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Herói da era Barclays: como Elano foi o cara do Manchester City antes das superestrelas chegarem

Ah, Barclays... Embora a Premier League tenha sido patrocinada pelo banco mencionado entre 2001 e 2016, o período que os fãs de uma certa época recordam com nostalgia é da primeira década dos anos 2000.

Após sua criação em 1992, a principal divisão do futebol inglês experimentou um segundo auge de popularidade após o início do novo milênio, quando acordos de transmissão internacionais e uma nova onda de estrelas estrangeiras deram à liga uma visão ainda mais global. Ela também foi palco de ícones modernos do futebol, como Cristiano Ronaldo, Thierry Henry e Didier Drogba, que brilhavam semanalmente na Premier League.

No entanto, quando os fãs se referem à ‘The Barclays’, não são esses grandes nomes que têm em mente. Em vez disso, estão se referindo a jogadores que, embora não estivessem nas manchetes, eram vistos como peças-chave por torcedores, produzindo momentos de magia de vez em quando.

Esses jogadores passaram a ser conhecidos como os ‘Barclaysmen’, mas o que os tornou tão queridos e o que aconteceu com eles após o fim da era Barclays? Aqui, na GOAL, nos propomos a descobrir com nossa nova série, "Herói da era Barclays".

Na "era Barclays", o Manchester City não era o clube que conhecemos hoje. O time havia recentemente retornado à primeira divisão, depois de cair até a terceira nos anos 1990. Mas, após se reestabelecer na elite, em 2007 o City buscou o meio-campista Elano, que já tinha passagens por Inter de Limeira, Santos e estava no Shakhtar Donetsk, e que traria nova vida a uma instituição que lutava para encontrar sua identidade no século XXI...

  • Elano Brazil 2007Getty Images

    Onde ele jogava?

    Embora seja verdade que Elano foi contratado antes da aquisição do clube pelos Emirados Árabes, o City já havia desenvolvido gostos caros quando o brasileiro chegou. A presença de Sven-Goran Eriksson, ex-técnico da Inglaterra, no comando, era um exemplo disso.

    Uma onda de contratações trouxe nomes como Vedran Corluka, Martin Petrov, Benjani Mwaruwari e Rolando Bianchi para o então City of Manchester Stadium, que ainda não havia sido renomeado para Etihad Stadium.

    Elano foi contratado por £8 milhões (R$ 58 milhões na cotação atual) junto ao Shakhtar Donetsk. Ele já era figurinha repetida na seleção brasileira, com 15 convocações até então, e havia brilhado contra a Argentina no ano anterior, quando marcou dois gols em vitória por 3 a 0. Além disso, desempenhou um papel importante na conquista da Copa América pelo Brasil em 2007.

    No Shakhtar, o meio-campista também se mostrou um bom jogador, contribuindo com 37 participações em gols em 79 jogos, o que fez seu preço parecer uma verdadeira pechincha.

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  • Momentos na Barclays

    Essas expectativas se confirmaram quando Elano mostrou grande facilidade para se adaptar ao futebol inglês. Chegar na Premier League e jogar normalmente é coisa rara. O City venceu os três primeiros jogos na temporada 2007/08, um deles sobre o Manchester United graças a um gol de Geovanni com assistência de Elano.

    Talvez o momento mais famoso do ex-santista na Inglaterra tenha sido seu primeiro gol na Premier League, em uma vitória por 3 a 1 contra o Newcastle. Com uma vantagem apertada, o City ganhou uma falta a 30 metros do gol. O meia se preparou, e em vez de tentar colocar a bola ao redor da barreira, mirou no ângulo superior do canto do goleiro. Não apenas acertou o alvo, como o goleiro Shay Given pareceu pular após a bola já ter estufado a rede devido a força do chute.

    Na semana seguinte, Elano marcou dois gols contra o Middlesbrough. O primeiro foi um chute de longa distância que encontrou o canto inferior, e o segundo uma cobrança de falta delicada, sobre a barreira.

