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Inter epic collapse GFXGetty/GOAL

Dois meses de caos: como a Inter de Milão foi do êxtase contra o Barcelona a seguidas decepções e "climão" no vestiário

Quando chegou a hora de falar com os jornalistas após o épico confronto da Champions League entre Inter de Milão e Barcelona no San Siro, Davide Frattesi ainda tentava recuperar o fôlego e encontrar as palavras certas.

“É simplesmente inacreditável,” disse o autor do gol da vitória. “Eu nem sei o que dizer.” Mas então ele encontrou as palavras certas: “Essa é a beleza do futebol.” E realmente era.

A vitória por 4 a 3 da Inter no San Siro foi verdadeiramente um sonho, um tipo de espetáculo surreal em que nada parecia fazer muito sentido. Nem mesmo Simone Inzaghi sabia o que Francesco Acerbi estava fazendo no ataque quando o zagueiro de 37 anos, com frieza, aproveitou um cruzamento no primeiro pau de Denzel Dumfries aos 48 minutos do segundo tempo para forçar a prorrogação.

Frattesi, por sua vez, provavelmente nem deveria estar em campo, mas, assim como seu capitão Lautaro Martínez, o meio-campista lutou contra a dor para ter um papel crucial na impressionante vitória da Inter. “Tenho que agradecer aos fisioterapeutas, porque ontem tive uma distensão abdominal, então eles fizeram um trabalho incrível para me deixar em forma para esse jogo,” disse Frattesi à Amazon Prime.

Quando marcou o gol da vitória na prorrogação, ele quase desmaiou durante as comemorações turbulentas que se seguiram. “Tive sorte de terminar a partida!” admitiu. “Mas essa tem sido minha carreira, na verdade. Não fui abençoado com um talento extraordinário, mas sou o último a desistir e o primeiro a acreditar, então essa é uma recompensa pelo esforço e dedicação.”

Nesse sentido, Frattesi meio que personificou a Inter, um time que não carece de jogadores extremamente talentosos, mas que é conhecido por sua disciplina tática e união. Por isso, é chocante que, apenas dois meses depois de vencer o Barcelona na maior semifinal da Champions já disputada, a Inter não esteja apenas dividida, mas em completa desordem.

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  • Como 1907 v FC Internazionale - Serie AGetty Images Sport

    Jogando fora o título

    A Inter de Milão deu sequência à sua impressionante vitória contra um brilhante time do Barcelona ao derrotar o Torino em 11 de maio, mantendo vivas suas esperanças de conquistar um segundo Scudetto consecutivo. No fim de semana seguinte — o penúltimo da temporada 2024/25 — a corrida pelo título da Serie A parecia ter se encaminhado a favor dos Nerazzurri.

    Com o líder Napoli ficando em um empate sem gols contra o Parma, a Inter assumiu a ponta da tabela graças a um cabeceio de Dumfries aos 34 minutos do segundo tempo no San Siro. No entanto, nos últimos segundos do tempo regulamentar, a Lazio foi premiada com um pênalti controverso por um toque de mão de Yann Bisseck, e Pedro converteu a cobrança para garantir aos visitantes um empate em 2 a 2, resultado que praticamente entregou o scudetto ao Napoli.

    Claramante acreditando terem sido vítimas de uma grande injustiça, a Inter se recusou a cumprir qualquer compromisso com a imprensa após o jogo. No entanto, Simone Inzaghi — que foi expulso por reagir furiosamente à marcação do pênalti para a Lazio — e seus jogadores só tinham a si mesmos para culpar por terem desperdiçado o título, que o Napoli confirmou na sexta-feira seguinte com uma vitória inspirada por Scott McTominay sobre o Cagliari.

    “Não merecíamos vencer porque não estamos no topo após 38 jogos,” disse o zagueiro Stefan de Vrij à DAZN. “Mas fica aquela sensação de que poderíamos ter feito mais na liga este ano.”

    Ainda assim, como destacou o defensor holandês, a Inter ainda tinha um jogo importante para disputar — o mais decisivo da temporada: “Trabalhamos muito duro este ano e fomos muito bem na Champions League, então agora faremos tudo o que pudermos para terminar com uma boa impressão. Há um enorme desejo de jogar uma grande final na próxima semana.”

    Infelizmente, o que a Inter apresentou contra o Paris Saint-Germain foi uma atuação historicamente ruim, em uma das noites mais humilhantes da história do clube.

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  • Paris Saint-Germain v FC Internazionale Milano - UEFA Champions League Final 2025Getty Images Sport

    Humilhada

    Antes do confronto com o PSG, em 31 de maio, em Munique, os jogadores da Inter insistiam que haviam aprendido muito com a final anterior da Champions, disputada em Istambul, em 2023. Naquela ocasião, perderam por 1 a 0 para o Manchester City, mas haviam jogado muito melhor do que se esperava. Na Allianz Arena, porém, foram piores do que qualquer um poderia imaginar.

    O jogo estava praticamente decidido após 20 minutos, com o PSG liderando por 2 a 0 graças aos gols de Achraf Hakimi e Désiré Doué. Uma Inter claramente exausta não ofereceu nenhuma resposta. Alessandro Bastoni esteve entre os jogadores profundamente abalados pela “dolorosa” derrota por 5 a 0, que deixou “um sentimento profundo de amargura e levará tempo para ser plenamente compreendido.”

    Para quem assistia de fora, parecia que o tempo simplesmente havia passado para a Inter. Um PSG vibrante mostrou exatamente quem eram: um time experiente que precisava de renovação. O que eles definitivamente não precisavam, no entanto, era que Inzaghi deixasse o cargo de treinador apenas três dias depois, para assumir o comando do Al Hilal.

