O fim de uma era para o Manchester City: como a pancada dada por Kylian Mbappé e Real Madrid pode expor a reconstrução dos ingleses com Pep Guardiola

Mbappé finalmente teve seu primeiro momento memorável no Real Madrid. Ele engatou uma sequência positiva em LaLiga recentemente, deixando para trás um período ruim antes do Natal e entrando em um ritmo consistente na frente do gol. Mas ele foi realmente imenso aqui, pois se mostrou tanto direto quanto mortal.

O ex-atacante do Paris Saint-Germain começou jogando centralizado no ataque, e ao contrário das primeiras semanas da campanha, quando foi acusado de congestionar o ataque ao cair para as pontas, ele realmente não se afastou deste papel. Em vez disso, a disposição do time espanhol em abrir o campo garantiu que ele tivesse espaço para fazer as coisas acontecerem.

Mbappé marcou logo em sua primeira grande chance com um toque sutil, viu a segunda ser bem defendida por Ederson, finalizou com força na terceira tentativa e bateu colocado na quarta. Mais amplamente, no entanto, este foi um jogador de futebol se divertindo. Mbappé pressionou quando não tinha a bola - normalmente um problema para ele - e, em última análise, serviu como o ponto central deste time repleto de estrelas enquanto mostrava o instinto matador que todos sabem que ele é capaz de oferecer. A Bola de Ouro pode não estar fora de alcance, afinal...

Haaland finalmente quebrou seu jejum contra o Real Madrid ao balançar as redes na quinta tentativa, no jogo de ida da semana passada, e estaria ansioso para enfrentar seu arquirrival, o recuperado Antonio Rüdiger, no Santiago Bernabéu. Mas a lesão no joelho que ele sofreu contra o Newcastle no sábado, que inicialmente foi descartada por Guardiola como apenas um susto, provou ser mais séria do que se pensava. A ausência de Haaland foi uma surpresa na escalação após ter começado todas as 34 partidas anteriores do City na Premier League e na Champions, embora Guardiola tenha deixado claro que não tomou uma decisão bombástica ao revelar que o jogador não se sentiu bem na manhã do jogo.

Haaland apenas compôs o banco de reservas, já que não fez aquecimento antes ou durante o jogo, deixando dúvidas sobre sua capacidade de enfrentar o Liverpool no domingo. Mas o que não há dúvida é que a campanha do norueguês na Champions League acabou e ele não poderá continuar quebrando recordes da competição na mesma velocidade.

Ele terá que viver sem ser o jogador mais jovem a atingir 50 gols no torneio depois de ser o mais jovem a alcançar 10, 20, 30 e 40 gols. Esse recorde em particular continuará sendo de Lionel Messi até que um novo pretendente surja. Haaland também deve ficar muito atrás de Mbappé na briga para eventualmente ultrapassar Cristiano Ronaldo como o maior artilheiro de todos os tempos da competição, pois permanecerá com 49 gols até o início da próxima fase de liga (presumindo que o City se classifique), enquanto Mbappé chegou aos 55 com seu hat-trick.

Mas a quarta-feira não foi realmente sobre recordes individuais. Foi sobre o palco da maior competição da Europa. Mbappé dominou completamente, enquanto Haaland só pôde assistir do lado de fora.

O segundo gol do Real Madrid foi o tipo de momento com o qual Florentino Pérez teria sonhado no momento em que finalmente conseguiu fechar o negócio para contratar Mbappé. Bellingham pegou a bola no meio-campo e fez um excelente passe em profundidade para Vinícius Júnior. O brasileiro então cruzou a bola na entrada da área, tirando Abdukodir Khusanov da jogada e preparando para Mbappé. O atacante francês então tirou Josko Gvardiol com um lindo corte antes de finalizar no canto inferior.

Um gol coletivo criado e finalizado pelos membros do novo quarteto de Florentino foi a visão que o presidente do Real Madrid teria tido quando decidiu adicionar Mbappé ao seu ataque já recheado, e embora certamente houvesse problemas iniciais nos primeiros meses da temporada, a linha de ataque dos Merengues claramente está engrenando justo quando os mata-matas da Champions começam a esquentar.

A primeira versão dos Galácticos de Florentino Pérez foi criticada pela falta de títulos, mas os primeiros sinais indicam que as coisas podem ser diferentes desta vez.

