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O futebol dá e tira, por isso a despedida de Juan Pablo Vojvoda do Fortaleza dói e emociona até em quem não é do Pici

Juan Pablo Vojvoda não é mais técnico do Fortaleza. Leia de novo: Juan Pablo Vojvoda não é mais técnico do Fortaleza. Mais uma vez: o Fortaleza não tem mais Vojvoda. É difícil de acreditar. E a imagem mais bonita, e ao mesmo tempo triste, é ver que, no dia em que o divórcio foi assinado, as duas partes se reuniram para uma enorme manifestação mútua de amor.

O argentino era técnico do Fortaleza desde 2021 -- chegou ainda naquela estranheza de máscaras usadas durante a pandemia de Covid. Como consequência, tinha um dos trabalhos mais longevos do futebol brasileiro. E, ainda que não tenha conseguido traduzir o tamanho de sua passagem em algum título nacional ou internacional, tarefa tida como último degrau para demarcar um trabalho tão grandioso, no final das contas a grandiosidade de seu trabalho e da relação que ele construiu com o clube tricolor é que acabam sendo um troféu. E troféu dos maiores que o futebol pode entregar.

Com Vojvoda, o Fortaleza se consolidou não apenas como um time de elite do Brasileirão: mostrou que pode sonhar com grandes feitos. Nunca, nem mesmo nos vices da Taça Brasil na década de 1960 ou na passagem de Rogério Ceni como técnico, o Fortaleza se mostrou tão forte e sua torcida foi tão orgulhosa. O maior “quase” foi o vice-campeonato da Copa Sul-Americana em 2023, com derrota nos pênaltis para a LDU. No ano seguinte, o Leão do Pici chegou até a ensaiar uma disputa de título brasileiro, passou a jogar Libertadores...

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  • Dos títulos ao Adeus

    O tricampeonato cearense (2021, 2022 e 2023) e as duas Copas do Nordeste (2022 e 2024) foram as contribuições táteis. Mas elas não refletem o tamanho do que foi a passagem de Vojvoda pelo Castelão. Ano após ano, o argentino via seu nome sendo cortejado pelas maiores potências do país, principalmente pelos times do Sudeste. E se manteve forte e convicto no Fortaleza. Resistir a esses tipos de cantos de sereia, coisa raríssima, é o que acaba dando fibra a relações como a que acaba de acabar.

    Acaba de acabar, mas, ao mesmo tempo, é para sempre.

    No pronunciamento em que anunciou a demissão de Vojvoda, após 310 jogos, 145 vitórias, 77 empates e 88 derrotas, Marcelo Paz, CEO do Fortaleza, foi sereno e firme ao dizer que “o futebol exige decisões difíceis”. Mas, em meio à seriedade e serenidade que marcam a personalidade do dirigente, impossível não notar as sutilezas que trazem o peso emocional do momento: os olhos teimando em não se encherem de lágrimas; as sobrancelhas querendo mostrar, como se fossem outdoors, que a alma estava triste. E, ao mesmo tempo, grata. Que dicotomia louca.

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  • juan pablo vojvoda fortaleza 2022

    Pra sempre!

    A temporada de 2025 vinha sendo, de fato, a pior de Vojvoda desde sua chegada ao Castelão. Disparada, a com maior média de derrotas (43,2%) e menor de vitórias (29,7%). O futebol não perdoa ninguém. Até quando pensamos que devia perdoar. Parte da torcida tricolor, contudo, entendia que também era chegada a hora de tomar caminhos diferentes. E essa mesma parcela chorou ao se despedir daquele que, muito provavelmente, pode ser considerado o maior treinador da história de seu clube.

    As lágrimas foram de parte a parte no centro de treinamento do clube, tomado por torcedores para a despedida. Mesmo com o time na zona de rebaixamento do Brasileirão e sem vencer há nove rodadas, pedidos para que o argentino seguisse no Leão do Pici ecoaram. Tarde demais.

    O mesmo futebol que dá histórias tão lindas, como a de Vojvoda e Fortaleza, encerra essas mesmas histórias: seja por uma sequência ruim de resultados ou ofertas mais grandiosas financeiramente. O futebol muitas vezes não é justo: Vojvoda e Fortaleza mereciam uma despedida mais vitoriosa, mas o mesmo futebol não seria capaz de nos entregar uma despedida mais bonita. Vojvoda e Fortaleza é daquelas relações que, mesmo inexistentes momentaneamente, no final das contas é uma relação para sempre.