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Carsley a serious England candidateGetty

Quem é Lee Carsley, o interino da Inglaterra que pode ser o substituto de Gareth Southgate

Nem todos os heróis usam capas. E nem todos os técnicos de futebol que triunfam em torneios por seleções têm currículos brilhantes no mais alto nível. Lionel Scaloni havia sido apenas um auxiliar no Sevilla e treinador da seleção sub-20 da Argentina, por um breve período, quando foi nomeado comandante do selecionado principal. O time de Lionel Messi.

Muitos argentinos, incluindo Diego Maradona, ficaram bastante desapontados com a escolha. No entanto, Scaloni venceu a Copa do Mundo em 2022, conquistou dois títulos da Copa América antes e se estabeleceu como um dos melhores treinadores em atividade.

Houve um nível semelhante de perplexidade quando Luis de la Fuente assumiu o cargo principal da seleção espanhola, após uma década treinando as equipes de base. Em apenas seis meses, venceu a Liga das Nações e, um ano depois, levou La Roja ao título da Eurocopa.

Se a passagem de Lee Carsley como técnico interino da Inglaterra se tornar permanente, é provável que haja reprovação de um extremo ao outro do país. Mas isso pode levar a esse padrão se repetir e, quem sabe, à conquista de um grande torneio pelos Três Leões.

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  • England under 21 Euro 2023Getty

    Conquista no currículo

    A Inglaterra tentou quase todos os perfis de técnico no século XXI: ex-craque que virou um técnico audacioso (Kevin Keegan), grandes estudiosos das táticas (Sven-Goran Eriksson e Fabio Capello), veteranos com o estilo "paizão" (Steve McLaren e Roy Hodgson) ou até uma cartada aleatória, como Sam Allardyce. E, claro, Gareth Southgate.

    Ninguém conseguiu ser campeão, embora Southgate, o único técnico que estava imerso nos métodos da federação inglesa e que muitas vezes serviu como saco de pancadas da nação, tenha chegado mais perto -- em duas finais de Eurocopa. Carsley, que seguiu o mesmo caminho de Southgate, já conseguiu vencer. Ainda que apenas no futebol de base.

    O interino levou a Inglaterra a vencer a Eurocopa Sub-21 em 2023, o primeiro título em torneio de base em 39 anos. Os Três Leõezinhos venceram a Espanha na final, algo que Southgate não conseguiu fazer um ano depois no profissional.

    A base inglesa pode ter se beneficiado da defesa de James Trafford no pênalti de Abel Ruiz, aos 54 minutos do segundo tempo, além de evitar o rebote, mas a Inglaterra mereceu o título. Eles venceram todas as cinco partidas, cada uma no tempo regulamentar. Também passaram por todo o torneio sem sofrer gols e controlaram os jogos de uma maneira que o time de Southgate parecia incapaz de fazer.

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  • Anthony Gordon Lee Carsley England Under-21sGetty Images

    "Melhor time em que joguei"

    A Inglaterra jogou um futebol ousado naquele torneio, com liberdade para encantar, liderada no ataque por Cole Palmer e Anthony Gordon, que não começaram nenhuma partida sob o comando de Southgate na Euro 2024, enquanto Angel Gomes e Curtis Jones ditavam o ritmo no meio de campo.

    Gordon, que jogou como centroavante, disse que foi "o melhor time de futebol em que já joguei, em termos de como jogamos e a combinação de jogadas ao redor da área". Acrescentou: "É realmente um nível de elite. Para mim, isso se deve ao Lee".

    Rico Lewis, do Manchester City, que não jogou no torneio mas já atuou sob o comando de Lee Carsley, disse ao Daily Mail que o técnico interino era "um grande treinador, especialmente em sua gestão de pessoas". O jogador também destacou o fator de entretenimento na visão de futebol do comandante.

    "O que ele diz, toda vez que estou com eles, é que quer jogar um futebol emocionante", declarou Lewis. "Futebol progressivo, onde marcamos muitos gols enquanto defendemos bem como uma unidade. De certa forma, é semelhante ao City – queremos ter a posse de bola e marcar o máximo de gols possível. Isso será uma grande vantagem se ele subir para o time principal."

  • Lee Carsley England 2023Getty Images

    Jogar bem e vencer

    Os críticos de Southgate frequentemente apontavam que a Inglaterra sob seu comando jogava um futebol pouco inspirador e reativo. Seus defensores diziam que ele sabia como vencer e que ninguém havia chegado tão perto de acabar com a seca de títulos da Inglaterra. No entanto, Carsley mostrou que é possível jogar um futebol emocionante e vencer, assim como a Espanha de De La Fuente fez.

