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Moyes Man Utd warning GFXGetty/GOAL

David Moyes foi o alerta para o Manchester United: Fracasso no Old Trafford já sinalizava a crise nos Red Devils

Ninguém ligado ao Manchester United – ou ao futebol em geral – esquece a passagem desastrosa de David Moyes por Old Trafford. Escolhido para suceder Sir Alex Ferguson, ele viu sua equipe perder 11 jogos da Premier League, o Campeonato Inglês, e terminar em sétimo (a pior campanha do clube em 24 anos), além de ter sido eliminada da Copa da Inglaterra na terceira fase. Em casa, teve o pior desempenho do United desde 1978, com média de apenas 1,64 gols por jogo.

Antes disso, Moyes era visto como um técnico consolidado após 11 anos no Everton. Mas sua passagem ruim pelo United prejudicou sua reputação, e ele fracassou no Real Sociedad, Sunderland e West Ham. Só em sua segunda passagem pelos Hammers, ao levá-los ao titulo da Conference League em 2021, começou a recuperar o prestígio.

Ele se firmou ainda mais com a semifinal da Europa League em 2022 e o título da Conference League em 2023. Mesmo assim, sua saída do West Ham, no início da temporada, mostrou que ele nunca recuperou totalmente sua antiga aura. Agora, Moyes volta a ganhar destaque, liderando a recuperação do Everton. Seu mais recente desafio? o Manchester United, em Goodson Park...

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  • Everton FC v Leicester City FC - Premier LeagueGetty Images Sport

    Tantas vitórias quanto Amorim

    Com os Toffees vencendo quatro de suas últimas cinco partidas da Premier League enquanto frustravam o Liverpool em um inesquecível dérbi final em Goodison Park, parece que os últimos 12 anos nunca aconteceram e Moyes é mais uma vez considerado o melhor entre os técnicos, assim como quando foi nomeado sucessor de Ferguson em 2013. E, além disso, United está perdendo jogos a uma velocidade tão rápida que Moyes não é mais considerado o pior técnico na história moderna dos Red Devils.

    Ruben Amorim perdeu oito de seus 14 jogos da Premier League no comando do United, que está a caminho de sua pior campanha desde que foi rebaixado em 1974. Eles também estão sofrendo sua pior sequência de resultados em casa desde 1894. E não, isso não é um erro de digitação. Esta é sua pior sequência de forma em casa em 131 anos, quando o clube se chamava Newton Heath e jogava em um estádio chamado Bank Street.

    Amorim foi encarregado de transformar radicalmente o estilo de jogo do United quando sucedeu Erik ten Hag em novembro, mas ele não consegue tirar o melhor dos seus jogadores. E ainda assim, ele está determinado a insistir em sua formação 3-4-3, apesar do descontentamento crescente no vestiário com seu plano tático.

    As dificuldades de Amorim para imprimir seu estilo particular no United contrastam fortemente com o sucesso que Moyes teve com o Everton ao voltar ao básico. O escocês acumulou 13 pontos em seis jogos de volta no comando dos Toffees - apenas um a menos do que Amorim tem em 14 partidas da Premier League enquanto igualava suas quatro vitórias. Moyes herdou uma bagunça ainda maior em Goodison do que Amorim quando assumiu o Old Trafford, já que o Everton estava apenas um ponto acima da zona de rebaixamento quando ele substituiu o demitido Sean Dyche, mas agora eles estão 13 pontos à frente do rebaixamento e subiram acima do United na classificação.

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  • David MoyesGetty

    Lições não aprendidas

    Isso não significa reescrever a história: Moyes foi, sem dúvida, o homem errado na hora errada no United. As dificuldades atuais do time não mudam o fato de que ele pegou um elenco vencedor e o transformou em uma equipe comum, vulnerável a derrotas contra times como West Brom e Stoke City.

    O tempo mostrou que o United não aprendeu com os erros daquela fase. Em vez de corrigir falhas no mercado e lidar com jogadores pouco comprometidos, o clube tentou copiar modelos ultrapassados, apostando em técnicos consagrados como Van Gaal e Mourinho, cujos métodos já não funcionavam quando chegaram a Old Trafford.

