Lautaro Martínez foi aposta de Lionel Messi para a Bola de Ouro, mas inconsistência na Inter de Milão mostra que argentino está bem atrás de Vinícius Júnior, Erling Haaland, Mohamed Salah e outros

Em maio deste ano, Lautaro foi questionado se ele acredita estar entre os melhores atacantes do futebol atual, ao lado de superestrelas como Kylian Mbappé, Erling Haaland e Robert Lewandowski.

"Sim," ele disse à Gazzetta dello Sport, "não tenho nada a invejar. Os números e os títulos dizem isso: há campeões que ganharam menos do que eu. Tenho que continuar a trabalhar com responsabilidade, como meu pai me ensinou, mas posso me sentar na mesma mesa que esses grandes."

E mesmo após o melhor ano de sua carreira profissional, Lautaro ainda não está recebendo o crédito que sente que merece e isso inevitavelmente o magoou, pois ficou claro durante a preparação para a cerimônia da Bola de Ouro que o argentino estava animado com a perspectiva de ser reconhecido por terminar como artilheiro durante o histórico 20º título italiano da Inter de Milão, antes de então receber a Chuteira de Ouro na Copa América 2024.

"Eu sempre trabalho duro para ajudar a equipe, mas os prêmios individuais também significam muito, pois mostram que você está trabalhando bem," ele admitiu ao DAZN.

Não foi surpresa, então, ver Lautaro reagir tão amargamente ao terminar atrás não apenas de Vinícius (segundo), possivelmente a maior decepção durante a desastrosa campanha do Brasil na Copa América, mas também de Erling Haaland (quinto), cujas limitações como jogador foram expostas na última temporada, e Kylian Mbappé (sexto), um jogador atormentado por problemas físicos e psicológicos desde que fracassou pela França na Euro 2024.

"(Sétimo) É uma posição que posso melhorar, mas honestamente esperava mais," Lautaro disse à DAZN. "No fim das contas, no entanto, eu trabalho pela Inter e pela Argentina - e às vezes esses prêmios não são sempre atribuídos de forma justa mesmo..."

Certamente não há como negar que a Bola de Ouro tem uma longa história de resultados questionáveis, mas Lautaro dificilmente tem o direito de se sentir tão incomodado quanto Robert Lewandowski, Wesley Sneijder, Franck Ribéry e Thierry Henry.

Lautaro foi indiscutivelmente fundamental para que a Inter conquistasse seu 20º título italiano na temporada passada. Ele atingiu um recorde pessoal de 24 gols em 33 aparições na Serie A - o que é uma das principais razões pelas quais os Nerazzurri conseguiram garantir a conquista faltando cinco jogos, ao vencerem o rival da cidade, Milan, no San Siro.

Seu desempenho é ainda mais impressionante pelo fato de Lautaro ter sido significativamente prejudicado por um problema persistente no tornozelo durante a campanha de seu clube na conquista do troféu.

"Eu estava à beira de fazer uma operação," revelou o capitão da Inter em julho. "Meu tornozelo me fazia sofrer muito. Eu estava jogando com injeções porque estava com muita dor. Mas eu cerrei os dentes e cheguei ao final da temporada".

Então, talvez de forma ainda mais impressionante, ele teve um papel de destaque na Copa América 2024.

Para Lautaro, a Copa do Mundo de 2022 foi um torneio de emoções mistas. Terminou com taça para a Argentina e ele teve seu papel, convertendo o pênalti decisivo na vitória por pênaltis nas quartas de final sobre a Holanda.

No entanto, o centroavante não marcou uma única vez com a bola rolando e foi completamente ofuscado por Julián Álvarez, que assumiu o seu lugar após a surpreendente derrota na estreia para a Arábia Saudita.

"Quando a Copa do Mundo terminou e recebi a medalha de ouro, fiquei muito feliz com o que havíamos alcançado," Lautaro posteriormente explicou, "mas, pessoalmente, sabia que estava em dívida, porque meu tornozelo não me permitiu fazer o que eu queria."

Consequentemente, Lautaro sentiu como se tivesse pago suas dívidas quando marcou seu quinto gol na Copa América 2024 - no 112º minuto da final sobre a Colômbia.

"Claro, não é o mesmo que uma Copa do Mundo," ele reconheceu, "mas posso dizer que me preparei o melhor que pude para enfrentar esta competição e tirar esse espinho do meu lado."

O único problema para Lautaro em um 2024 é que ele experimentou uma inversão de papéis para clube e seleção nos últimos seis ou sete meses. Enquanto anteriormente estava tendo dificuldades para marcar pela Argentina, agora está assim pela Inter, com Marcus Thuram atualmente carregando o ataque dos Nerazzurri. "Robin se tornou Batman - e vice-versa."

Lautaro, é claro, já suportou - e superou - alguns períodos preocupantes de jejum de gols no passado, o que obviamente é um sinal de sua resiliência e ética de trabalho, mas a seca já chegou a cinco gols com a camisa interista.

Embora a má forma de Lautaro possa ser parcialmente atribuída ao cansaço após os feitos heroicos da última temporada, isso também ajuda a explicar por que persiste a percepção de que ele é o mais inconstante entre os atacantes que operam no mais alto nível da Europa.

Até mesmo alguns (supostos) torcedores da Inter ficam frustrados com um centroavante que agora está há quase seis semanas sem marcar e nunca ultrapassou 28 gols em uma única temporada por clubes.

Durante a Data Fifa mais recente, Lautaro postou uma foto a serviço pela Argentina e levou muito a sério um comentário de um torcedor que dizia: "Lembre-se do clube que paga bem a você."

Lautaro respondeu: "Você também deve se lembrar que sempre dei tudo de mim pela Inter, como na temporada da Copa do Mundo."

"Meu tornozelo estava destruído, e enquanto outros se preparavam para uma grande Copa do Mundo, eu estava sempre em campo e nunca perdi um treino."

"Joguei todos os jogos até a final da Champions League. SEMPRE lembre-se disso antes de mencionar quem me paga."

Nesse sentido, Lautaro está certo: ele merece mais respeito por tudo que conquistou pelo clube italiano e para o país nas últimas temporadas. Ele venceu uma Copa América pela Argentina e está em sétimo na lista dos maiores artilheiros da história da Inter de Milão.

Mas se realmente quer um lugar na mesma mesa que Mbappé, Haaland e Lewandowski, uma grande consistência é necessária - porque, com Lautaro, é muitas vezes tudo ou nada.