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Grealish-Guardiola-Man-CityGetty/GOAL

Preste atenção, Guardiola! Jack Grealish precisa de liberdade para demonstrar seu melhor futebol

"Honestamente, foi provavelmente um dos piores verões (meio do ano na Europa) da minha vida, porque você não consegue deixar de ver tudo o que está acontecendo na sua frente", lamentou Jack Grealish à ITVSport após marcar em seu primeiro jogo pela Inglaterra desde que foi deixado de fora do elenco de Gareth Southgate para a Eurocopa de 2024. "Foi difícil, mas isso me deu mais determinação para dar a volta por cima."

O terceiro gol pela seleção da estrela do Manchester City foi uma beleza, ao acertar um chute cruzado de primeira no fundo da rede da Irlanda, após receber passe de Declan Rice. Esse esforço sublime praticamente selou a vitória por 2 a 0 da Inglaterra na Liga das Nações, e Grealish não resistiu a colocar os dedos nos ouvidos enquanto comemorava contra o país que ele costumava representar no sub-21, tendo sido vaiado pela maioria dos torcedores no Aviva Stadium nos primeiros 25 minutos de jogo.

No entanto, parecia mais um desabafo de alívio do que um ato de antagonismo. Grealish ficou de fora da Euro após sua pior temporada até agora com a camisa do City. Faz tempo que ele não era notícia por razões positivas, mas ele lembrou a todos de suas qualidades únicas no sábado.

Grealish brilhou após ser utilizado como um 10 por Lee Carsley, técnico interino da Inglaterra, e certamente estará torcendo para que Pep Guardiola abra os olhos, depois de ver sua carreira estagnar no Etihad Stadium. Com base nessa atuação, o jogador de 28 anos merece ser muito mais do que apenas um "escravo do sistema" no City, que agora pode ter visto como desbloquear seu potencial máximo.

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  • Jack Grealish EngelandGetty Images

    Solto pelo meio para jogar

    Rice também marcou contra a Irlanda e recebeu a maior parte dos elogios por controlar o jogo em uma posição mais recuada. Mas foi Grealish quem atormentou a defesa adversária no último terço do campo.

    A Irlanda simplesmente não conseguiu conter o jogador do City, que flutuava pela linha de frente, exibindo sua técnica em áreas apertadas pela marcação, sempre buscando avançar com combinações rápidas de passes. A decisão de Carsley de usar Grealish no meio também permitiu que Anthony Gordon desse mais amplitude à Inglaterra pela ala esquerda, algo que fez muita falta na Euro.

    Foi horrível de assistir aos Três Leões na Alemanha. Chegaram à final mais por sorte do que por mérito, lutando para desmontar seus adversários, com Phil Foden e Jude Bellingham ambos ineficazes nos papéis duplos de número 10. É frustrante pensar que o panorama da Inglaterra poderia ter sido tão diferente se Grealish tivesse ganhado uma vaga no avião. Com essa forma, atuando bem, ele é um potencial "game-changer" contra qualquer adversário, mas não vimos isso desde sua transferência de £100 milhões (R$ 730 milhões) para o City em 2021.

    "Acho que é muito importante para a confiança dele", falou Gordon após o jogo contra a Irlanda. "É um grande jogador, acho que todo mundo sabe disso, mas essa posição realmente combina com ele, onde ele é um espírito livre. É onde jogava no Aston Villa e eu achei que foi excelente."

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  • West Ham United FC v Manchester City FC - Premier LeagueGetty Images Sport

    Resiliência mental não é o problema

    Grealish precisa da mesma liberdade para se soltar de vez no City. Até agora, ele conseguiu registrar apenas 14 gols e 18 assistências em 127 jogos sob o comando de Guardiola, números modestos para um jogador de sua qualidade.

    Seu time conquistou o quarto título consecutivo da Premier League em 2023/24 sem realmente precisar de Grealish, que foi titular em apenas 10 jogos. Seus minutos diminuíram após a chegada de Jeremy Doku, e a contratação de Savinho na janela do verão europeu apenas aumentou a concorrência nas pontas.

