Departamento Médico FC: problemas físicos transformam o Chelsea na piada da Premier League

Os problemas do Chelsea no departamento médico nesta temporada começaram muito antes da bola rolar por competições oficiais. Com o zagueiro Benoit Badiashile fora por um sério problema de tendão desde o fim de 2022/23, o compatriota Wesley Fofana sofreu uma delicada lesão nos ligamentos do joelho no início da pré-temporada e precisou passar por cirurgia.

Contratado por £52 milhões (R$331,5 milhões) no início da temporada, Nkunku lesionou os ligamentos do joelho em agosto, durante a pré-temporada pelos Estados Unidos, antes de um problema semelhante no tendão de Badiashile ocorrer também com Trevoh Chalobah.

Lavia - pelo qual o Chelsea pagou £58 milhões (R$369,8 milhões) ao rebaixado Southampton em agosto - chegou com uma lesão no tornozelo e não havia um cronograma definido para o seu retorno à ação. Então, na primeira rodada da Premier League contra o Liverpool, o novo capitão Reece James precisou ser substituído, enquanto os planos cuidadosamente elaborados por Pochettino fracassaram logo na estreia da nova campanha.

Os diagnósticos mais recentes de Lavia, James e Nkunku geram muitos questionamentos tanto para a situação quanto para a aparente incapacidade do clube em encontrar uma solução.

Com apenas 32 minutos jogados em toda a temporada, que aconteceram contra o Crystal Palace em dezembro, Lavia - que jogou mais minutos do que qualquer outro jogador da Premier League com 20 anos ou menos na temporada passada - não jogará novamente em 2023/24. O meio-campista belga chegou com uma lesão antes de machucar o tornozelo durante sua recuperação. Depois de finalmente retornar à forma física durante o fim do ano, ele sofreu o que o clube descreveu como "uma lesão significativa na coxa" depois de sair do banco para fazer sua estreia. Três meses depois, o Chelsea confirmou em março que a temporada de Lavia havia acabado após um contratempo em sua reabilitação.

Para agravar a situação precária do Chelsea, três dias depois, Pochettino revelou que estava incerto se James voltaria a jogar nesta temporada após a cirurgia no tendão da perna em dezembro. Ele também não foi claro sobre o status de Nkunku. Assim como Lavia, o francês teve que esperar até dezembro para fazer sua estreia após aquele problema no joelho antes de sofrer subsequentes problemas no quadril e no tendão da perna.

Quando perguntado em uma coletiva de imprensa se James estaria disponível novamente em 2023/24, o argentino disse: "Não, eu não sei. É difícil dizer algo porque eu não quero que você vá 'mas, oh, (você disse isso)'. Vamos avaliar semana a semana e veremos. Esperamos que sim, que ele esteja disponível para o fim da temporada." Ele acrescentou: "Ainda não sabemos em que jogo precisamente Christopher Nkunku retorna."

Como se essa série de ausências precoces e de longo prazo não bastasse, esses jogadores machucados viram o departamento médico com uma rotação constante de companheiros ao longo da temporada, com pelo menos sete jogadores do elenco principal indisponíveis para cada jogo da temporada até agora.

De fato, o Chelsea está se aproximando de 50 lesões em 2023/24. Com seis semanas para a conclusão da campanha, eles devem ainda se distanciar das 48 sofridas em toda a temporada passada, que foi, confortavelmente, o pior registro na história da Premier League.

Os laterais-esquerdos Ben Chilwell e Marc Cucurella parecem ter se revezado nas lesões. Carney Chukwuemeka sofreu um contratempo quase toda vez que voltou à ação. Lesley Ugochukwu ainda não jogou uma partida em 2024. Até o goleiro Robert Sánchez está lutando para se manter em forma.

Neste momento, o Chelsea tem nada menos que nove jogadores fora (James, Lavia, Nkunku, Ugochukwu, Chukwuemeka, Chalobah, Fofana, Sánchez e Levi Colwill). Malo Gusto parece estar prestes a se juntar a essa lista extensa, depois de se machucar no empate com o Burnley. A situação toda se tornou uma verdadeira farsa.

