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A briga do Tottenham é contra o rebaixamento: anos de erros no mercado da bola deixam os Spurs ameaçados pelo impensável

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Há pouco mais de cinco anos, o Tottenham Hotspur estava a 90 minutos de conquistar a Europa pela primeira vez. Mesmo com a derrota, havia esperança: o clube acabara de se mudar para um estádio bilionário, projetado para colocá-lo na mais alta elite do futebol.

Hoje, a realidade é outra. Os Spurs correm o risco real de jogar a Championship, a segunda divisão inglesa, na próxima temporada. A queda foi brusca e dolorosa, como uma sucessão de desastres inevitáveis.

Atualmente, o Tottenham é o 15º colocado na Premier League, o Campeonato Inglês, com apenas 24 pontos em 23 jogos – um desempenho muito abaixo do início promissor da temporada passada sob Ange Postecoglou. Entre os últimos colocados, só o Ipswich Town manteve o técnico, graças ao crédito que tinha de sucessivos acessos a divisões superiores.

Apesar de ter sua parcela de culpa, Postecoglou não é o principal responsável pela crise. Os problemas do Tottenham vão além do comando técnico e colocam em risco o futuro do clube.

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  • FBL-ENG-PR-EVERTON-TOTTENHAMAFP

    Falhas sucessivas

    O declínio do Tottenham começou antes mesmo da final da Champions League, com o clube ficando 18 meses sem contratar reforços. O técnico Mauricio Pochettino já alertava sobre a necessidade de renovar o elenco, mas seus pedidos foram ignorados. Ainda assim, ele levou o time à final continental, um feito impressionante.

    "Todos falam que o Tottenham tem uma casa incrível, mas falta mobília", disse Pochettino, referindo-se ao novo estádio. Daniel Levy, presidente do clube, justificou a ausência de contratações citando dificuldades no mercado e vendas frustradas de jogadores.

    Quando os reforços chegaram em 2019, já era tarde. Pochettino foi demitido, e José Mourinho assumiu, mas não conseguiu mudar o cenário e acabou demitido antes da final da Copa da Liga inglesa de 2021. Nuno Espírito Santo foi contratado, mas teve uma passagem curta e sem impacto.

    Antonio Conte foi o único técnico a levar o Tottenham ao top 4 desde a saída de Pochettino, aproveitando o melhor de Kane e Son. Porém, com poucos reforços de impacto e enfrentando crises internas, Conte deixou o clube após críticas públicas à diretoria e aos jogadores.

    Sob Pochettino, os Spurs foram presença constante no G-4. Desde então, os resultados caíram, e o clube segue sem conquistar um troféu desde 2008, com um futuro cada vez mais incerto.

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  • Tottenham bannerGetty Images

    Crédito desperdiçado por Levy

    Não dá para negar que Daniel Levy teve mérito ao reconstruir o Tottenham como um clube competitivo, especialmente após anos apagados nos anos 1990 e início dos anos 2000. No entanto, é notável como ele perdeu parte da base de torcedores desde o auge com a inauguração do novo estádio.

    Durante a pandemia, o desligamento de funcionários gerou uma reação negativa tão forte que o clube foi obrigado a voltar atrás. Depois, veio a polêmica participação na fracassada Superliga Europeia. Mais recentemente, o aumento nos preços dos ingressos, apesar da falta de títulos, gerou protestos, assim como a decisão de eliminar os valores reduzidos para algumas categorias. Torcedores frequentes sentem que estão sendo trocados por turistas nos jogos.

    Na derrota em casa por 2 a 1 contra o Leicester City no domingo (26), torcedores gritaram palavras de ordem contra Levy. Uma faixa na arquibancada sul, com a mensagem "hora de mudar", refletiu o clima de insatisfação. Levy sempre contou com sua reputação como gestor, mas muitos lembram que, antes de tudo, o Tottenham é um clube de futebol, e isso parece ter sido esquecido.

  • TSG 1899 Hoffenheim v Tottenham Hotspur - UEFA Europa League 2024/25 League Phase MD7Getty Images Sport

    O reinado condenado de Postecoglou

    Ange Postecoglou assumiu o comando do Tottenham após outros candidatos, como Arne Slot, recusarem a proposta. Para piorar, Harry Kane foi vendido ao Bayern de Munique no início da temporada, o que poderia justificar uma campanha mediana.

    Mesmo assim, Postecoglou levou o time ao quinto lugar, dois pontos atrás do Aston Villa na briga pela Champions League. O início foi promissor, mas ele recebeu apenas um reforço imediato, além de jovens promessas e a extensão do empréstimo de Timo Werner. A crise de lesões agravou a situação de um elenco já carente de renovação, e o técnico agora enfrenta grande pressão.

    Ao contrário de seus antecessores, que criticavam abertamente a diretoria, Postecoglou opta por um discurso mais conciliador, quase um apelo:

    "Os jogadores estão dando tudo porque não podemos cancelar jogos. Mesmo um reforço a curto prazo já nos ajudaria a enfrentar essas semanas difíceis."