    Ele também marcou outro golaço no final da temporada, driblando dois defensores na entrada da área e acertando o ângulo. No entanto, o City estava perdendo por 7 a 0 no momento e acabou derrotado por 8 a 1, o que resultou na demissão de Eriksson.

    Elano era mais do que um elegante camisa 10. Em abril de 2008, ele jogou como lateral direito em uma vitória por 3 a 1 sobre o Portsmouth e foi ovacionado por sua performance em uma posição incomum.

  • Manchester City's Brazilian forward ElanAFP

    "Jogador com fantasia"

    A habilidade de Elano em jogar como lateral direito rendeu elogios entusiasmados de Eriksson, que na época afirmou que o “verdadeiro Elano está de volta”. Durante uma análise de suas atuações no final da temporada, o sueco até pareceu encontrar a descrição perfeita para o meia.

    “Elano é o jogador-fantasia em nosso time, o jogador que pode ver coisas que os outros talvez não consigam. Ele também pode marcar gols.” Mas aquele excelente momento não duraria mais tanto tempo nos meses seguintes.

  • Manchester City v Blackburn Rovers - Premier LeagueGetty Images Sport

    Seguindo em frente

    Depois de ser o ponto criativo da equipe em 2007/08, Elano conseguiu apenas 21 jogos como titular na liga na temporada seguinte, e não aceitou sua queda na hierarquia.

    Após derrota do City para o Tottenham, em novembro de 2008, Elano, que nem entrou em campo, questionou por que o técnico Mark Hughes o estava deixando de fora de forma consistente sem explicar suas razões.

    “Na última semana, fui deixado de fora de dois jogos”, reclamou Elano. “Não sei o porquê, e acho que os torcedores do Manchester City têm o direito de saber. Por isso, estou aqui publicamente dizendo aos fãs e às pessoas do clube que gostam de mim que estou muito desapontado e triste. Quando estou jogando, sei o que ele (Hughes) quer, mas quando saio não há comunicação.”

    Na época, o City estava apenas um ponto acima da zona de rebaixamento, e Hughes respondeu multando o jogador em 50 mil euros (R$ 369 mil na cotação atual). O galês afirmou estar disposto a trabalhar com Elano, mas o meio-campista completaria 90 minutos apenas cinco vezes mais naquela temporada.

    Finalmente, na janela de verão de 2009, Elano foi vendido ao Galatasaray por £8 milhões (R$ 58 milhões na cotação atual), permitindo ao City recuperar o investimento feito em um jogador que contribuiu com 18 gols e 11 assistências em 80 jogos em todas as competições.

  • Elano GalatasarayAA

    E depois da Barclays?

    Elano teve dificuldades para se adaptar na Turquia e, desde então, admitiu que se arrependeu de ter deixado a Premier League, insistindo: “Eu poderia ter ficado mais tempo”. O clima inglês lhe agradava, e ele havia provado que era capaz de lidar também com o físico da primeira divisão.

    Após sua saída, Elano se tornou uma espécie de nômade. Passou dois anos no Galatasaray, antes de retornar ao Brasil, onde jogou por Santos - onde também teve momentos icônicos ao lado de Neymar e Ganso -, Grêmio e, por empréstimo, no Flamengo, antes de seguir para a Índia com o Chennaiyin.

    Depois de uma temporada na Ásia, ele voltou ao Santos, apenas para ser emprestado novamente ao Chennaiyin, onde conquistou o título da liga indiana.

  • Deixou um legado

    É inevitável pensar que Elano deixou sua marca tanto na história do Chennaiyin quanto na do Manchester City. O ex-jogador da seleção é convidado diversas vezes a voltar ao Etihad, mesmo após a década de sucesso do clube. No entanto, ele é mais reverenciado como uma figura do que como uma lenda do clube, já que não conquistou nenhum título durante suas duas temporadas na Inglaterra.

    Na verdade, Elano foi provavelmente o primeiro vislumbre real do City sobre como seria a vida com um time cheio de superestrelas. O meia tinha todas as qualidades para se tornar uma delas, se não tivesse sido treinado por Hughes.