  • Fellaini MoyesGetty

    Fracasso na janela de transferências

    A passagem de Moyes no United começou mal, com um fracasso na janela de transferências. Apesar de ser ligado a grandes nomes, o clube contratou apenas Marouane Fellaini no último dia por 27,5 milhões de libras (R$ 198,1 milhões) – pagando 4 milhões de libras a mais por esperar sua cláusula expirar. Antes disso, fez uma oferta conjunta de 28 milhões de libras (R$ 201,7 milhões) por Fellaini e Leighton Baines, prontamente recusada pelo Everton.

    Moyes queria Cesc Fàbregas e Gareth Bale, mas o primeiro ficou no Barcelona, e o segundo preferiu o Real Madrid, apesar da proposta maior do United. No desespero, o clube tentou, sem sucesso, Daniele De Rossi e Sami Khedira.

    O fiasco se completou na frustrada tentativa de contratar Ander Herrera, sem entender que o Athletic só venderia pelo pagamento imediato da cláusula de 36,2 milhões de euros (R$ 216,1 milhões). O episódio escancarou a inexperiência do United no mercado após as saídas de Ferguson e do CEO David Gill.

  • Ed Woodward Man Utd

    Falta de direção

    Diante de uma janela de transferências caótica, a solução óbvia seria contratar um diretor esportivo experiente. Mas o novo CEO do United, Ed Woodward, um contador sem experiência no futebol, seguiu comandando o mercado, mesmo após a saída de Moyes.

    Ele deu a Van Gaal um orçamento de 160 milhões de libras (R$ 1,1 bilhão), mas sem estratégia. O United contratou Falcão e Victor Valdés, ambos voltando de lesões graves, e gastou 60 milhões de libras (R$ 432,3 milhões) em Di María, que não queria estar lá e saiu após uma temporada decepcionante.

    No ano seguinte, veio Martial por 42 milhões de libras (R$ 302,6 milhões), Schneiderlin por 35 milhões de libras (R$ 252 milhões) e Schweinsteiger, já em declínio físico, com um alto salário. O padrão de erros continuou até 2021, quando o clube finalmente nomeou um diretor esportivo – mas, em vez de um especialista, promoveu John Murtough, que havia chegado com Moyes.

  • Jadon Sancho Marcus RashfordGetty

    O "poder dos jogadores" persistiu

    Murtough e Woodward cederam à nostalgia ao trazer Cristiano Ronaldo aos 36 anos, já longe do auge. Além disso, gastaram fortunas em Casemiro, Varane, Sancho, Antony, Mount e Hojlund, sem grandes sucessos. Murtough acabou demitido após a entrada de Sir Jim Ratcliffe, que prometeu reformular o setor de recrutamento, mas já dispensou Dan Ashworth apenas cinco meses depois. O clube segue sem diretor esportivo e sem rumo no mercado.

    A falta de gestão também ficou evidente no vestiário. Moyes foi a primeira vítima do "poder dos jogadores", algo que derrubou treinadores desde sua saída. Rio Ferdinand criticou suas escolhas, e vazamentos mostraram insatisfação de Van Persie com seus treinos. O problema persiste: o impasse de Sancho com Ten Hag prejudicou a última temporada, enquanto o comportamento de Rashford virou questão interna – até Amorim ser o primeiro técnico a enfrentá-lo.

  • David Moyes Man Utd 2014Getty

    Maior arrependimento

    Moyes teve mais de uma década para refletir sobre seu fracasso no United, algo que ainda o marca. "Se tenho um arrependimento na carreira, é ter assumido um dos maiores cargos do futebol e não ter feito funcionar", disse no podcast Up Front de Simon Jordan.

    Apesar da experiência traumática, ele se reergueu e segue como técnico da Premier League 11 anos após sua demissão. Mais recentemente empatou com United em Goodison Park, onde também dirigiu sua última partida pelos Red Devils, uma derrota por 3 a 0 antes da demissão. Ridicularizado na época, hoje é respeitado e será a figura ideal para os últimos dias do Everton no estádio.

    O United também deveria se arrepender. Não por tê-lo contratado – afinal, quem discordaria de Ferguson? –, mas por ignorar os sinais de alerta que sua gestão problemática expôs.