  • Monza v Parma - Serie AGetty Images Sport

    De Inzaghi a Chivu - passando por Fàbregas

    A saída de Simone Inzaghi desagradou a maior parte dos torcedores da Inter. As restrições financeiras dos Nerazzurri são amplamente conhecidas e uma fonte constante de frustração para muitos ligados ao clube, mas o técnico parecia um capitão abandonando um navio que estava afundando.

    A reação piorou ainda mais depois que o Al Hilal revelou que Inzaghi havia aceitado se juntar ao clube saudita antes da final da Champions League, o que inevitavelmente gerou questionamentos sobre se sua saída iminente teria influenciado no fiasco em Munique. A Gazzetta dello Sport chegou a sugerir que Inzaghi tentava convencer Nicolò Barella e Bastoni a seguirem-no para Jedá, o que só aumentou o sentimento de traição em San Siro.

    Além do modo como Inzaghi saiu — algo que a Inter não esperava, mesmo diante da incerteza sobre seu futuro — o fato em si criou um problema para Beppe Marotta e companhia. De repente, havia um enorme vazio para ser preenchido, e encontrar um substituto à altura antes do início da campanha no Mundial de Clubes seria uma tarefa difícil.

    O principal alvo da Inter era Cesc Fàbregas, já que o espanhol havia feito um trabalho excelente garantindo a permanência do Como entre os 10 primeiros da Serie A, algo inédito para o clube em 21 anos. No entanto, o Como recusou liberar o ex-meio-campista espanhol, o que fez com que a Inter se voltasse para Christian Chivu, ex-zagueiro dos Nerazzurri que recebeu elogios por manter o Parma na Serie A após assumir o comando no Ennio Tardini em meados de fevereiro, quando o time estava na vice-lanterna.

  • FC Internazionale Milano v Fluminense FC: Round Of 16 - FIFA Club World Cup 2025Getty Images Sport

    Campanha decepcionante no Mundial de Clubes

    O trabalho de Chivu não começou de forma muito animadora, com a Inter empatando por 1 a 1 contra o Monterrey na estreia do Mundial de Clubes. O time também esteve perto de uma derrota constrangedora para o Urawa Red Diamonds, até que o capitão Lautaro Martínez marcou um gol de empate aos 33 minutos do segundo tempo em Seattle, garantindo uma vitória crucial de virada.

    Depois, a Inter venceu o River Plate no mesmo local, assegurando a primeira colocação no Grupo E e aumentando as esperanças de que os Nerazzurri, apesar das dificuldades financeiras, poderiam não apenas encerrar uma campanha exaustiva com uma boa imagem, mas também conquistar um prêmio em dinheiro considerável no processo.

    No entanto, embora a Inter tenha se saído relativamente bem financeiramente no torneio, o time sofreu uma eliminação decepcionante e precoce nas mãos do Fluminense, que expôs uma grande divisão no vestiário.

  • Lautaro Martinez InterGetty Images

    Lautaro se irrita

    Imediatamente após a derrota por 2 a 0 em Charlotte, Lautaro desabafou. Após pedir desculpas aos torcedores pela eliminação nas oitavas de final, ele revelou que tinha uma “mensagem clara” para todos dentro do clube.

    “Quem quiser ficar, deve ficar; quem não quiser, deve ir embora,” disse ele ao Sport Mediaset. “Representamos um clube importante e precisamos lutar por objetivos importantes.”

    Quando pressionado sobre a quem se referia, o atacante acrescentou: “Estou falando de forma geral, não vou citar nomes. Estamos aqui para dar o nosso melhor, mas vi muitas coisas recentemente que não gostei. Sou capitão, líder do grupo, então tenho que falar. A mensagem é clara: quem quer ficar e continuar lutando por títulos importantes pode ficar. Caso contrário, adeus!”

  • Paris Saint-Germain v FC Internazionale Milano - UEFA Champions League Final 2025Getty Images Sport

    Assuntos internos

    No entanto, enquanto Lautaro se recusou a citar nomes, Marotta não teve problemas em revelar o alvo da crítica do atacante argentino: o meio-campista Hakan Çalhanoglu, que tem sido ligado a uma possível transferência para o Galatasaray nas últimas semanas.

    “Essas são as palavras de um capitão, que destacou algumas verdades eternas: quando um jogador não quer mais estar aqui, o justo é que ele vá embora,” disse o CEO da Inter ao DAZN. “Até agora, ninguém nos comunicou expressamente que deseja sair. Mas vamos conversar com (Çalhanoglu) e resolver a situação da melhor maneira para todos.”

    Isso, obviamente, precisa acontecer mais cedo ou mais tarde, já que o clima na Itália é de que a Inter está desmoronando — especialmente após Marcus Thuram, parceiro de ataque de Lautaro, ter ‘curtido’ nas redes sociais a resposta dura do turco ao ataque público do capitão. Ídolo da Roma, Francesco Totti também questionou o momento do desabafo de Lautaro, enquanto o técnico Fabio Capello afirmou que qualquer problema que o capitão tivesse com Çalhanoglu deveria ter sido resolvido “cara a cara, no vestiário”.

    Depois de dois meses difíceis, a Inter certamente poderia ter evitado essa briga pública entre dois de seus jogadores mais importantes e de maior destaque. Isso reforça a impressão de que o clube está em declínio, ao invés de um time capaz de se reerguer.

    Mas, novamente, essa é também a beleza do futebol: num momento, você luta para encontrar as palavras certas para expressar a alegria que está vivendo. No seguinte, luta para entender por que tudo deu errado.