    Em sua segunda temporada no Etihad Stadium, Grealish teve um papel importante na tríplice coroa do City, jogando pela esquerda. Sua capacidade de manter a posse de bola e sofrer faltas o tornou um dos favoritos de Guardiola, mas ele ainda era uma sombra do jogador imprevisível que o tornou famoso no Villa.

    "Eu tenho que usar isso como motivação para esta temporada e tentar ter a mesma mentalidade que tinha há dois anos", refletiu Grealish. "Na minha primeira temporada no City, eu não acho que joguei tão bem quanto poderia, e na segunda temporada joguei em muitos dos jogos, e isso se deve à primeira temporada. Eu queria voltar mais forte e certamente consegui, então espero poder fazer isso de novo."

    No entanto, a resiliência mental não é o principal obstáculo de Grealish no City, e nunca foi. Ele foi privado de sua criatividade para servir como um jogador funcional para Guardiola, o que é uma grande pena. Mas não precisa ser assim, se o espanhol seguir o exemplo de Carsley daqui para frente.

  • Bernardo Silva De BruyneGetty

    Pode ir além apenas da ponta

    No momento, Kevin De Bruyne ainda é a escolha principal do Manchester City para jogar como 10, e com razão. Ele começou a temporada de forma brilhante, tendo destaque na vitória por 4 a 1 sobre o recém-promovido Ipswich Town, mas não continuará jogando todas as partidas sem concorrência já aos 33 anos.

    Foden e Bernardo Silva também podem preencher essa posição, mas Grealish poderia surgir como o sucessor ideal para De Bruyne, que está sendo cotado para se transferir para a MLS ou para a Arábia Saudita quando seu contrato expirar em julho do ano que vem. Só porque brilhou contra uma mediana seleção irlandesa, não significa que Grealish vá causar o mesmo impacto no City. Mas, ao menos, ele merece uma chance em uma nova função.

    Parece um grande desperdício que o camisa 10 continue sendo pouco mais do que um apoiador que joga colado à linha lateral. Ele é inteligente e sabe atacar o suficiente para evoluir e se tornar o principal criador do City. Seu alcance de passes não está muito longe do nível de De Bruyne, e na verdade, ele até carrega a bola de forma superior ao belga.

    As pessoas também esqueceram que Grealish é um ótimo finalizador, com aquele faro de gol natural; a maneira despretensiosa como ele marcou contra a Irlanda foi prova disso. A perspectiva de trabalhar mais de perto com seu "melhor amigo" Erling Haaland também é empolgante, porque é possível que eles desenvolvam a mesma parceria que De Bruyne tem com o norueguês.

  • Jack Grealish Aston Villa 2020-21Getty Images

    Alcançando o equilíbrio perfeito

    Grealish pode não ter correspondido ao valor de sua contratação no City, mas se tornou um jogador mais completo sob a tutela de Guardiola. Ele é mais cuidadoso com no terço final, aprendeu a atrair defensores com corridas inteligentes e trabalha mais na defesa do que fazia no Villa.

    No entanto, em termos de pura penetração ofensiva, as estatísticas sugerem que ele foi limitado pelo sistema preferido de Guardiola. Segundo a ESPN, Grealish teve uma média de 41 conduções de bola e 6,5 toques na área por jogo em sua última temporada no Villa Park, mas com o City, em 2023/24, esses números caíram para 29 e 2,1, respectivamente.

    Grealish também teve quase o dobro de toques na bola em jogadas gerais no Villa, com uma média de 61, em comparação com apenas 39 no time campeão da Premier League. Isso reflete sua relutância em encarar adversários em situações de um contra um e sua determinação em seguir as instruções rígidas de Guardiola para manter sua posição na esquerda.

    No Villa, Grealish tinha liberdade para se movimentar e buscava constantemente a bola com um único objetivo: girar e avançar em direção ao gol. Agora, seu primeiro instinto é cortar para dentro e passar a bola para um companheiro.

