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Liverpool title race over GFX 1:1GOAL

A luta para defender o título do Liverpool acabou — agora Arne Slot precisa tomar decisões difíceis para um futuro melhor

"Parece demais", admitiu o próprio Slot na coletiva pós-jogo, no Etihad. “A última coisa da qual eu deveria falar é de título, porque a realidade é que estamos em oitavo.”

Agora, a única dúvida real é se o Liverpool conseguirá salvar a temporada ficando entre os quatro primeiros e, ao mesmo tempo, ganhando embalo suficiente para brigar de verdade pela Champions League.

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  • Manchester City v Liverpool - Premier LeagueGetty Images Sport

    Sem desculpas com o VAR

    Slot ficou surpreso com a decisão que anulou o gol de empate de Virgil van Dijk no Etihad. Mesmo assim, não tentou argumentar que o Liverpool merecia sair para o intervalo empatado. “No primeiro tempo, eles foram melhores do que nós em todos os aspectos do jogo.”

    As estatísticas confirmam a análise. Além de acertar apenas um chute no alvo em toda a partida, o Liverpool perdeu mais de 60% das disputas individuais. Muito se falou sobre a dificuldade de Conor Bradley em conter o craque da partida, Jeremy Doku (até porque recebeu pouca ajuda de Ibrahima Konaté e Mohamed Salah), mas a verdade é que o Liverpool perdeu duelos em todos os setores do campo. Nenhum jogador teve uma boa atuação — nem mostrou a intensidade exigida em um confronto tão importante da Premier League.

    “Não dá para considerar o Liverpool candidato ao título. A decisão [sobre o gol anulado] pode ter ido contra eles, mas, no geral, o City pareceu tecnicamente e fisicamente superior”, disse Roy Keane, ex-capitão do Manchester United, à Sky Sports. “Eles ainda têm qualidade ofensiva e, às vezes, vão causar problemas aos adversários. Mas defensivamente, os gols que sofrem, as decisões erradas, a falta de energia e intensidade, as substituições… o time pareceu completamente apático.”

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  • Manchester City v Liverpool - Premier LeagueGetty Images Sport

    Tirando a culpa dos jogadores

    Slot insistiu que o Liverpool não pecou em se esforçar no Etihad e que não há problema de atitude dos jogadores ou comprometimento no elenco.

    “É fácil vencer disputas quando o plano de jogo funciona, e acho que foi o que aconteceu contra [o Aston] Villa e o [Real] Madrid”, disse o ex-técnico do Feyenoord, lembrando as vitórias animadoras da semana anterior em Anfield. “Mas tivemos muita dificuldade com eles trazendo tantos jogadores para o meio. Isso dificultou a tomada de decisão de alguns dos nossos. Não acho que tenha sido falta de vontade, e sim que eles [o City] foram muito melhores com a bola.”

    “Primeiro, eu sempre olho para o plano de jogo, o nosso e o deles, e não culpo meus jogadores. No segundo tempo, quando melhoramos, deu para ver que conseguimos vencer mais disputas. Nesse período, merecíamos um gol.”

    Keane ironizou a análise de Slot dizendo que “o jogo já estava acabado! É fácil jogar bem quando não há mais nada em disputa”. Não é bem assim. Se Cody Gakpo tivesse aproveitado uma grande chance para diminuir o placar logo após entrar em campo, o Liverpool poderia ter voltado para o jogo.

    Ainda assim, é inegável: o time está longe de ser a força implacável da última temporada.

  • Manchester City v Liverpool - Premier LeagueGetty Images Sport

    Quase R$ 3 bilhões para... piorar?!

    Com frequência, o Liverpool tem começado as partidas em ritmo lento, o que tem custado gols precoces e caros. E ainda falta uma explicação convincente para o fato de o time parecer “fraco”, como disse Keane, mesmo após investir mais de £ 400 milhões (R$ 2,78 bilhões) em reforços na janela do meio do ano.

    Slot tem razão ao apontar que os problemas físicos atrapalharam. Bradley e Alexis Mac Allister estão apenas agora retomando o ritmo após perderem a pré-temporada, o que afetou o equilíbrio da equipe. Além disso, os novos contratados Jeremie Frimpong e Alexander Isak tiveram inícios marcados por lesões.

    Enquanto isso, Florian Wirtz ainda não mostrou a que veio na Premier League, e, embora Hugo Ekitike tenha empolgado a torcida, o ex-lateral do Bournemouth, Milos Kerkez, foi tão mal que perdeu a vaga para um Andy Robertson em declínio. O resultado é um time desorganizado e sem identidade, algo que se reflete na campanha: seis vitórias e cinco derrotas.

    “Acho que na temporada passada havia muito mais consistência, e o trabalho do Slot era mais fácil, porque ele herdou o elenco do Jurgen Klopp”, comentou o ex-atacante do Liverpool Dean Sturridge na Sky Sports. “Mas nesta temporada, com tantas novas contratações, alguns jogadores começaram bem, outros ainda não se encaixaram.”

    “É uma liga implacável. Por causa do preço que pagam, espera-se que os jogadores cheguem e virem craques de imediato. Mas isso raramente acontece na Premier League, porque a exigência é enorme e a intensidade dos adversários é única no mundo. Acho que alguns ficaram surpresos com o ritmo — o Florian Wirtz é um deles —, e a química que existia no time desapareceu.”

    A questão é: o que Slot vai fazer a respeito disso?

  • Liverpool v Aston Villa - Premier LeagueGetty Images Sport

    Problemas antigos e novos desafios

    O Liverpool, obviamente, não se tornou um time ruim da noite para o dia. Para começo de conversa, as dificuldades já existiam antes e, sem dúvida, foram o que motivou a gastança na janela do meio do ano.