É lamentável, então, que a crise de lesões ao longo da temporada do Chelsea tenha coincidido com a decisão interna de fornecer breves atualizações sobre a condição física do elenco antes de cada de jogo. Elas têm sido pouco claras, deixando os torcedores cada vez mais frustrados porque aqueles ausentes são listados apenas como "passando por um programa de reabilitação", em vez de divulgar a natureza da lesão ou um cronograma definido para seu retorno.

A atualização regular de lesões agora é recebida com apreensão pela torcida, e, é claro, tornou-se um meio óbvio para os torcedores rivais ridicularizarem os problemas físicos intermináveis do Chelsea - especialmente com o clube se afundando no meio da tabela, apesar dos £1 bilhão (R$6,3 bilhões) que a Todd Boehly-Clearlake Capital gastou em transferências.

De forma bastante alarmante, Pochettino parece estar perdido para explicar a situação e seu hábito de falar de forma enigmática deixa espaço para várias interpretações. Perguntado se os problemas contínuos de lesões estão sendo investigados antes do empate com o Burnley, o treinador disse: "Sim, mas não é o momento para falar. Somos profissionais. Ninguém pode subestimar esta organização. Sabemos por que temos tantas lesões, mas não podemos explicar isso."

"Talvez nunca sejamos capazes de explicar isso, ou talvez um dia. Mas, no momento, precisamos estar calmos e fortes. Temos uma organização muito boa e estamos tentando resolver todos os problemas e, é claro, fazer com que os jogadores voltem a estar disponíveis."

Apesar de sua postura defensiva nas declarações, o próprio treinador tem sido alvo de discussão por seus treinos de alta intensidade. Não há dúvida de que os jogadores do Chelsea precisavam ser colocados em forma na pré-temporada, com os níveis de aptidão física diminuindo de forma alarmante como resultado do elenco inchado na temporada passada, quando Graham Potter e Frank Lampard não envolviam todo o grupo nas sessões de treino.

No entanto, mesmo que os problemas de condicionamento físico do clube antecedam sua chegada, os métodos notoriamente rigorosos de Pochettino nos bastidores têm sido questionados como uma possível causa raiz em meio à atual lista de ausências.

Perguntado recentemente se a lenta recuperação de Lavia e os contratempos poderiam ser resultado de sua linha de trabalho, o treinador respondeu bruscamente: "Eu não sei, você me mostrou, 'os métodos de Pochettino são tão difíceis', não é? Mas ele não treinou comigo."

O treinador provavelmente sentirá que está preso em um círculo vicioso, com jogadores sobrecarregados ao substituir aqueles que estão fora e, em seguida, se machucando também por conta disso.

Embora Pochettino certamente não possa estar isento de críticas, parece que deve haver algo de errado nos bastidores em termos de condicionamento e recuperação. Os problemas recorrentes de lesões do Chelsea na temporada passada provocaram uma reformulação no departamento médico após uma revisão interna, com 60% da equipe sendo substituída em uma medida impiedosa para encontrar uma solução, de acordo com Si Phillips.

A nível gerencial, o longevo diretor do departamento e o principal fisioterapeuta foram dispensados logo após a aquisição da Boehly-Clearlake, enquanto o diretor médico do Chelsea pediu demissão em janeiro de 2024. Agora, estão contratando um novo chefe de medicina esportiva para substituí-lo.

Os contínuos e, de fato, piorados problemas do Chelsea refletem que essas mudanças não chegaram à causa raiz, e foi relatado em 2023 que alguns jogadores estavam decepcionados porque os médicos em quem confiavam haviam sido dispensados.

A revolução claramente teve pouco impacto no combate à crise de lesões. Assim como em outras situações, uma parte significativa da culpa deve ser atribuída ao grupo de proprietários.

Falando sobre acabar com as contínuas lesões do clube no futuro, Pochettino disse: "É claro que esse é o desafio. Na próxima temporada, queremos estar em uma posição melhor e não sofrer muito com isso, tentar antecipar problemas e começar com um elenco inteiro pronto para competir e treinar."

Mas, como Potter e outros testemunharão, este é um problema que vai além do técnico, e à medida que a situação piora ano após ano, a confiança de que há uma solução no horizonte diminuirá.

O novo chefe de medicina esportiva assumirá a maior parte da responsabilidade e espera-se que cumpra com um salário relatado de £250 mil por ano, mas à medida que outra temporada se vai com excessivas lesões, os homens que comandam o Chelsea devem unir forças ou correm o risco de caírem em um círculo vicioso.