Se poderia argumentar que o Manchester City perdeu o confronto no momento em que Manuel Akanji se lesionou no final do primeiro tempo no Etihad na semana passada. A partir daí, a defesa de Guardiola começou a tremer. E depois de apenas alguns minutos no Bernabéu, o chão começou a ceder.

O experiente e perspicaz suíço era uma peça crucial no time vencedor da Tríplice Coroa, e seu substituto, Rico Lewis, foi intimidado no segundo tempo da primeira partida antes de eventualmente entregar a bola para Vinícius na construção do terceiro gol do Real Madrid. A exibição desastrosa de Lewis significou que Guardiola escolheu Abdukodir Khusanov em vez dele na Espanha, mas o uzbeque simplesmente não estava preparado para uma ocasião desta magnitude contra um adversário tão poderoso. O jovem de 20 anos, que estava fazendo sua primeira partida na Champions League, foi desmantelado por Vini e recebeu muito pouco apoio.

Rúben Dias, normalmente o líder defensivo do City, deu o tom para sua noite de desventuras ao errar um corte simples, o que permitiu que Mbappé encontrasse o passe de Raúl Asencio e encobrisse Ederson. As coisas realmente começaram a desmoronar quando Stones foi substituído por lesão momentos depois.

Não demorou muito para que o Real Madrid cortasse seu caminho pelo City, quando Mbappé manobrou em torno de Khusanov e então mandou Gvardiol deslizar até Manchester. Não era de se admirar que, quando o francês pegou a bola no segundo tempo e se dirigiu ao gol para completar seu hat-trick, ninguém se preocupou em bloquear seu caminho.

A boa notícia para o City é que eles não terão que enfrentar o Real novamente por mais um ano. A má notícia é que esta defesa remendada e frágil estará enfrentando Mohamed Salah e o Liverpool no domingo...

Carlo Ancelotti talvez esteja acostumado a essas noites serem mais dramáticas. Se o roteiro usual fosse seguido aqui, o Real Madrid teria ficado alguns gols atrás, depois marcado três e realizado algum tipo de reviravolta milagrosa. Não seria nenhuma surpresa ver isso acontecer. Em vez disso, tudo pareceu incrivelmente fácil.

Ancelotti manteve a simplicidade. Rodrygo, Mbappé e Vini jogaram à frente de Bellingham, Dani Ceballos e Aurélien Tchouaméni no meio-campo. Lesões à parte, o italiano colocou os melhores 11 disponíveis em campo e deixou-os jogar.

O Real Madrid foi sólido defensivamente, robusto no meio-campo e clínico na frente. Muito deste trabalho é sobre gestão de pessoas e manter todos felizes. Ancelotti, de maneira típica, acertou novamente. Um técnico verdadeiramente brilhante que ainda é de alguma forma subestimado.

Quando Guardiola e seus jogadores extasiados celebraram em Istambul, parecia que era o começo de uma dinastia na Champions League. O Manchester City tinha o poderio financeiro e o melhor técnico do mercado, bem como o atacante mais letal do mundo em Haaland, que parecia ansioso para levantar o troféu mais vezes.

Eles ainda têm esses três elementos, e nem a família real de Abu Dhabi, nem Guardiola ou Haaland estão indo a lugar algum. Mas o resto do elenco que fez história parece estar no fim de suas forças. De Bruyne não entrou em campo no segundo jogo, e dado seu desempenho na primeira partida, ele não poderia reclamar disso. Jack Grealish, que liderou as celebrações em Istambul, em Ibiza no dia seguinte e por semanas seguidas, também foi um reserva não utilizado após durar menos de meia hora no primeiro jogo antes de se machucar.

Os problemas de lesão de Grealish desde a conquista da Tríplice Coroa foram rivalizados por Stones, que parecia estar de volta à sua melhor versão, mas agora está prestes a ficar mais um tempo fora de ação. Bernardo Silva, que marcou dois dos quatro gols do City quando atropelaram o Real Madrid há dois anos e marcou no emocionante 3 a 3 no Santiago Bernabéu no ano passado, também parecia uma sombra de si mesmo.

Guardiola, por sua vez, parecia desgastado e cansado. Esta foi sua 13ª derrota da temporada, o maior número que ele já sofreu em uma campanha - e ainda faltam três meses!