Como o Chelsea deve montar seu ataque? Início de Jadon Sancho aumenta dor de cabeça do técnico

A chegada de Sancho ao Chelsea levantou dúvidas sobre a estratégia de transferências do clube e se o ponta seria capaz de voltar ao nível que, há três anos, convenceu o Manchester United a desembolsar £73 milhões (R$ 531 milhões) por seu futebol.

É claro que ainda é cedo, mas o jogador respondeu a qualquer dúvida sobre sua habilidade e valor para os Blues em sua estreia contra o Bournemouth, levando sua nova equipe à vitória. Vindo do banco no intervalo, no lugar do ineficaz Pedro Neto, Sancho atormentou seu marcador durante todo o segundo tempo com bons dribles e ainda deu a assistência para Christopher Nkunku nos minutos finais. Diante do West Ham, no duelo seguinte, nova assistência e vitória para os Blues.

Será que Maresca pode ser o homem para tirar o melhor de Sancho na Premier League? O tempo dirá, mas este foi um começo promissor e bem diferente de suas atuações apagadas com a camisa do Manchester United.

"Tenho a sensação de que Jadon é um cara que precisa de amor, quando falei com ele antes de se juntar a nós", disse o treinador após a vitória sobre o Bournemouth. "Também sei que ele tem o desejo de mostrar o jogador que ele realmente é. Para mim, ele só precisa desfrutar do futebol. Esse é o motivo pelo qual ele joga, para ser feliz quando joga futebol. E, como ele é bom, quer fazer coisas boas."

Sancho, por sua vez, também parece determinado a deixar sua marca logo no início: "É incrível estrear pelo Chelsea e apenas estar de volta jogando", disse ele. "Sou muito grato. Trabalhei muito para este momento e estou feliz por ter tido minha chance."

Perguntado se esta era uma oportunidade para voltar a se divertir jogando futebol, acrescentou: "Sim, é isso. Tive um ótimo final de temporada passada, estando na final da Champions League (emprestado ao Borussia Dortmund), e disse a mim mesmo que queria começar esta temporada da melhor maneira possível."

Sancho, então, parece estar se consolidando como titular em meio às muitas opções ofensivas do Chelsea, mas essa está longe de ser a única decisão que Maresca precisa tomar nos estágios iniciais da nova temporada.

Nkunku – que teve que ser paciente com o treinador italiano, enquanto ele vai o reintegrando após uma temporada 2023/24 marcada por lesões – reivindicou seu lugar como titular em uma aparição ainda mais curta do que a de Sancho.

Embora tenha uma reputação como um segundo atacante dinâmico que contribui com muitos gols e assistências, Nkunku demonstrou seu potencial para ser o goleador decisivo que o Chelsea tem desesperadamente precisado, ao marcar o gol da vitória – criando uma oportunidade praticamente do nada.

Jackson também começou bem a temporada, com os dois gols na vitória sobre o West Ham lhe servindo como ótimo argumento. Ou seja: a disputa será árdua pela titularidade.

Atualmente, Cole Palmer e Noni Madueke são os outros titulares quase certos no quarteto ofensivo dos Blues, com o primeiro jogando como 10 e o segundo na ponta direita. Com base no que vimos até agora, Sancho e Pedro Neto provavelmente irão revezar-se na esquerda, enquanto Nkunku e Jackson podem alternar de centroavante.

Isso deixa uma grande interrogação sobre onde outro novo contratado, João Félix, que chegou com etiqueta de £46 milhões (R$334 milhões), se encaixará. O atacante foi substituto contra o Bournemouth e West Ham, mas não vem apresentando muita coisa.

Aos 24 anos e em um ponto crucial de uma carreira que saiu dos trilhos, parece improvável que Félix esteja disposto a se contentar com um papel de reserva sob o comando de Maresca, mas seu caminho para se tornar um titular parece mais complicado, a menos que ele consiga encontrar a consistência que lhe tem escapado até agora.

O meio-campista Enzo Fernández também estará sentindo a pressão. O argentino corre o risco de perder seu lugar no time se Palmer for utilizado como o meia mais avançado, com Moisés Caicedo e Romeo Lavia também gerando dor de cabeça por um lugar entre os 11 iniciais.

Muito também dependerá da ética de trabalho longe dos holofotes no dia do jogo. Maresca deve estar bem ciente de que está lidando com vários jovens atacantes, confiantes, com grandes egos, mas cujo potencial precisa ser extraído.

O treinador já tentou impor seu estilo, dizendo recentemente: "Ouça, temos o Jadon (Sancho), o João (Félix), esses tipos de jogadores. Antes de se juntarem ao clube, tive uma conversa com eles, e uma das minhas mensagens foi: 'se você vier para cá e não trabalhar direito, então não vai jogar'.

"Antes de chegarem, a mensagem para eles foi clara. Para o Jadon. Para o João. Mas (eu disse) o motivo pelo qual estou falando com vocês é porque realmente gosto de vocês. Se vocês vierem da maneira que queremos, estaremos felizes. Mas se vierem e não trabalharem duro, é melhor nem virem."

E o que dizer daqueles que já parecem estar fora da disputa por um lugar como titulares? A absurda variedade de opções ofensivas à disposição de Maresca significa que o caminho até a titularidade é longo se você já está em desvantagem desde o início, e dois jogadores, em particular, se encontram nessa posição.

Mykhailo Mudryk teve apenas 60 minutos de ação na Premier League até agora, com seu novo treinador sendo franco em suas críticas, que têm sido disfarçadas de encorajamento. No entanto, desde a chegada de Sancho, o ucraniano parece ter sido ainda mais relegado na hierarquia como opção para a ponta esquerda.

Enquanto isso, o ex-Barcelona Marc Guiu – que tem apenas 18 anos – não viu tempo de jogo desde sua estreia contra o Manchester City, na primeira rodada, com Jackson e Nkunku acima dele na hierarquia da posição.

Ao menos o Chelsea está na Conference League nesta temporada, retornando a competições europeias, então haverá oportunidade para ambos provarem seu valor. Mas, neste ponto, é difícil ver qualquer um deles conquistando uma vaga no time principal de Maresca. O técnico italiano já demonstrou estar disposto a deixar de lado jogadores indesejados, então Mudryk e Guiu podem estar jogando por suas carreiras no Chelsea nos próximos meses.

No final das contas, as escolhas de Maresca sempre devem se basear na forma. Embora o mercado de transferências do Chelsea nesta janela tenha sido excessivo, conseguiram montar um bom ataque com opções para competir em várias frentes.

Pode-se presumir que essa é uma jogada de longo prazo, com cada membro da linha de frente considerado de alto potencial e com menos de 25 anos. Se eles se desenvolverem juntos e os Blues retornarem à Champions League em um futuro não muito distante, estarão bem preparados – especialmente com a chegada de Estevão, que sairá do Palmeiras no próximo ano e fará parte do futuro em Stamford Bridge.

No curto prazo, parece que a configuração ofensiva de Maresca será variada, com essa impressionante abrangência permitindo-lhe mexer no time com base na forma e na qualidade do adversário – mas isso não torna o desafio de gerenciar tanto talento menos complicado.