    A criatividade foi restringida em Grealish, mas ele mostrou contra a Irlanda que ainda não esqueceu completamente o estilo que mais o destacou nos estágios iniciais de sua carreira. Existe um equilíbrio a ser encontrado entre o individualista que ele era no Villa e o jogador confiável que os torcedores do City se acostumaram a ver, mas isso não será alcançado se o camisa 10 for forçado a permanecer em seu papel atual.

  • Chelsea FC v Manchester City - Pre-Season FriendlyGetty Images Sport

    Jogando com medo?

    Micah Richards, ex-zagueiro do City, jogou com Grealish em seus primeiros dias no Villa e não tem dúvidas de onde ele causa mais impacto. "Jack é um jogador extraordinário, nós sabemos disso. É difícil quando você está em um clube como o Man City, cheio de estrelas, e não está conseguindo gols e assistências", afirmou Richards no último episódio do podcast The Rest is Football. "Acho que ele se sente mais presente no jogo como número 10, e não fica apenas na posição de número 10. Ele avança, pega a bola mais fundo, e o que eu diria sobre Jack Grealish é que ele não tem medo de perder a bola."

    Essa análise destaca o principal problema na posição atual do inglês no time do City: parece que ele tem jogado com um certo grau de medo sob o comando de Guardiola. Embora o ex-jogador do Villa ainda seja tranquilo com a bola, a percepção aguda das exigências do treinador influencia cada escolha que ele faz. Grealish não corre riscos porque lhe disseram que isso não faz parte de seu papel.

    Como resultado, os torcedores do City ficam mais animados quando veem os nomes de Doku ou Savinho na escalação, em vez de Grealish. Mas ele realmente não tem chance quando comparado com esses dois pontas de natureza e mais velozes.

    Não é culpa de Grealish que Guardiola ainda não tenha jogado para suas reais fortalezas. Nos últimos três anos, ele trabalhou incansavelmente para provar seu valor, sacrificando a alegria despreocupada que tinha pelo jogo tático. O camisa 10 do City recuperou parte dessa alegria em sua última atuação pela Inglaterra, e agora Pep deveria considerar suas necessidades, em vez do contrário.

  • Jack Grealish Manchester CityGetty Images

    O que vem por aí?

    Se nada mudar para Grealish, ele faria bem em considerar deixar o City no próximo ano. O contrato do ex-talismã do Villa não expira até 2027, mas quando isso acontecer ele estará perto dos 31 anos, com os anos de auge de sua carreira ficando para trás.

    Grealish é bom demais para aceitar a situação no Etihad. Títulos são garantidos no City, mas ele não encontrará realização pessoal a menos que seja confiado a liberar todo o seu virtuosismo e se tornar um jogador essencial, como De Bruyne ou Haaland.

    O jogador foi vinculado a transferências para Arsenal e Bayern de Munique nesta janela, o que mostra que ele ainda tem muitos admiradores no mais alto nível. Ele não ficaria sem pretendentes se decidisse encerrar sua jornada no City e buscar um novo desafio.

    Com Foden prestes a retornar e Ilkay Gundogan de volta ao clube, a competição por vagas é mais acirrada do que nunca no City. Grealish tem muito a oferecer se lhe for dada a chance de jogar ao lado de Haaland, mas ele está apenas "patinando" se permanecer confinado à ala esquerda, como evidenciado por sua atuação comprometida, mas nada diferencial, na vitória do City por 3 a 1 sobre o West Ham antes da Data Fifa.

    A contagem regressiva para a Copa do Mundo de 2026 já começou, e Grealish só garantirá uma vaga na seleção se estiver jogando bem toda semana. Existem muitos clubes pela Europa onde ele poderia fazer isso, mas, até que Guardiola comece a afrouxar suas amarras no City, seu camisa 10 continuará sendo um jogador coadjuvante, em vez da estrela que nasceu para ser e que teve seu enorme valor investido pelo clube.

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