    Carsley pode não ser carismático. Não é um pré-requisito para o trabalho, convenhamos. Em sua primeira coletiva de imprensa após anunciar sua convocação para os dois primeiros jogos como interino, contra Irlanda e Finlândia, ele comentou que era "um par de mãos seguras".

    Esse termo geralmente não é elogioso, e poucas pessoas o usariam para se descrever. Mas ele viu isso como um elogio. "O fato de eu ter trabalhado com tantos jogadores, entendo um período de treinos internacionais, entendo a seleção", explicou.

    O técnico também tentou desviar as perguntas sobre a possibilidade de ser efetivado no cargo. "Provavelmente é importante eu ver como os jogos se desenrolam", comentou. "Sei que é uma resposta chata, mas a melhor pessoa vai conseguir o cargo, a melhor pessoa merece fazer esse trabalho. Existem alguns técnicos brilhantes, alguns excelentes treinadores, e confio nas pessoas envolvidas no processo para escolherem a melhor pessoa".

  • Rico LewisGetty

    Conhece os jogadores

    Carsley é a melhor pessoa para o cargo? Ele já trabalhou com muitos jogadores da seleção principal, incluindo Jude Bellingham, Bukayo Saka, Phil Foden, Kobbie Mainoo e Adam Wharton, além de Gordon e Palmer, e também com os novos integrantes Angel Gomes, Morgan Gibbs-White, Noni Madueke e Tino Livramento. Esses jogadores provavelmente formarão o núcleo da seleção da Inglaterra pelos próximos anos, e conhecê-los intimamente pode ajudar.

    "É uma pessoa muito boa e conhece muitos dos jogadores, especialmente os mais jovens", acrescentou Lewis. "Semelhante ao Gareth quando assumiu, ele será alguém que, se subir para o time principal, já estará acostumado com esse ambiente. Acho que isso o beneficiará enormemente no sentido de conhecer os jogadores".

    Essa familiaridade não prejudicou De La Fuente e Scaloni. E embora Southgate tivesse muitos críticos de fora, ele podia contar com a lealdade de jogadores como Harry Kane e John Stones, precisamente porque já havia trabalhado com eles nas categorias de base.

    Familiaridade e simpatia muitas vezes contam mais do que poder de decisão e qualidade na área técnica. Fabio Capello pode ter vencido a Champions League, além de campeonatos na Itália e Espanha, mas não tinha conexão com seus jogadores. Nem relacionamento – e isso ficou evidente.

  • Lee Carsley EvertonGetty

    Caráter humilde

    Lee Carsley é um cara bastante low profile, bem pés-no-chão. Ele teve uma carreira modesta como meio-campista, começando no Derby County e encerrando no Coventry City, rodando muitos clubes ao longo dos anos.

    Seus melhores anos foram no Everton, onde seu maior feito foi terminar em quarto lugar no Campeonato Inglês e alcançar as primeiras fases da Champions League, mas sem conseguir avançar para a fase de grupos. Houve uma teoria da conspiração divertida de que o Real Madrid queria contratar Carsley quando comprou Thomas Gravesen, sua dupla de meio de campo do Everton. Infelizmente, não era verdade.

    "É uma ótima história, mas qualquer um que acredita nesse rumor claramente não nos viu jogar," contou à Carsley Four Four Two. "Nós somos bem parecidos, mas Thomas era muito melhor no futebol do que eu. Ele conseguia driblar e criar chances para os outros. Eu era melhor nas coisas em que ele não era bom, como desarmar e acompanhar os adversários". Ninguém pode acusar Carsley de ter um ego inflado.

  • Lee Carsley EnglandGetty

    O que realmente importa?

    Carsley também nunca jogou pela Inglaterra, tendo representado a Irlanda 40 vezes, incluindo na Copa do Mundo de 2002. No entanto, atuou apenas um minuto no torneio e teve o azar de ser designado para a coletiva de imprensa no dia seguinte à eliminação. É apropriado, então, que seu primeiro jogo no comando da Inglaterra seja contra a Irlanda, em Dublin.

    Ele poderia facilmente estar sentado no banco do time da casa, tendo conversado com a seleção irlandesa no início deste ano sobre assumir o comando da equipe. Porém, decidiu permanecer com o sub-21 da Inglaterra. Talvez ele soubesse que o cargo principal logo ficaria disponível. Agora é sua chance de provar que realmente é o melhor homem para o trabalho.

    Não deixe que o humor autodepreciativo de Carsley ou a falta de uma carreira de treinador de alto nível apareçam como fatores desanimadores. O que ele já fez com a Inglaterra nas categorias de base, vencendo um torneio apresentando um futebol bom, é o que realmente importa para quem torce pela equipe inglesa.

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