    Desde o início de 2025, os Reds disputaram 47 partidas em todas as competições e venceram apenas 21, com 16 derrotas no total. Há fatores atenuantes, claro: duas dessas derrotas na Premier League aconteceram depois que o time já havia garantido o 20º título inglês, igualando o recorde nacional. Ainda assim, o cansaço foi um fator evidente na segunda metade da temporada passada, e pesou especialmente em março, quando o Liverpool foi eliminado da Champions League pelo Paris Saint-Germain e perdeu a final da Copa da Liga Inglesa para o Newcastle.

    Havia, portanto, um consenso de que o elenco precisava de mais profundidade na defesa, mais criatividade no meio e um atacante mais eficiente para 2025/26. Mas, apesar do enorme investimento, o time continua com problemas em todos os setores.

    Por causa da dificuldade de Florian Wirtz em se adaptar ao ritmo e à fisicalidade da Premier League, o alemão foi deslocado para a ponta esquerda, onde Cody Gakpo, irregular e previsível, não tem conseguido substituir Luis Díaz, cuja capacidade de drible faz falta.

    Mesmo com suas falhas defensivas, a ausência de Trent Alexander-Arnold tem sido muito sentida ofensivamente (principalmente por Salah). Bradley não tem a mesma qualidade nos passes em profundidade nem consegue atuar como um meio-campista auxiliar, ao contrário do inglês.

    Com Isak 100% fisicamente, é de se esperar que o sueco ofereça o poder de finalização que Slot tanto diz estar faltando ao time, mesmo com o bom começo de Hugo Ekitike. No entanto, a má fase de Konaté faz com que o fracasso na tentativa de contratar Marc Guehi no último dia da janela pareça um erro grave.

    Em resumo: as novas contratações não resolveram os problemas antigos e ainda criaram novos.

  • FBL-EUR-C1-LIVERPOOL-REAL MADRIDAFP

    Há tempo para mudar

    Nem tudo está perdido. O Liverpool continua sendo uma força na Europa, como mostrou na vitória por 1 a 0 sobre o Real Madrid, em Anfield, na semana passada. Apesar de viver uma das piores defesas de título da história da Premier League - só o Chelsea, em 2015/16, perdeu mais jogos nesse ponto da temporada (seis) -, os Reds ainda estão vivos. No momento, só parecem incapazes de alcançar City e Arsenal.

    Mesmo com tantas dificuldades, o time está a apenas dois pontos do terceiro colocado, o Chelsea. Ou seja, terminar entre os quatro primeiros é totalmente possível, ainda mais se houver evolução ao longo da temporada. O calendário após a última Data Fifa de 2025 também é favorável, oferecendo a chance de embalar antes do tradicional e decisivo período de fim de ano.

    Mas é preciso mudar a abordagem. O foco deve ser o desempenho, e não a pontuação. O Liverpool não precisa ser impecável até o duelo com o Arsenal, no dia 8 de janeiro, já que o título está praticamente perdido. O que o time precisa mostrar agora é progresso: sinais claros de evolução após três meses de queda de rendimento.

  • Manchester City v Liverpool - Premier LeagueGetty Images Sport

    Decisões difíceis pela frente

    O Liverpool claramente tinha um plano para cada contratação feita na janela. Agora é hora de colocá-lo em prática, porque não há mais o que ganhar sendo cauteloso com a adaptação dos novos jogadores. Essa abordagem fazia sentido enquanto o clube ainda sonhava com o título, mas não mais. É hora de ver a visão de futuro de Slot, mesmo que isso signifique correr o risco de perder mais jogos na liga e desagradar alguns veteranos.

    Por exemplo: se a ideia era montar o ataque em torno da criatividade de Wirtz, por que não fazer isso agora? Alguns argumentam que o alemão como meia ofensivo desequilibra o meio-campo campeão, mas o clube investiu £ 116 milhões (R$ 806 milhões) nele para atuar em sua posição ideal. Cabe a Slot encontrar a solução, mesmo que isso signifique rodar mais o elenco e deixar Salah no banco em alguns jogos, ainda mais porque o egípcio vive má fase e estará fora durante as festas de fim de ano por causa de compromissos internacionais. Wirtz e Isak já mostraram bons sinais de entrosamento nas poucas vezes em que atuaram juntos, e faz todo o sentido dar sequência à dupla agora que o sueco está quase recuperado.

    Slot também precisa definir o papel de Ekitike, que tem talento demais para ser apenas reserva de Isak. O francês deve ou formar dupla no ataque com o sueco ou ocupar o lugar de Gakpo na ponta, mas não pode seguir esquentando o banco semana após semana.

    Outra decisão importante envolve Konaté. Mesmo considerando a ausência por lesão de Giovanni Leoni e as atuações irregulares de Joe Gomez, o francês, que está em fim de contrato, simplesmente não justifica ser titular no momento. Antes, ele ainda conseguia cobrir bem o lado direito da defesa quando Alexander-Arnold avançava. Agora, nem isso.

    Aliás, a defesa ideal de Slot ainda é um mistério. A suposição era de que Frimpong e Kerkez fossem contratados para oferecer amplitude ofensiva nas laterais, mas, mesmo levando em conta as lesões do primeiro, nenhum dos dois parece hoje fazer parte do time titular, o que, no mínimo, é preocupante.

    Este, portanto, é um ponto crucial da temporada, e até da passagem de Slot pelo clube. Nenhum torcedor pede a demissão de um técnico que foi campeão há menos de seis meses, mas é essencial que ele apresente uma estratégia clara e coerente.

    Como resumiu Sturridge no Etihad: “Acho que Slot precisa se manter fiel a um time em que realmente acredita.” E essa pode ser a única maneira de reconquistar a confiança da torcida e de reacender a esperança em um futuro melhor.