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  • Everton FC v Tottenham Hotspur FC - Premier LeagueGetty Images Sport

    Problemas em campo

    No outono europeu, o Tottenham sofreu com a inconsistência. O time venceu os dois clubes de Manchester fora de casa por um placar agregado de 7 a 0, mas tinha dificuldades quando o jogo não era totalmente favorável. Das 13 derrotas na Premier League, 12 foram por um único gol, geralmente contra adversários que apenas se fechavam.

    Esses problemas seriam normais em uma equipe em formação, mas Postecoglou não teve o elenco completo. Um relatório do The Athletic apontou que o estilo intenso do treinador, tanto nos treinos quanto nos jogos, pode ter agravado a onda de lesões no time.

    O "Ange-ball", quando funciona, é empolgante e deu ao Tottenham uma identidade clara, tornando o time um dos mais atrativos da Europa. Mas o estilo exige precisão, e o Spurs não tem nem a qualidade nem a sorte necessárias. Vitórias apertadas e reviravoltas, comuns na temporada passada, desapareceram.

    A falta de profundidade no elenco sempre foi um problema no Tottenham, e agora isso ficou evidente. Postecoglou tem recorrido a escalações improvisadas, com jogadores atuando mesmo lesionados, o que pode prejudicar suas carreiras no futuro.

  • FBL-ENG-PR-TOTTENHAM-WOLVESAFP

    Um trabalho sem glamour

    Quando Postecoglou assumiu o Tottenham em junho de 2023, o clube estava em crise, com protestos e vaias até para um vídeo de melhores momentos da temporada. No entanto, os primeiros resultados e performances de Postecoglou ajudaram a acalmar o ambiente. Em setembro de 2023, Levy afirmou: "Temos nosso Tottenham de volta." Mas agora o clube está novamente enfrentando dificuldades, e o treinador demonstrou compreensão pelos torcedores.

    "Quando assumi, quis unificar o clube e criar um ambiente focado em um único objetivo. Não conseguimos. Os torcedores têm razão em estarem insatisfeitos. Precisamos deles, especialmente em casa, para criar uma atmosfera positiva. Não faz muito tempo, tivemos uma grande noite contra o Liverpool aqui, com todos unidos. Os jogadores estão dando tudo pelo clube, e isso precisa ser reconhecido."

    Normalmente, um técnico em dificuldades como Postecoglou seria demitido, mas a situação no Tottenham é diferente. As lesões e o fato de que o projeto estava no caminho certo antes das adversidades têm ajudado a mantê-lo no cargo. Além disso, tudo indica que ele ainda conta com o apoio do elenco.

    Outro fator importante é a dificuldade de atrair novos técnicos, especialmente no meio da temporada. Com o Tottenham caindo na tabela, a era do "Big Six" da Premier League está ameaçada, o que prejudica ainda mais o Spurs, que gasta menos que seus rivais.

    Embora Levy queira que o Tottenham seja visto como um clube de elite, as ações não acompanham esse desejo. Segundo o Swiss Ramble, o clube tem a menor relação entre salários e faturamento dos 20 clubes da Deloitte Money League - um ranking dos clubes a partir das receitas geradas nas operações de futebol - de 2025, com apenas 42%. Não se pode ser um superclube sem investir como tal.

  • Tottenham Hotspur FC v Chelsea FC - Premier LeagueGetty Images Sport

    O Tottenham pode realmente ser rebaixado?

    Após a derrota para o Leicester, as vaias foram seguidas de um silêncio assustador entre os torcedores restantes. Quando os apupos cessaram e a música tentou abafar a insatisfação, milhares de pessoas ficaram paradas, sem expressão.

    Os jogadores, exaustos, deram a volta olímpica e receberam aplausos, mas isso não impediu que a ameaça de rebaixamento se tornasse cada vez mais real.

    Nos últimos 10 jogos, o Tottenham conquistou apenas quatro pontos, superando apenas o Southampton, com um. Mesmo o Manchester United somou dez pontos nesse período. Contra os cinco times abaixo do Spurs, o time conquistou apenas sete pontos em sete partidas. Com a forma atual, é difícil imaginar contra quem o Tottenham venceria.

    A agenda do Spurs segue apertada, com um jogo decisivo contra o Elfsborg pela Europa League, onde a vitória é quase obrigatória. Depois, enfrentam o Brentford, e jogos contra Liverpool, Aston Villa, e pela Premier League contra Manchester United, Ipswich, Manchester City e Bournemouth. Quantos desses jogos o Tottenham realmente pode ganhar?

    Apesar disso, há boas notícias: Cristian Romero, Micky van de Ven, Destiny Udogie e Guglielmo Vicario estão perto de voltar, e o time ainda está oito pontos acima da zona de rebaixamento. Contudo, a simples situação do clube em fevereiro já é um grande motivo de preocupação, mesmo que evitem o descenso.

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