam zero. Mais uma vez, há rumores em Old Trafford de que o francês poderia estar no radar do clube. Não é certo que Erik ten Hag será dispensado no meio do ano, mas depois de apresentações fracas na Liga dos Campeões e na Copa da Liga, seu emprego estaria seriamente ameaçado se o Manchester United não terminar entre os quatro primeiros nesta temporada.

A participação parcial de Sir Jim Ratcliffe adiciona um pouco de tempero à situação também. Foi relatado recentemente que sua "nomeação dos sonhos" seria Zidane, considerando a hipótese de que Ten Hag será demitido.

Culturalmente, parece ser uma boa combinação. Ser técnico do United é um trabalho lendário - Ten Hag até foi fotografado por ter a 'audácia' de almoçar com sua esposa logo após a derrota recente para o Fulham. Zidane provavelmente não seria afetado por essa panela de pressão, no entanto, dado que o Real Madrid é um dos únicos clubes do planeta que atraem tanta atenção - positiva e negativa - quanto os Red Devils.

Seu excepcional histórico de troféus também deixa Ratcliffe animado. O bilionário está desfrutando de uma espécie de lua de mel atualmente, recebendo elogios por suas contratações e demissões sem rodeios, mas um troféu em sua primeira temporada completa será vital se ele quiser manter o apoio da fervorosa torcida do clube.

As habilidades de gerenciamento de vestiário mencionadas anteriormente de Zidane também seriam úteis em Old Trafford. Se contratarem o francês, é provável que o United não veja tantas histórias de vestiário sendo vazadas à imprensa.

No geral, Zidane parece ser mais adequado para se juntar a uma equipe que jogue de vermelho, embora haja questões a serem resolvidas antes que qualquer movimentação seja concluída. Além de todas as considerações financeiras normais, os comentários anteriores de Zidane sobre idioma serão motivo de preocupação para ambos os clubes.

"Certas condições tornam as coisas mais difíceis", disse ele, ao L'Équipe, em 2022, quando questionado sobre onde ele treinará a seguir. "Idioma, por exemplo. Quando as pessoas me perguntam: 'Você quer ir para Manchester?' Bem, eu entendo inglês, mas não domino completamente. Eu sei que existem técnicos que vão para clubes sem falar o idioma, mas eu trabalho de forma diferente. Para vencer, muitos elementos entram em jogo. É um contexto global. Eu sei do que preciso para vencer".

Portanto, Zidane precisaria ser convencido de que esse problema específico não será um obstáculo para o progresso em qualquer clube que decida entrar em negociações.

Mas qual clube estaria se esforçando mais para contratá-lo? Enquanto o Bayern se beneficiaria de sua abordagem suave nos bastidores, o fato de estarem prestes a uma reconstrução significativa neste meio de ano - devido à incerteza contratual em torno de vários astros de longa data - pode sugerir que eles necessitam de uma contratação mais voltada para um pensamento à longo prazo.

Eles precisam de alguém que possa oferecer uma filosofia abrangente para o clube seguir em frente, como Guardiola foi encarregado de fazer, em 2013, e como Nagelsmann também esperava fazer. Zidane provavelmente não seria a melhor opção disponível para essa tarefa.

Por outro lado, o United parece estar mais carente de um treinador que possa chegar e conquistar alguns troféus e reestabelecê-los na Liga dos Campeões desde o início. A reestruturação mais ampla que é necessária recairá mais sobre os ombros de outras contratações prováveis: Dan Ashworth e Jason Wilcox.

Ter alguém como Zidane, que comanda respeito instantâneo tanto no vestiário quanto na mídia, para complementar esse processo mais amplo parece ser uma perspectiva para lá de interessante.

Não é de se surpreender que Ratcliffe pareça tão entusiasmado com a ideia.